VEJA muda capa desta semana e informa: "Sensacionalistas são os fatos"..., que são a cara do Brasil

Publicado em 18/07/2015 04:05
por Augusto Nunes( e + blogs de veja.com)

Sensacionalistas são os fatos, informa a capa de VEJA que é a cara do Brasil

capa380Surpreendidos pela inventividade da capa desta semana, os milicianos que a cada sete dias juram de morte a revista sem a qual não sabem viver dormirão sonhando que VEJA finalmente escancarou a opção pelo sensacionalismo jornalístico. A profusão de cores, o gigantismo das letras, o ponto de exclamação no papel de borduna do idioma, o tom estridente ─ são deliberadamente escancaradas certas  semelhanças com tabloides ingleses especializados na difusão de notícias escandalosas. Cretinos fundamentais não têm cura. Nem vale a pena sugerir-lhes que leiam a constatação resumido no círculo azul que enfeita a testa de Eduardo Cunha.

A capa recorreu a elementos do jornalismo sensacionalista para sublinhar a verdade perturbadora: sensacionalistas são os fatos. Sensacionalista é a crise institucional sem precedentes, ou a dinheirama inverossímil movimentada pelos gatunos da Petrobras. Sensacionalista é a conjugação dos quatro assombros que se aglomeram em poucos centímetros de papel. No canto superior esquerdo, por exemplo, um ex-presidente abalroado por um modestíssimo Fiat Elba reaparece na cena do crime tripulando carrões de matar de inveja a lista inteira dos bilionários da Forbes. O quarentão que subiu a rampa do Planalto fingindo caçar marajás é agora o quase setentão que pode deixar o Senado na traseira de um camburão.

Na área central, o presidente da Câmara dos Deputados acossado por desdobramentos da Operação Lava Jato procura sair das cordas desferindo socos e pontapés na Polícia Federal, no governo e em quem mais aparecer pela proa. “Tem um bando de aloprados no Planalto”, acusa o acusado (em maiúsculas). Não só no Planalto, convém ressalvar. Nem custa lembrar que há muita lógica por trás dessa loucura aparente. Foi por se julgarem condenados à perpétua impunidade que os aloprados ignoraram os limites do atrevimento.

As coisas estão mudando porque foram longe demais, atestam os destaques que dividem o rodapé. No lado esquerdo, o convite para uma incursão pela doce vida de figurões do Brasil lulopetista é ilustrado por fetiches especialmente apreciados pelos novos ricaços. O lado direito registra o desembarque de Lula no mundo real. Nos últimos 12 anos, o ex-presidente que só pensa nos pobres (mas é muito mais generoso com milionários amigos) agiu como se fosse tão inimputável quanto um bebê de colo ou um napoleão-de-hospício. A fantasia foi rasgada por um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal.

Em países normais, um espanto de tais proporções ocorre a cada dez anos. Nos trêfegos trópicos, uma só semana produziu quatro enormidades que, conjugadas, compõem o retrato sem retoques do país neste inverno de 2015. A capa de VEJA tem cara de ficção. Lastimavelmente, é a cara do Brasil.

E ainda tem um Rolls-Royce….

Rolls Royce

Esse escapou porque fica na casa de Collor em São Paulo

Fernando Collor teve sorte. Os agentes da Polícia Federal apreenderam na Casa da Dinda as já célebres Ferrari, a Lamborghini e o Porsche, mas não teve a curiosidade de dar uma passada em sua casa paulistana, no Jardim Europa.

Se fosse até lá, poderia dar de cara com o símbolo máximo dos automóveis de luxo, o Rolls-Royce 2006 aí de cima – um fausto para poucos: a montadora britânica fabrica apenas doze desses por ano.

O carrão, assim como a Ferrari e a Lamborghini, está em nome da Água Branca Participações, empresa na qual ele e a mulher, Caroline Serejo, são sócios.

O Rolls-Royce modelo Phantom é essa beleza que se vê, mas não é lá muito econômico: faz seis quilômetros com um litro de gasolina – mas quem há de se importar com miudezas, não é mesmo?

Ainda assim, Collor está devendo 33 000 reais de IPVA.

A propósito, este não é o único carro que o senador possui em São Paulo.

