Desconstruindo a carta de Lula. O falso segue as leis; o de verdade manda tomar no c…

Publicado em 18/03/2016 06:54
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de “golpe” um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?
 

Divulgou-se na noite desta quinta uma “carta aberta” assinada por Lula em que, com medo de ser preso, ele expressa o seu respeito às instituições e, em particular, ao Poder Judiciário, diz-se vítima de injustiça, resume o seu perfil de democrata inatacável e, como de hábito, lembra a sua origem pobre como mais uma evidência de seu exclusivismo moral. Lixo.

Ao redator, dou os parabéns. Quem terá sido? Certamente o exército de advogados opinou, mas alguém conferiu unidade de estilo. Acho que a revisão é de Luiz Dulci. É muito malformado, mas é bem informado. Até já leu bons poetas — o que, como se vê, também não salva ninguém.

Lula diz que sua intimidade foi violada. Depende do que pretende afirmar com isso. De fato, isso aconteceu porque o sigilo telefônico estava quebrado. Mas ilegal, sabem seus advogados, o procedimento não foi porque havia autorização judicial.

Já escrevi no blog e reitero: a reserva quanto ao que veio a público está relacionada àquela parte das gravações feitas depois da suspensão da quebra de sigilo. O resto, os defensores de Lula sabem bem, está dentro das normas. De toda sorte, certamente essa parcela não coberta pelo intervalo da quebra não será usada como prova em juízo.

Sergio Moro pode suspender o sigilo de uma investigação? Pode. Está na sua competência? Sim. Tem autoridade para tornar público o que está nos autos? Tem. Depende da relevância do que lá vai.

Se Lula conversa com a presidente da República e se esta lhe envia um termo de posse para que ele use “apenas se necessário”, a questão, lamento, não é privada, mas pública. Se o ex-presidente diz a um prefeito que só ele próprio tem condições de pôr a Polícia Federal e o Ministério Público Federal no seu devido lugar, também essa não é matéria individual, mas que diz respeito à coletividade. Afinal, ele foi nomeado ministro, não?

Se Lula, feito o condestável da República, pede a um advogado amigo seu que pressione Rodrigo Janot, procurador-geral, a investigar Aécio Neves e se deixa claro que esse procurador lhe deve a eleição — ou teria chegado em terceiro lugar —, também isso não é matéria privada. Se, num bate-papo com Jaques Wagner, logo depois de falar com a própria presidente, sugere que se façam gestões junto a ministros do Supremo para ver atendidos a seus pleitos, isso nos diz a todos respeito.

Os leitores sabem que sempre digo tudo o que penso. Há conversas que vieram a público que, de fato, não têm o menor interesse. O que Eduardo Paes pensa da forma física de Dilma ou o juízo de valor que faz do trabalho de Pezão, convenham, são irrelevantes para o Brasil e a Lava Jato. Podem adensar o anedotário político e pronto. Não vai além disso. A divulgação de tal trecho era, a meu ver, desnecessária.

O Lula da carta, redigida por advogados com receio de que seu cliente seja acusado de obstrução da Justiça — e me parece que tal acusação é procedente —, pinta um homem absolutamente conformado com os pressupostos do Estado de Direito.

Infelizmente, o Lula que conversa com Sigmaringa Seixas diz, com todas as letras, que está com o saco cheio de formalidades e cobra do amigo uma interferência informal junto a Janot.

Acho justo que Lula reclame dos vazamentos. Ocorre que ele o faz hoje; lembro que, quando estava na Presidência e tal procedimento atingia adversários seus, ele mandou brasa: quem não quisesse a Polícia Federal na sua porta, que andasse direitinho…

É evidente que vazamentos têm de ser coibidos — e não cabe à imprensa ser dona do sigilo. Mas não é menos evidente que eles não determinam a qualidade ou a verdade da informação que se divulga. Nota à margem: as gravações não são vazamentos.

Será mesmo?
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de “golpe” um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?

Esse Lula supostamente pacífico e respeitador das instituições estará na Paulista, nesta sexta, comandando uma súcia que tem a ousadia de chamar de golpista um processo legal e legítimo. E é ele que vem falar em nome do respeito às leis?

Esse mesmo Lula que faz ares de ofendido permitiu que o partido, que segue o seu comando, e o próprio governo, que agora está sob os seus cuidados, lhe preparassem uma cerimônia de posse em que a imprensa foi hostilizada de maneira vergonhosa. Os brucutus que se manifestavam num espaço que pertence, por excelência, à institucionalidade se opunham, isto sim, é à liberdade de informação.

