GOVERNO TEMER – Documento “Travessia Social” fala em bônus por mérito para professores e reforço à Lava-Jato
Michel Temer tem agido com cautela e tem sido bem-sucedido em desarmar as bombas que o PT vai largando pelo caminho. A Fundação Ulysses Guimarães preparou um documento intitulado “Travessia Social”, composto de seis capítulos, que tratam basicamente, como diz o título, da manutenção e aperfeiçoamento dos programas sociais e da melhoria dos ministérios que têm influência direta no bem-estar da população, como o da Educação, por exemplo.
Nessa área, o documento propõe o pagamento de bônus para professores que melhorarem sua qualificação profissional e o desempenho dos alunos. Um documento voltado para essa área reserva, no entanto, um capítulo só para o combate à corrupção. Chama-se “A Regeneração do Estado”
O texto se compromete de modo explícito com a intocabilidade da Operação Lava-Jato, indo ao encontro das aspirações de muitos procuradores e policiais federais. Lá está escrito: “Apoiar a continuidade das ações da Operação Lava Jato e outras investigações sobre crimes contra o Estado é apenas o começo. É preciso mais”.
E documento lista medidas com as quais Temer se compromete:
– reforçar o papel institucional da Controladoria-Geral da União;
– assegurar recursos para a Polícia Federal e para a Receita Federal;
– reformar as regras da contratação de fornecedores estatais, priorizando a razoabilidade de preço e a transparência;
– nova legislação sobre o combate à corrupção.
É evidente que, em condições normais, um futuro presidente da República nem precisaria se comprometer com a continuidade da Lava Jato. Até porque inexistem caminhos hoje para alguma interferência indevida.
Mas não vivemos dias normais. O PT, um inimigo declarado da operação, saiu espalhando por aí que um dos objetivos de Temer e do PMDB é pôr freios na dita-cuja. Até parece que os petistas são seus fãs entusiasmados.
De volta à educação
O documento “Travessia Social” defende uma presença maior do governo federal no ensino básico. Não creio que seja essa matéria que vá levar as esquerdas para as ruas, não é mesmo?
Já o bônus por mérito costuma enfurecer a esquerdalha que aparelha os sindicatos dos professores. Se você quer deixar um esquerdista nervoso, fale de mérito e qualidade. Que o governo leve adiante o seu intento. A esmagadora maioria dos professores — e dos estudantes — é certamente a favor.
Ah, mas que surpresa! Esquerdalha é contra bônus por mérito para professores!
Alguém está surpreso? Cantei a bola aqui nesta manhã. A Folha foi ouvir sindicalistas e alguns “especialistas” em educação — que costumam achar, em suas pesquisas, aquilo que já haviam encontrado em seus preconceitos — sobre a proposta de pagar bônus por mérito a professores.
O documento “Travessia Social”, proposta pela Fundação Ulysses Guimarães para a gestão Temer, traz essa proposta.
Os companheiros petistas — e esquerdistas genéricos afins — são contra, claro!
Esquerdistas não reconhecem “mérito”, só luta. Sabem como é… Eles querem uma grande revolução no ensino — que não sabem qual é —, e, enquanto isso não acontece, inviabilizam qualquer reforma.
Para a casta sindical, o importante é manter o professor mobilizado e ganhando pouco. É a penúria da categoria que garante o poder dos valentes.
Bandoleiros primitivos (REINALDO AZEVEDO)
O PT merece ser banido da política não só em razão dos seus crimes, mas também de sua determinação de não reconhecer a ordem que o instituiu. Há algum tempo, escrevi nesta coluna que é a democracia que legitima o PT; não é o PT que legitima a democracia, como parecem crer os companheiros. Seus protagonistas são uns farsantes; seus intelectuais, uns trapaceiros da teoria. E é fácil demonstrar.
Observem como os petistas e seus ditos pensadores fazem questão de ignorar os crimes cometidos pelo partido –inclusive o de responsabilidade, que traz as digitais de Dilma Rousseff– para tratar, em vez disso, de uma suposta luta que estaria sendo travada entre "conservadores e progressistas", "entre direitistas e esquerdistas"; "entre coxinhas e mortadelas".
De súbito, as forças, então, que perderam quatro eleições seguidas para o PT –fartamente financiado, por dentro e por fora, pela melhor e pela pior elite econômica– teriam adquirido uma inteligência superior, que oscila do maquiavélico ao macabro, e passa todas as horas do dia a conspirar para desfechar o tal "golpe".