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Collor deve 33 000 reais de IPVA do Rolls-Royce

Tempos de revolta

Planalto: foco no pacote anticorrupção

Planalto precavido

Os responsáveis pela segurança de Dilma Rousseff têm deixado de prontidão, escondido atrás do Palácio do Planalto, pronto para entrar em ação, um desses veículos da tropa de choque do Exército, equipado com armas de combate a distúrbios civis, como canhões de água e outros instrumentos.

Em tempos de revolta de Eduardo Cunha, pode ser que se faça necessário.

Infernos, por Igor Gielow (colunista da FOLHA)

BRASÍLIA - Brasília vive a progressiva inserção no quadro que representa o inferno no esplêndido tríptico "O Jardim das Delícias Terrenas", de Bosch. Tudo está escuro e pesado, matizado apenas por lampejos oriundos do lume de regiões inferiores.

É nessas nesgas de luz trevosa que se encontram as pistas do que espera o mundo político. O rompimento de Eduardo Cunha com o governo, de fato, já que de direito o é desde sempre, abre para o Planalto um portal infernal imprevisível.

Até aqui, Cunha manobrava entre estocadas e concessões ao governo, em oposição ao comportamento agressivo do seu companheiro na chefia do Senado, Renan Calheiros. Agora, Dilma tem dois dos três próceres do PMDB contra si; o terceiro, seu vice Michel Temer, está constitucionalmente ao seu lado, por ora.

Note-se que não trato aqui de culpas. Politicamente, Cunha sofreu um baque com a acusação de propina na Lava Jato, que o colocou na defensiva. Até agora, está falando virtualmente sozinho, mas não contem com isso de forma indeterminada.

Fosse outro governo, cairia com relativa facilidade –lembrem de Severino Cavalcanti e seu "mensalinho", Renan e seus rolos anteriores.

Mas falamos de Cunha, cuja sagacidade garantirá tom épico a qualquer embate. E, principalmente, da gestão natimorta de Dilma 2, que se arrasta tal e qual zumbi de cinema.

Soa prematura a comemoração palaciana das agruras do deputado, como se um ano e meio de infortúnios sobre PT e governo, fora TCU, TSE e Lula sob inédita investigação, fossem apagados do nada. Cunha ainda tem muito capital político para queimar, ao contrário de Dilma.

O enredo é complexo, e tem na Procuradoria-Geral da República ator central para determinar a velocidade da crise daqui em diante.

Institucionalmente, claro, é tudo uma tragédia sem fim e de uma opacidade desalentadora. O cenário não inspira esperança para o país.

 

Para Aécio, ruptura de Cunha com o governo agrava quadro político do país (+ na Folha deste sábado)

 

Um dia após o rompimento de Eduardo Cunha(PMDB-RJ) com o governo da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que o PSDB acompanha "com preocupação" o agravamento do quadro político no país e defende as investigações de todas as denúncias de corrupção.

Em declaração evasiva, sem citar o nome do peemedebista, Aécio diz ainda que o partido continuará atento ao papel de "defender as nossas instituições para que elas cumpram suas funções constitucionais".

Folha procurou o senador nesta sexta-feira (17) para repercutir a declaração de Cunha de que agora fará oposição ao governo, mas só obteve uma resposta na manhã deste sábado.

Desde que assumiu a presidência da Câmara, em fevereiro, Cunha contou com o apoio de siglas da oposição após derrotar o PT na disputa pelo comando da Casa.

O peemedebista acusa os petistas de incentivar as investigações sobre as suspeitas de que foi beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato.

Mesmo com o rompimento com o governo e a declaração de que fará oposição, Cunha não recebeu apoio do próprio partido e aliados temem que ele fique isolado - apenas com seu grupo mais fiel - na trincheira que abriu contra o governo Dilma.

O PMDB veio a público dizer que continuará apoiando o governo. Principal aliado dos petistas no Congresso, o partido afirmou por meio de nota que a escolha do deputado é "a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB".

Os partidos da oposição também não saíram em defesa de Cunha e apenas classificaram como grave o anúncio do rompimento por aprofundar uma crise institucional no país.

Apenas o Solidariedade declarou apoio oficial a Cunha. Já o PSOL pediu seu afastamento da presidência da Câmara.