Não venha agora se dizer um extremoso defensor das leis quem expressa a convicção, em conversa com a própria presidente da República — e com a anuência desta — de que os tribunais estão acovardados e de que algo precisa ser feito.

Não venha agora se dizer um subordinado do Estado de Direito aquele que se declara em guerra, comparando-se ao general comunista vietnamita Vo Nguyen Giap e que, apelando a uma linguagem incrivelmente chula, industria o ataque de mulheres de seu partido a um procurador que o investiga. E o faz apelando a questões que dizem respeito à vida pessoal do outro.

O Lula dessa carta aberta não passa de uma tentativa fraudulenta de responder à fala muito dura de Celso de Mello, decano do Supremo, que se posicionou em nome do tribunal, lembrando que ninguém, nem o Sumo Pontífice do Petismo, está acima da lei.

Esse Lula caroável e servil às leis é uma farsa. O Lula de verdade manda tomar no c… qualquer um que decida enfrentá-lo, ainda que segundo os mais estritos limites legais. O Lula de verdade anunciou que comparece nesta sexta a um ato que vai chamar de “golpe” o cumprimento da lei e da Constituição. O falso Lula da carta está com medo que o verdadeiro Lula das gravações vá para a cadeia.

 

As tarefas do presidente Temer, por REINALDO AZEVEDO (na FOLHA)

O presidente Michel Temer tem uma difícil tarefa pela frente. Não é a primeira vez que um vice assume em razão do impedimento do titular. Em 1992, a queda de Collor e a ascensão ao poder de Itamar Franco fizeram um bem imenso ao Brasil. Sem esse evento fundador, não teria existido o Plano Real. E nada além da irrelevância nos espreitaria hoje.

Notem: Michel Temer deu início a seu mandato com uma força política individual muito maior do que dispunha Itamar, que nem partido tinha quando ascendeu à Presidência. O PRN, ao qual havia aderido, se esfacelara durante o chamado "collorgate". Essa força de Temer, no entanto, também é uma vulnerabilidade. O PMDB é uma máquina de muitas demandas e, vá lá, com uma ideologia que tem bem mais do que 50 tons de cinza.

E, como está claro pra todo mundo, o presidente precisa responder a outras expectativas, oriundas dos partidos de oposição –moral e politicamente obrigados a dar sustentação ao governo– e a legendas que se mantêm na situação: estavam com a ex-presidente Dilma, estão com o presidente Temer. A realidade política brasileira não muda do dia para a noite.

É certo que um primeiro passo foi dado e já começa a surtir efeito. O casamento da crise política com a crise econômica havia gerado um terceiro estado da matéria da instabilidade, que é a crise de confiança. Ninguém sabia o que queria ou pensava a presidente deposta. Não estamos vivendo dias de euforia com a posse de Temer, e nem é o caso, mas cresceu bastante o otimismo dos agentes econômicos.

Uma nota à margem: não será, porque nunca foi, tarefa trivial lidar com os aparelhos do PT que, como se percebe, passaram a falar a linguagem dos milicianos. Alguns dos esbirros do partido, como MST e MTST, passaram a pregar a "ruptura" com o regime –até onde entendo, com o regime democrático. Para eles, acabou a fase do "protesto a favor". Bem, meu caros, dizer o quê? Problemas sociais são da conta do governo; banditismo deve ser enfrentado pelas forças de segurança.

Nós, os decentes, não achamos que, "em política, tudo pode", à diferença do ex-ministro Aloizio Mercadante –que, junto com Lula e Dilma, pode vir a ser preso por obstrução da Justiça. Tal norte moral não serve nem aos propósitos do PCC. Marcola certamente diria ao petista que é preciso ter um pouco de ética na sacanagem.

O presidente Temer tem uma bússola. Ela atende pelo nome de "Ponte para o Futuro", um documento com diretrizes gerais para um programa de governo que, se aplicado, tornará o Brasil um país contemporâneo do século 21.

O texto tem uma clara inflexão liberal e aposta mais na sociedade do que no Estado. Nos pouco menos de três anos que lhe restam de mandato, Temer não conseguirá realizar o futuro, mas pode usar essa nova maioria que o apoia no Congresso para fazer a ponte.

