No 6° aniversário, coluna de Augusto Nunes (em veja.com) propõe um brinde à aproximação da alvorada
Publicado em 23/04/2015 02:51
No 6° aniversário, coluna de Augusto Nunes (em veja.com) propõe um brinde à aproximação da alvorada
Nascida em 22 de abril de 2009, a coluna convida os leitores a incluir na celebração do 6° aniversário a leitura dos cinco versos finais de “A Morte do Leiteiro”, do grande Carlos Drummond de Andrade:
DUAS CORES SE PROCURAM,
SUAVEMENTE SE TOCAM,
AMOROSAMENTE SE ENLAÇAM,
FORMANDO UM TERCEIRO TOM
A QUE CHAMAMOS AURORA.
O epílogo do poema é um resumo do Brasil deste singularíssimo 2015. Justificadamente indignados, aflitos ou perplexos com os estragos decorrentes das crises econômica, política, moral e institucional, numerosos leitores e comentaristas ainda não vislumbram a luz que há por trás das sombras: além de torná-la irreversível, a derrocada da economia apressou a agonia da seita lulopetista.
Desemprego e inflação tiram o sono e o sossego, mas fazem à vista. Acossados pela volta dos dois fantasmas, milhões de brasileiros enfim enxergaram a devastação produzida por 12 anos de inépcia, embuste e corrupção, fora o resto. Não será fácil pagar a conta da farra. Nâo deixa de ser um consolo testemunhar o encerramento da festa bilionária no grande clube dos cafajestes no poder.
Há seis anos, quando esta ilha se incorporou no Dia do Descobrimento ao diminuto arquipélago ocupado pelo jornalismo independente, os brasileiros decentes eram menos de 10% no universo das pesquisas de opinião. Mas não nos rendemos. Os liberticidas patológicos fizeram o diabo para exterminar a oposição real. Mas não capitulamos. “Vamos ganhar porque temos razão”, aqui se repetiu incontáveis vezes, sobretudo em momentos de compreensível pessimismo. E então se deu a brusca mudança da paisagem.
Semanas depois da reeleição de Dilma Rousseff, o imenso viveiro de abúlicos começou a despertar, milhões de conformados entenderam que o espetáculo do cinismo fora longe demais. Hoje, os que sonhavam com o poder absoluto e eterno só tapeiam 13% de fanáticos e desinformados que acham “bom” ou “ótimo” o pior governo da história. Nas ruas, as manifestações promovidas pela companheirada reúnem menos gente que quermesse de lugarejo.
Nas pesquisas de opinião, Dilma coleciona recordes de impopularidade. É difícil acreditar que completará o mandato. Lula já aparece abaixo de Aécio Neves na disputa pela presidência. O bando para o qual os fins justificam os meios é uma espécie em extinção. O país que presta agora é muito maior que o outro. A noite que começou em 2003 vai chegando ao fim.
Brindemos ao aniversário da coluna e também à tenacidade da resistência democrática, amigos. Falta pouco para a consumação da derrota definitiva da tribo fora da lei. Como nos versos de Drummond, o horizonte claro/escuro anuncia a aproximação da aurora.
(por Augusto Nunes)
Ex-Dilma! – Charge do Paixão, via 'Gazeta do Povo'.
Vídeo: Caiado desmascara caderno de teses do PT
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) imprimiu o caderno de teses que o PT levará ao seu congresso partidário em junho e leu no plenário trechos das barbaridades escritas, a começar pelo título “Um partido para tempos de guerra”, além das propostas de “demitir ministros capitalistas”, “estatizar a Rede Globo” e “recolocar o socialismo como objetivo estratégico”.
“O caderno chega ao cúmulo de pedir para eliminar qualquer ‘criminalização’ de movimentos sociais. Querem criar uma nova casta, onde CUT, MST e as tropas do general Stédile ficariam inimputáveis. Livres para agir como os coletivos de [Nicolás] Maduro, na Venezuela”, escreveu Caiado no Facebook, em referência à milícia assassina do ditador que sucedeu Hugo Chávez.
Para o senador, “é sintomático que os dirigentes petistas gestados nessa política partidária tenham o DNA do autoritarismo, da aversão à democracia e da utilização das instituições como ferramentas de corrupção. E a origem de tudo isso é o Foro de São Paulo, esta organização que estabeleceu as diretrizes para que PT e outros partidos de esquerda na América Latina se perpetuassem no poder às custas da deterioração de nossas instituições. E o pior: o principal financiador de tudo isso, como alerta Olavo de Carvalho, é o Estado brasileiro operado pelo PT.”
Joaquim Barbosa e o fundo partidário: ‘escárnio’ (por Josias de Souza, do UOL)
O ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, plugou-se no Twitter na madrugada desta quarta-feira para comentar o valor que deputados e senadores enfiaram dentro do Orçamento da União para custear o fundo partidário em 2015.