Exclusivo: Bolsonaro fala ao blog de Felipe Moura Brasil sobre pedido de impeachment de Dilma solicitado por Cunha

Falei por telefone com Jair Bolsonaro na sexta-feira sobre a notificação enviada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para que o deputado federal atualize o pedido de impeachment de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, protocolado em março deste ano.

A notícia com o documento original foi dada em primeira mão neste blog e repercutida em seguida por toda a imprensa, de modo que agradeço aos poucos jornalistas que me deram o crédito. Cunha enviou um total de 11 pedidos de atualização de impeachment, sendo os outros dez para cidadãos que haviam assinado requerimentos de abertura do processo.***

Bolsonaro mencionou os três itens que pretende incluir no aditamento da denúncia a ser protocolada na semana que vem, sendo dois deles baseados no artigo 85, incisos II e VII, da Constituição; e o terceiro, na petição pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.

Curiosamente, esta última foi assinada por Barbosa Lima Sobrinho, da mesma Associação Brasileira de Imprensa (ABI) cuja sede agora é emprestada ao PT para ato de suposta defesa da Petrobras; e por Marcelo Lavenère, então presidente da mesma OAB cuja função agora é produzir manchetes em defesa do PT, como mostrei aqui.

A conversa com Bolsonaro se estendeu também para outros temas como as suas precauções com a mídia e a defesa esquerdista dos bandidos.

Aperte o play abaixo e ouça. Destaco cada item do aditamento em seguida.

1) “Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;”

Bolsonaro: “Resumindo: enquanto a Petrobras estava sendo saqueada, tudo que interessava para Dilma Rousseff era aprovado dentro da Câmara. Lógico: democracia com voto comprado não existe. E a Constituição está certa em fazer com que os presidentes respondam por crime de responsabilidade no tocante a isto”

2) “Art. 85. VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.”

Bolsonaro: “Dilma, nos Estados Unidos, falou que não respeita delatores. Só que a lei da delação premiada, além de ser de uma senadora do PT, Serys Slhessarenko, ela (Dilma) que sancionou em 2012. Então ela tem obrigação de cumprir. Ela tem que respeitar os delatores.”

3) A íntegra da denúncia formulada contra Collor com base no Inciso 7 do Artigo 8º e no Inciso 7 do Artigo 9º da Lei 1.079, a Lei do Impeachment, pode ser encontrada aqui, em arquivo PDF do Diário do Congresso Nacional de 3 de setembro de 1992.

Eis o trecho lembrado em março por Reinado Azevedo. Como disse Bolsonaro: “Que saudade da OAB daquela época, né?”

“O impeachment não é uma pena ordinária contra criminosos comuns. É a sanção extrema contra o abuso e a perversão do poder político. Por isso mesmo, pela condição eminente do cargo do denunciado e pela gravidade excepcional dos delitos ora imputados, o processo de impeachment deita raízes nas grandes exigências da ética política e da moral pública, à luz das quais hão ser interpretadas as normas do direito positivo.

Nos regimes democráticos, o grande juiz dos governantes é o próprio povo, é a consciência ética popular. O governante eleito que se assenhoreia do poder em seu próprio interesse, ou no de seus amigos e familiares, não pratica apenas atos de corrupção pessoal, de apropriação indébita ou desvio da coisa pública: mais do que isso, ele escarnece e vilipendia a soberania popular.

É por essa razão que a melhor tradição política ocidental atribui competência, para o juízo de pronúncia dos acusados de crime de responsabilidade, precisamente ao órgão de representação popular. Representar o povo significa, nos processos de impeachment, interpretar e exprimir o sentido ético dominante, diante dos atos de abuso ou traição da confiança nacional.

A suprema prevaricação que podem cometer os representantes do povo, em processos de crime de responsabilidade, consiste em atuar sob pressão de influências espúrias ou para a satisfação de interesses pessoais ou partidários.”

* Compare com a OAB atual, presidida por Marcus Vinicius Furtado Coêlho:
Função da OAB: produzir manchetes a favor do PT
Modesto Carvalhosa detona OAB, CNBB e ABI no Roda Viva: “Nenhuma mobilização a favor dessas investigações”
Eduardo Cunha desmascara OAB e seu presidente petista

** Veja também:
Exclusivo: Eduardo Cunha pede a Jair Bolsonaro para atualizar pedido de impeachment de Dilma Rousseff
Impeachment de Dilma: Bolsonaro mostra que não é tucano e protocola pedido, com base no artigo 85, inciso V
The Noite: Jurista defende impeachment de Dilma em entrevista a Danilo Gentili. Assista ao vídeo (agora, PSDB!)