Finalmente, tão importante quanto se articular no Congresso é manter o diálogo com os movimentos organizados da sociedade civil, como MBL e Vem Pra Rua, que são os principais artífices do impeachment de Dilma.

A política institucional, como se sabe, aderiu à causa mais tarde. E não pensem que acho isso ruim. Ao contrário! Essa é uma das boas novidades desses tempos. E o presidente tem de saber que esses novos atores aceitam interlocução, mas nunca a subordinação.

 

Que os manifestantes anti-Dilma deixem a Paulista nesta sexta para que Dilma nos deixe pra sempre

Manifestantes em favor do impeachment de Dilma Rousseff ocupam desde quarta um trecho da Avenida Paulista. Notem: à diferença do que fizeram os petistas alguns dias antes do protesto do dia 13 (e depois recuaram), não tomaram essa decisão para confrontar o adversário. Ainda assim, é preciso ter bom senso, juízo, o que não tem faltado a movimentos como o Brasil Livre e o Vem Pra Rua.

Ainda que a atual ocupação da Paulista tenha sido causada pelo absurdo conteúdo das gravações que vieram a público na noite de quarta; ainda que a intenção original não tenha sido enfrentar os petistas, o fato é que, desde o dia 12 pelo menos, uma manifestação em favor do governo está marcada na Paulista para esta sexta. E é claro que a prudência, o bom senso e a segurança recomendam que os que agora ocupam a Paulista em defesa do impeachment deixem o local. Ou o confronto será inevitável.

Pior: na sua irresponsabilidade sem limites, Lula confirmou presença na Paulista na sexta. Ainda escreverei mais a respeito. Ainda que o “povo” em favor de Dilma e Lula seja falso como nota de R$ 3, é evidente que a máquina lulo-petista é capaz de mobilizar alguns milhares de apaniguados.

O Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua fizeram a coisa certa: ESTÃO RECOMENDANDO A SEUS MILITANTES QUE FIQUEM DISTANTES DA PAULISTA NESTA SEXTA-FEIRA.

É evidente que é a coisa certa a fazer. É o que nos ensina a história. O país assistiu no domingo à maior manifestação pública de todos os tempos. Como as esquerdas ficaram longe das ruas, a não ser por um grupelho ou outro de caráter quase folclórico, não se registrou Brasil afora nenhum incidente.

A quem interessa o confronto? Aos que defendem o impeachment? Aos que defendem a legalidade? Aos que defendem a aplicação da Constituição? A resposta me parece óbvia. Aliás, defender, a esta altura, um choque de rua fica com cheiro de coisa de agente provocador. É preciso, isto sim, evitar a todo custo essa possibilidade.

É certo que, no confronto indivíduo a indivíduo, os defensores do impeachment formariam uma maioria esmagadora. É evidente que os que sairão nesta sexta em defesa do governo estão também se manifestando em favor do golpe que o PT aplicou e que transformou Dilma numa fantoche. Não é menos evidente que a razão moral e a razão prática contam em favor dos defensores do impedimento.

Por isso mesmo, cumpre não transformar esse patrimônio, que sairá vitorioso, numa guerra campal, que só interessa ao PT. Interessa ao governo, ao partido e às esquerdas em geral instaurar um clima de quase insurreição.

Espero que os demais movimentos que apoiam os protestos de rua atuem do mesmo modo. Sim, chega a ser comovente assistir às múltiplas manifestações de apoio à ocupação da Paulista que partem dos moradores da região, dos que por ali trabalham, dos motoristas.

Atenção: os que agora ocupam a Paulista devem abandoná-la nesta sexta não porque não tenham razão, mas porque é o mais prudente. Ter razão não é sinônimo de ter método. Quem está certo tem de ouvir a voz de duas senhoras muito sábias: a Tática e a Estratégia.

Nunca bastou estar certo para ganhar uma disputa política. A história registra inúmeros episódios em que o errado venceu.

Que os manifestantes anti-Dilma deixem a Paulista nesta sexta. É a melhor escolha para que Dilma nos deixe para sempre!