“Escárnio”, Barbosa anotou. “Congresso aprova verba de quase R$ 900 milhões anuais para partidos políticos”, prosseguiu, arredondando para o alto a cifra de R$ 867,5 milhões sancionada por Dilma Rousseff. “Para que doações de empresas privadas?”, indagou.
Na versão original do projeto orçamentário, o valor destinado ao fundo partidário era de R$ 289,5 milhões. A cifra foi triplicada pelo relator da proposta, o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Aprovada pelos congressistas, a peça foi à mesa de Dilma.
Em tempos de ajuste fiscal, a presidente renderia homenagens à lógica se tivesse exercido o seu poder de veto. Mas, politicamente debilitada, ela preferiu ser incoerente a comprar briga com o Legislativo.
Sem citar Dilma, Barbosa acomodou meia dúzia de pulgas no dorso da orelha de seus seguidores nas redes sociais: “R$ 900 milhões para partidos políticos: procure saber em detalhes como essa montanha de dinheiro é gerida pelos caciques partidários.”
Pela lei, a dinheirama transferida do bolso do contribuinte para o fundo partidário pode ser usada para a manutenção das sedes e serviços do partido. Estão autorizados os gastos com: 1) pagamento de pessoal (no máximo 50% do total); 2) propaganda doutrinária e política; 3) alistamento e campanhas eleitorais; 4) criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa, de doutrinação e educação política (mínimo de 20%); e 5) criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres (mínimo de 5% do total).
Joaquim Barbosa semeia em solo fértil ao insinuar que a “a montanha de dinheiro do fundo” não é bem gerida pela caciquia dos partidos. Nessa seara, as legendas fingem que prestam contas e o Estado faz de conta que audita. Ao triplicar o valor da brincadeira, os congressistas atiçaram as lupas. Talvez se arrependam.
Cúpula do PT receia ‘efeito Dirceu’ na Lava Jato
O alto comando do PT está convencido de que a força-tarefa da Operação Lava Jato estoca material para enroscar o ex-ministro petista José Dirceu nas investigações sobre corrupção na Petrobras. Em conversa com advogado que atua no caso, um cacique do petismo declarou que, embora já não tenha dúvidas quanto aos objetivos dos investigadores, o PT ainda não dispõe de uma estratégia para lidar com o que chamou de “efeito Dirceu.”
Afora o receio da decretação da prisão de Dirceu, o PT teme que PMDB e PSDB se juntem para aprovar requerimento convocando-o para depor na CPI da Petrobras —exatamente como foi feito com o coletor petista João Vaccari Neto, submetido a uma longa e constrangedora inquirição na Câmara dias antes de ser preso. Condenado no julgamento do mensalão, Dirceu encontra-se em prisão domiciliar.
Por ora, o grande problema do PT é o esgotamento da tática que adota a filosofia dos Mosqueteiros: “um por todos e todos por um''. Reunido na semana passada, o diretório nacional do partido divulgou uma resolução que carrega em seu miolo um trecho que expõe a falência desse modelo:
“Não faz parte da nossa história, da nossa tradição democrática, de nossa ética pública e de nossa prática na democracia brasileira a convivência e a conivência com a corrupção. Se algum dirigente ou filiado praticou corrupção não foi em nome dos petistas. E, se comprovadamente algum filiado incorreu em corrupção será expulso.”
No escândalo do mensalão a corrupção foi atestada pelo STF, a mais alta Corte do país. E nenhum dos integrantes da bancada da Papuda foi expulso da legenda. Deu-se o oposto. O companheiro Delúbio Soares, único legionário do mensalão que havia sido expurgado dos quadros da legenda, foi readmitido —uma evidência de que a manutenção dos segredos do PT cobra um alto custo à imagem do partido.
(por Josias de Souza, do UOL)
Delação encurta distância entre crime e Justiça
Deflagrada há um ano e um mês, a Operação Lava Jato começa a produzir suas primeias condenações. Nesta quarta-feira, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, condenou oito pessoas por desvios na Petrobras. Entre elas o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o tesoureiro Alberto Youssef. Súbito, o país descobre que a Justiça, normalmente cega, com a balança desregulada e a espada sem fio, pode aguçar o seu olfato.
Deve-se a novidade a uma ferramenta nova. O aparato de controle do Estado passou a dispor da ferramenta da delação premiada. O sujeito confessa os seus crimes e dedura os seus cúmplices. Se as informações vierem acompanhadas de provas ou de informações capazes de levar os investigadores às evidências, os delatores são beneficiados com o abrandamento das penas —como sucedeu, aliás, com Paulo Roberto e Youssef.