*** Além de Bolsonaro, segundo o Congresso em Foco, assinaram requerimentos de abertura de processo de impedimento presidencial os cidadãos Walter Marcelo dos Santos (dois pedidos apresentados, por motivos diferentes); Marcelo Pereira Lima; Carolina Cristina Crestani; Pedro Geraldo Cancian; Lagomarcino Gomes; Marcelo Cleiton Leite Borba; Adolfo Sashsida; Rafael Francisco Carvalho; Luiz Adrian de Moraes Paz e Caio Belloti Delgado Marczuk (assinam o mesmo pedido); e Carla Zambelli, líder do movimento NasRuas – Mobilização.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

RONALDO CAIADO (artigo na folha deste sábado)

O Brasil não confia em Dilma

Ao prejudicar a produção de etanol, o PT rasgou o compromisso histórico do Proálcool com o ambiente

A presidente Dilma Rousseff perdeu uma grande oportunidade quando esteve nos Estados Unidos, ao final de junho, de discutir verdadeiramente a suposta pauta da reunião com o presidente Barack Obama: ambiente, energias renováveis e combate ao efeito estufa.

Ao noticiar o tema, Dilma assumiu o compromisso de reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030. Mas a presidente, provavelmente constrangida pelos malfeitos dos governos do PT, também na área de ambiente, não teve condições de se posicionar e expor os motivos de o Brasil se tornar referência em preservação. Tudo à custa do produtor rural, sem nenhum apoio do Estado. Ao contrário dos EUA, que pagam a seus agricultores exatamente o valor da receita que a área produz.

No Brasil, a cultura é achacar o produtor. Os órgãos do governo responsáveis pelo ambiente nada produziram no sentido de educar e orientar, principalmente os pequenos e médios agricultores. Só jogaram a responsabilidade nas costas dos proprietários, com taxas e punições abusivas.

A insensibilidade e o descaso do PT atingiram a produção de etanol, energia limpa e renovável, orgulho do país. É só voltar à crise do petróleo, iniciada em 1973. O preço do barril, em valores atualizados para 2014, saltou de US$ 17 para US$ 92, em 1980. Como reação, o governo, em 1975, lançou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, que se tornou então referência mundial.

O PT rasgou aquele compromisso histórico com o ambiente. Manobrou a opinião pública, levando parte da população a acreditar que o acesso a veículos, fruto do endividamento familiar, substituiria qualquer outro transporte digno e menos poluente. Hoje, os brasileiros endividados sabem que foram enganados. A gasolina encareceu, o poder de compra dos salários caiu, o desemprego aumentou e os centros urbanos continuam sem alternativa para o transporte público. O governo do PT enganou e poluiu o Brasil.

Todos os malfeitos e irresponsabilidades foram praticados pelo governo do PT, que implantou a gestão mais corrupta da história da Petrobras. Isso constrangeu o brasileiro, que sempre teve orgulho da empresa. Dilma e Lula transformaram a Petrobras na empresa de capital aberto mais endividada do mundo.

Se não bastasse isso, de olho na reeleição, Dilma passou a controlar o preço dos combustíveis, punindo as usinas de açúcar, álcool e energia. A vinculação com o preço congelado da gasolina fez com que chegássemos a uma triste realidade: 80 usinas fechadas, 67 em recuperação judicial e, das 355 em operação, a previsão é de fechamento de mais 10 no centro-sul e em igual número no Nordeste. Ainda neste ano.

Já os americanos, sem clima propício para a cana de açúcar, utilizam o milho para fazer o etanol. Mesmo com uma produção mais cara e menos rentável, produziram 51,7 milhões de litros no ano passado, enquanto o Brasil atingiu 27,5 milhões de litros no mesmo período.

O mal que o governo petista causou ao ambiente é irreparável. Apenas o uso do etanol e da bioeletricidade seria suficiente para posicionar o país acima da média mundial em energias limpas e renováveis, que hoje é de 13,2%. Dilma não pôde olhar nos olhos de Obama e pedir que encabeçasse um movimento nos países mais ricos e poluidores para nos recompensar com a cobrança de uma taxa calculada pela emissão de CO. E muito menos desafiá-lo a implantar um código florestal próximo ao nosso.