 

Moro rebate Dilma: Nem presidente tem “privilégio absoluto” de sigilo

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Um dia depois da revelação de que a presidente Dilma Rousseff atuou para blindar o aliado político e antecessor Luiz Inácio Lula da Silva no ministério da Casa Civil, o juiz federal Sergio Moro, alvo implacável de ataques durante a cerimônia de posse do petista, disse nesta quinta-feira que não há irregularidades no fato de a mandatária do país ter sido flagrada fortuitamente em um grampo telefônico. Dilma não é investigada oficialmente na Operação Lava Jato, mas seu antecessor – este sim alvo de escutas telefônicas – é objeto de apurações por suspeitas de ter recebido favores e benesses de empreiteiras investigadas no maior escândalo de corrupção do país.

“A circunstância do diálogo ter por interlocutor autoridade com foro privilegiado não altera o quadro, pois o interceptado era o investigado e não a autoridade, sendo a comunicação interceptada fortuitamente”, explicou Moro. “Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente”, rebateu ele.

Em novo despacho, o juiz ainda atestou a legalidade do monitoramento da conversa em que a presidente Dilma Rousseff afirma a Lula que ele deve assinar o termo de posse na casa Civil “em caso de necessidade”. O veredicto do juiz foi considerado necessário depois de indicativos de que haveria um lapso temporal entre a decisão de interromper os grampos e a implementação da ordem junto às operadoras de telefonia. “Como havia justa causa e autorização legal para a interceptação, não vislumbro maiores problemas no ocorrido”, resumiu. “Não é ainda o caso de exclusão do diálogo considerando o seu conteúdo relevante no contexto das investigações”, disse Sergio Moro.

Moro havia determinado às 12h18 desta quarta-feira a suspensão dos grampos instalados para monitorar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e interlocutores do petista. A conversa antirrepublicana entre Lula e Dilma, em que a presidente fala que o termo de posse só deve ser utilizado “em caso de necessidade”, ocorreu às 13h32 por meio do celular de Valmir, registrado na operadora Claro. Neste horário, Sergio Moro já havia determinado que os grampos fossem suspensos. Um analista da Polícia Federal encaminhou email para o departamento jurídico da Claro às 12h46 para cumprimento imediato da decisão do juiz.

Em despacho desta quarta-feira, o juiz já havia afirmado que autoridades com foro privilegiado, como a presidente Dilma Rousseff, não foram grampeados, e seus diálogos foram “colhidos fortuitamente”. “Como tenho decidido em todos os casos semelhantes da assim denominada Operação Lava Jato, tratando o processo de apuração de possíveis crimes contra a Administração Pública, o interesse público e a previsão constitucional de publicidade dos processos impedem a imposição da continuidade de sigilo sobre autos”, disse o magistrado. “O levantamento propiciará assim não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável escrutínio público sobre a atuação da Administração Pública e da própria Justiça criminal. A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras”, completou o juiz.

A Polícia Federal considera que seu papel nas investigações é apresentar à justiça todas as informações colhidas, cabendo à justiça a decisão sobre a utilização das informações. Em nota, a corporação disse que “a interrupção de interceptações telefônicas é realizada pelas próprias empresas de telefonia móvel” e informou que “até o cumprimento da decisão judicial pela companhia telefônica, foram interceptadas algumas ligações”.

 

 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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1 comentário

  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    As conversas gravadas dos telefones grampeados de Lula mostram o total desprezo que esse cidadão tem pelas nossas instituições democráticas. A prepotência que ele demonstra nos diálogos deixa claro que ele se põe acima da lei e da moral, atitude que é, nas palavras do ministro Celso de Mello, típica de mentes autocráticas e arrogantes.

    Os diálogos mostram o Lula de verdade e não o Lula paz e amor, cuja imagem foi construída pelos marqueteiros, com a conivência da mídia. Caiu a máscara e muitos descobriram o que já sabíamos, Lula é feio por fora...e por dentro também.

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    • Salete Levandowski São Mateus do Sul - PR

      olha tem a lamentar ainda bem que não votei..nunca neste senhor sempre tive essa imagem rui dele.!!!!! não fez nada que preste..huihui basta entender um pouco de politica pra saber as merda que seu LULA fez..vergonha..etc...

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    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Sr. Carlos o sr. esta Correto nas afirmações, o duro é ter que aguentar a tropa de choque do PT para tentar convencer os seus aliados de que todos nós do Bem que não concordamos com isto que se tem mostrado é que somos ignorantes e não sabemos de nada. Hoje nas manifestações do PT não se vê nenhuma Bandeira do Brasil e sim a Bandeira Vermelha está cor de sangue que invade , Rouba etc . é que não produz nada e sim destrói .

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