Com que propósito? Bem, segundo, inclusive, alguns colunistas desta Folha, o objetivo seria marginalizar os pobres, os oprimidos, os deserdados. Por alguma razão que ainda não conseguiram explicar –e estou doido para debater com um deles na TV Folha–, os marginalizados seriam representados pelo partido que protagonizou o mensalão, o "aloprados 1 e 2" e o petrolão.
Queria revisitar com eles as correntes do marxismo para saber em que momento o crime comum, a safadeza e a roubalheira são capítulos da luta de classes, a defunta senhora. Stalin era um assassino em massa; ladrão não era. Quem chegou mais perto de teorizar a respeito foi Eric Hobsbawm em "Rebeldes Primitivos" –que, por óbvio, não eram financiados por empreiteiras nem se acoitavam nas dobras do Estado– esses são os bandoleiros primitivos de agora.
Leio o que escrevem um tanto constrangido. Como é que não se envergonham? Faça você mesmo, leitor: digite na área de busca do Google, sem aspas e sem vírgulas, as palavras "artistas, intelectuais, divulgam, manifesto, pró-Dilma". Os motivos para defender o voto na petista em 2014 são rigorosamente os mesmos esgrimidos agora contra o impeachment. É sempre Chapeuzinho Vermelho contra o Lobo Mau. O PT já havia recorrido a esse expediente em 2010 e 2006.
Tanto nos confrontos eleitorais como na batalha do impeachment, a vitória do adversário significaria não um contratempo, mas um retrocesso, uma derrota das forças do progresso e do desenvolvimento social, uma marcha involutiva da história. Os que hoje deslegitimam a posse constitucional de Michel Temer não hesitaram em deslegitimar as próprias urnas. Não é que tenham aceitado o resultado; eles aceitaram a vitória.
João Pedro Stédile e Guilherme Boulos, só para encerrar o texto com caricaturas emblemáticas, prometiam não deixar Aécio Neves em paz caso o tucano vencesse a eleição de 2014. Agora, prometem infernizar a vida de Temer.
Os petistas não aceitam mesmo é a democracia e o Estado de Direito, que, por sua vez, continuarão a abrigar o PT porque é de sua natureza –até o limite, claro!, em que o partido não busque solapá-los. E se isso acontecer? Ora, recorreremos aos instrumentos que o regime oferece para combater a subversão da ordem democrática.
O PT vai ter de aprender a respeitar a lei, que também tem marra.
MP faz nova denúncia contra João Santana, Odebrecht e mais 15 na Lava Jato
Na VEJA.com:
A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou nesta quinta-feira duas novas denúncias contra 17 acusados de participação no esquema de corrupção montado na Petrobras. A primeira se refere à 23ª fase da Operação, a Acarajé, e a segunda, à 26ª etapa, a Xepa. Entre os denunciados, está o ex-marqueteiro do PT João Santana e a sua mulher, Mônica Moura. Também são acusados formalmente o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Eles são acusados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram que João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, recebeu dinheiro do petrolão da parte que era destinada ao caixa do PT. Segundo as apurações, o marqueteiro recebeu 3 milhões de dólares de offshores ligadas à Odebrecht e 4,5 milhões de dólares do lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, Zwi Skornicki. Em relação à Monica Moura, foi ela quem deu as coordenadas para o depósito dos recursos em duas contas no exterior.
A denúncia contra Odebrecht – a terceira contra ele na Lava Jato – se refere aos indícios de que a empreiteira mantinha, sob a sua coordenação, um departamento específico para cuidar do pagamento de comissões por contratos públicos. Segundo a procuradora Laura Tessler, o chamado “Setor de Operações Estruturadas”, que dispunha de funcionários e de um sistema informacional próprio, era uma verdadeira “indústria de propinas”. “O que esse setor fez foi montar uma organização maior, com requinte profissional, de aprimorar os meios de ocultação de pagamento de propina e lavagem de dinheiro”, disse a procuradora.
Confira a lista de denunciados:
Denúncia 1:
1) Zwi Skornicki
2) Pedro José Barusco Filho
3) Renato de Souza Duque
4) Monica Regina Cunha Moura
5) Joao Cerqueira de Santana Filho
6) João Vaccari Neto
7) José Carlos de Medeiros Ferraz
8) Eduardo Costa Vaz Musa
Denúncia 2:
1) Marcelo Bahia Odebrecht
2) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
3) Luiz Eduardo da Rocha Soares
4) Fernando Migliaccio da Silva
5) Maria Lucia Guimarães Tavares
6) Angela Palmeira Ferreira
7) Isaias Ubiraci Chaves Santos
8) Monica Regina Cunha Moura
9) João Cerqueira de Santana Filho
10) João Vaccari Neto
11) Olívio Rodrigues Junior
12) Marcelo Rodrigues
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