Por esses e mais 1 milhão de outros motivos é que o brasileiro NÃO CONFIA no PT, em Lula e muito menos em Dilma.

 

A lógica de Cunha não para em pé, por André Petry (de Veja.com)

 

Ao ser acusado de extorquir 5 milhões de dólares de um lobista, o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, teve uma reação vulcânica. Disse que o lobista, Júlio Camargo, da Toyo Setal, que fazia negócios com a Petrobras, está mentindo. Diante disso, Cunha rompeu com o governo, vazou que está disposto a criar uma epidemia de CPIs no Congresso para fustigar o Palácio do Planalto e passou a aventar com mais ímpeto um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, disse que até pode se "ferrar", mas levará o governo junto. E ameaçou: "Guerra é guerra".

Na velha estratégia de que a melhor defesa é o ataque, Cunha empilhou três acusações. Disse que o governo está por trás da denúncia, que os investigadores do procurador-geral Rodrigo Janot foram pressionados pelo governo para persegui-lo e que o lobista foi forçado a mentir na sua delação premiada. Com uma arquitetura conspiratória bastante robusta, a lógica da defesa de Cunha não para em pé. Vejamos:

- O governo está por trás. A acusação pressupõe que o Palácio do Planalto tem um poder implacável, capaz de controlar os rumos da Lava Jato, a ponto de pautar, forjar e divulgar acusações contra adversários. O mesmo Palácio do Planalto que não consegue ganhar uma votação simplória no Congresso e já amargou chumbo grosso das investigações da Lava Jato, de repente virou um polvo todo-poderoso com poderes para manipular a investigação mais vigiada pela imprensa nacional. Neste caso, a pressão de parte do PT para que o ministro da Justiça, José Cardozo, controle os arroubos investigatórios da Polícia Federal seria um jogo de cena, pois, na verdade, o governo está no controle da PF e tudo o mais. A lógica mais elementar sugere que, mesmo querendo, o governo não conseguiria dirigir a Lava Jato para atender seus interesses.

- Janot trabalha para o governo. Até aqui, o trabalho do procurador Rodrigo Janot tem sido irretocável. Se estivesse trabalhando como infiltrado do governo, faria mais sentido que a famosa "lista de Janot" não trouxesse o nome de ministros do governo de Dilma, além de governador do PT, senador do PT e, ainda, o notório dublê de tesoureiro e operador do PT. É um paroxismo acusar Janot de proteger o governo num país que conhece o currículo de Geraldo Brindeiro, o pernambucano que esteve à frente da Procuradoria-Geral da República e notabilizou-se como engavetador-geral da República em seus quatro mandatos consecutivos, de 1995 a 2003. Outros tempos, outros ares: Janot, nem que quisesse, conseguiria ter a atuação governista de Brindeiro.

- Camargo foi forçado a mentir. Júlio Camargo fez um acordo de delação premiada em troca de uma pena mais leve, como todos os demais acusados. Sabe-se que uma delação cai por terra, anulando eventuais benefícios, caso o delator seja flagrado numa mentira. Mesmo assim, não se pode tratar uma denúncia feita no âmbito de uma delação como expressão da verdade. Mas que sentido faz levar Camargo a selar um acordo de delação para, assinado o acordo, montar uma mentira que desmonta o próprio acordo? Seria mais prático que o governo, com seu poder demiúrgico, dispensasse o acordo de delação e simplesmente obrigasse Camargo a mentir.

Recheando suas acusações, Cunha satisfez o apetite nacional por teorias conspiratórias e também denunciou estranhezas. Disse: "É muito estranho, às vésperas da eleição do procurador-geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo procurador, ou seja, obrigar o delator a mentir". Seu pronunciamento ocorre na noite desta sexta-feira. A eleição do procurador-geral será no dia 5 de agosto. A distância de três semanas entre uma coisa e outra está anulada pela expressão "vésperas" e tudo entra no bolo da conspirata. Faltou dizer que é estranho a acusação contra Cunha ter surgido no momento em que a Moody's ameaça rebaixar a nota do Brasil, que a União Europeia denuncia o governo por violar normas da OMC e aparecem as primeiras fotos da superfície de Plutão. É muita coincidência.

O rompimento de Cunha com o governo, anunciado nesta sexta, é um direito que lhe assiste. Cunha não deve a presidência da Câmara ao governo. Ao contrário. Sua candidatura foi combatida pelo PT, numa das operações políticas mais desastradas de que se tem notícia. Ainda assim, Cunha não deu uma única evidência de que o governo está mesmo por trás da acusação dos 5 milhões de dólares, mas já anunciou rompimento e já fala em CPI e impeachment. Com isso, mostra, ao vivo e em cores, em que arena Brasília opera hoje: não é a política, é o jogo de chantagem. Estivéssemos num clima de alguma normalidade, Cunha estaria neste momento sendo constrangido pelos seus pares a afastar-se da presidência da Câmara para responder as acusações.

 

Sorria, você está sendo demonizado (Por Alexandre Borges, publicado no Instituto Liberal)

Lula abriu no mês passado a conferência da FAO, que tem o petista José Graziano como presidente, em Roma. No seu discurso, disse: “Eu nunca pensei que dar comida aos pobres causasse tanta indignação.” O alvo da acusação: “setores da imprensa e da sociedade brasileira”.

Vou repetir: um ex-presidente da república estava na Itália, discursando num evento oficial da ONU, dizendo que parte da sociedade e da imprensa fica indignada quando se dá comida aos pobres. E ainda disse mais:

“Em 2002, ano em que fui eleito presidente, havia no Brasil 11 milhões de famílias sobrevivendo com menos de um dólar por dia. Eram mais de 50 milhões de pessoas passando fome, quase um terço da população brasileira de então.

Eram crianças condenadas desde o nascimento a sofrer com a desnutrição e suas doenças; e condenadas ao estigma da pobreza e da exclusão, caso sobrevivessem. Milhões de pais e mães em permanente aflição, porque não tinham como prover a família com o pão de cada dia.

Na realidade, havia um país governado para apenas um terço da população, enquanto a grande maioria permanecia esquecida, como se não vivêssemos todos na mesma pátria (…)

O maior obstáculo que enfrentamos foi o preconceito por parte da imprensa brasileira e de alguns setores privilegiados da sociedade.

Diziam que o Bolsa Família iria estimular a preguiça. Que não passava de esmola do governo, ou pior: de compra de votos. (…)

O resultado combinado de todas essas politicas e programas é conhecido: 36 milhões de pessoas foram libertadas da extrema pobreza, mais de 40 milhões ascenderam ao patamar de renda e consumo da classe média, 22 milhões de empregos formais foram criados no Brasil.

Provamos que os pobres, quando se tornam o centro das ações de um governo, deixam de ser o maior problema de um país e passam a ser a grande solução para os problemas desse país. (…)

A fome no mundo hoje não é consequência de acidentes climáticos, da falta de estoques, das dificuldades de transporte ou da quebra de safras.

Não é produzida pela escassez, mas pela desigualdade.”

Não vou perder meu tempo desconstruindo as mentiras econômicas, as manipulações estatísticas e as bravatas políticas. O Brasil está quebrado, a economia destruída, temos estagnação, inflação, desemprego, queda brutal da atividade industrial e só 9% de iludidos ou canalhas ainda acreditam nessas estultices. E não existe cura mágica para burrice ou mau-caratismo. O ponto é outro.

Lula insiste, como toda a esquerda, na idéia de que seus adversários são maus. Eles se opõem porque querem pobres à míngua, na miséria, na penúria, passando fome e sobrevivendo com o mínimo apenas para realizar trabalho semi-escravo. Você está sendo demonizado.

Isso não é uma opinião, é uma declaração de guerra. Não é a primeira, nem a milésima, é simplesmente incontável o número de vezes em que os opositores da quadrilha petralha são tratados como monstros, o que é, por definição, discurso de ódio, algo que esses delinquentes fingem combater.

É possível ter divergência de opinião com os socialistas gourmetizados do PSDB, com a extrema-esquerda petista a natureza da questão é outra. É uma força política que racha e balcaniza a sociedade, que trata qualquer oposição como malévola, como formada por inimigos do povo, o que todo ditador faz e que está na essência ideológica da violência do estado totalitário. É gente que cria bodes expiatórios que justifiquem atos discricionários e medidas de exceção para perseguir, calar, exilar, prender, torturar e matar adversários. É gente que “humaniza redes” desumanizando você.

Toda vez que você ouvir um bocó reclamando do acirramento das discussões políticas, lembre do tipo que acusações que são feitas no debate. Você nunca vai evitar uma guerra fingindo que o inimigo não existe, o único caminho é fazer com que ele perca a vontade de lutar ou seja vencido no campo de batalha.

 

Como Lula deixou Collor mais rico. Com Rolls-Royce e tudo

VEJA capaA VEJA desta semana apoteótica em que “sensacionalistas são os fatos”, como diz a revista, têm Fernando Collor de Mello, Eduardo Cunha e Lula na capa, os três atualmente sob investigação.

A reportagem sobre Collor detalha como ele foi aceito no pomar mágico dos petistas, com a bênção de Lula.

Reproduzo um trecho, que começa descrevendo a Operação Politeia, deflagrada na terça-feira (e acrescento a imagem que já havia publicado aqui):

“No episódio mais emblemático da ação, os agentes devolveram ao noticiário político-policial a antológica Casa da Dinda, a residência do ex-presidente Fernando Collor, cenário do escândalo que, nos anos 90, levou ao primeiro impeachment de um presidente da República.

Os policiais apreenderam documentos, computadores e três carros de luxo da frota particular do atual senador: um Lamborghini Aventador top de linha (3,5 milhões de reais), uma Ferrari vermelha (1,5 milhão de reais) e um Porsche (700 000 reais). Nem o bilionário empresário Eike Batista em seus tempos de bonança exibia modelos tão exclusivos – e caros.

Collor, até onde se sabe, é um empresário de sucesso. Sua família é proprietária de emissoras de televisão e rádio em Alagoas, terrenos, apartamentos, títulos, ações, carros… A relação de bens declarados pelo senador soma 20 milhões de reais, o suficiente para garantir vida confortável a qualquer um.

Collor, apesar disso, não resistiu à tentação e adentrou o pomar petista. Em 2009, ele assumiu a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado. Com significativo poder para fiscalizar os destinos das obras do PAC, a vitrine de campanha da então candidata Dilma Rousseff, o senador se apresentava como um obstáculo para o governo.

Collor antes e depoisA maçã lhe foi oferecida. O ex-presidente Lula entregou ao senador duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras – a diretoria da Rede de Postos de Serviço e a de Operações e Logística. No comando desse feudo, segundo os investigadores, Fernando Collor criou o seu balcão particular de negócios dentro da maior estatal brasileira, o que lhe renderia milhões em dividendos.

Segundo depoimentos colhidos na Lava-Jato, o esquema obedecia a uma lógica simples. As empresas que tinham interesse em assinar contratos com a BR acertavam antes ‘a parte do senador’. Foram dezenas de contratos. A polícia já identificou dois que passaram por esse crivo. Num deles, de 300 milhões, um empresário do ramo de combustíveis pagou a Collor 3 milhões de reais em propinas para viabilizar a compra de uma rede de postos em São Paulo.

A operação foi revelada pelo doleiro Alberto Youssef em acordo de delação premiada. Encarregado de providenciar o suborno ao senador, Youssef fez a entrega de ‘comissões” em dinheiro, depósitos diretos na conta do parlamentar e transferências para uma empresa de fachada que pertence a Collor.

O Lamborghini, até recentemente o único do modelo no Brasil, está em nome da tal empresa, o que fez os investigadores suspeitar que o carro foi bancado com dinheiro desviado da Petrobras. Desde o ano passado, quando explodiu a Operação Lava-Jato e as torneiras da corrupção se fecharam, o IPVA do carro não é pago pelo ex-presidente.

A dívida acumulada é de 250 000 reais. Mas não é desapego do senador. Zeloso, ele só usava o carro para passeios esporádicos a um shopping de Brasília. Quando isso acontecia, o Lamborghini permanecia sob a vigilância de dois seguranças do senador, que fixavam um perímetro de isolamento em torno do veículo para evitar a aproximação dos curiosos.

A frota de luxo de Collor – revela Lauro Jardim, na seção Radar – conta com um Rolls-Royce Phantom 2006, mais exclusivo ainda do que o Lamborghini.”

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Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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Fonte:
veja.com (+ Folha)

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