Alguns dos condenados poderão recorrer da sentença. Mas os delatores tiveram de abrir mão dessa prerrogativa. Afora as condenações, há um subproduto a ser festejado: o Estadojá começou a reaver parte da dinheirama obtida pilhagem. Só de Pedro Barusco, outro delator, a repatriação soma US$ 97 milhões, entesourados na Suíça.
Os advogados se queixam muito da delação. Natural. A confissão elimina a perspectiva de lucro com os recursos embromatórios. É óbvio que o suor do dedo indicador os criminosos deve ser explorado com responsabilidade. Depoimentos não substituem provas. Mas, a julgar pelo insucesso da maioria das investidas contra decisões do juiz Moro nos tribunais superiores, a Lava Jato não parece ser um exemplo de irresponsabilidade. Polícia, procuradores e juiz realizam um trabalho notável.
No Brasil, um dos principais problemas da corrupção é que o crime é perto e a Justiça mora muito longe. A delação revela-se um valioso atalho ligando a mão grande ao castigo.
(por Josias de Souza, do UOL)
Sérgio Moro: ‘Crimes não são cometidos no céu’
Na sentença em que condenou oito pessoas acusadas de desviar dinheiro na Petrobras —entre elas os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef— o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, defendeu a troca de delação por prêmios judiciais: “Sem o recurso à colaboração premiada, vários crimes complexos permaneceriam sem elucidação e prova possível. Em outras palavras, crimes não são cometidos no céu e, em muitos casos, as únicas pessoas que podem servir como testemunhas são igualmente criminosos'', anotou o magistrado na sentença.
(por Josias de Souza, do UOL)
Em O Globo: Fundos de pensão das estatais precisam se proteger da ingerência política
Ilustração: chicagotribune.com
Editorial publicado no jornal O Globo
As companhias estatais foram pioneiras na criação de fundos de previdência complementar no país.
A Previ, por exemplo, tem sua origem ainda no início do século XX, formada por 90 funcionários do Banco do Brasil. Atualmente, a Previ é um fundo de pensão fechado que detém participação acionária relevante em diversas grandes empresas (participando do grupo de controle de varias delas, como é o caso da Vale), entre as quais o próprio Banco do Brasil, além de ser um importante investidor de longo prazo em concessões na área de infraestrutura (transportes, energia elétrica, telecomunicações).
A Petros, administradora de fundos multipatrocinados, sendo o principal a do grupo Petrobras, é uma das principais acionistas da companhia estatal e também tem presença marcante em projetos de infraestrutura, assim como a Funcef, fundo dos funcionários da Caixa Econômica Federal.
O fato de os maiores fundos de pensão no Brasil serem de companhias estatais se deve, em parte, a essa longevidade. Nos anos 1960, os empregados dessas empresas se tornaram celetistas, equiparando-se aos empregados do setor privado. Anteriormente tinham um regime de trabalho que os aproximava dos servidores públicos, com aposentadoria em condições especiais.
Como compensação por essa mudança, foram criados fundos de pensão nas companhias federais que ainda não contavam com esse instrumento, tornando-se uma espécie de privilégio, já que as empresas patrocinadoras praticamente contribuam com 100% dos aportes em favor de cada empregado.
Somente após algumas reformas, uma contrapartida de 50% passou a ser exigida. Seja como for, a experiência foi bem-sucedida e adotada por diversas empresas privadas brasileiras.
Fundos de previdência privada abertos, administrados por bancos e seguradoras, ganharam força após o Plano Real e em seu conjunto deverão se constituir em futuro no principal pilar de poupança individual do país.
Como importantes investidores, os fundos fechados de companhias estatais passaram a ser alvo de cobiça por parte de grupos organizados e sindicais dentro dessas empresas.
E, infelizmente, a partir de determinado momento, ficaram mais vulneráveis também a pressões político-partidárias, até porque depois que assumiu o poder o PT teve condições de influenciar diretamente na indicação dos diretores que representam as patrocinadoras (ou seja, as estatais).
PT – A DESTRUIÇÃO DE UM IDEAL, por Alberto Goldmann
Acompanho, cada vez mais surpreso e estarrecido, o que vem acontecendo com as investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal a respeito do desvio de recursos públicos para garantir a manutenção do poder por parte do PT. Parecem não ter fim as ações criminosas reveladas, cometidas pelas principais lideranças desse partido em seu desejo incontido de manter o comando do país.
O mais impactante e surpreendente para mim que tenho origem política no pensamento e na ação dos movimentos de esquerda que recusaram o uso da luta armada para derrubar a ditadura militar/fascista que assumiu o poder após o golpe de 1964, é o grau de degradação a que chegou um partido, o PT, que se formou para construir uma sociedade socialista, humana, solidária, justa e democrática e que, após conquistar o governo através de eleições democráticas, passou a usar de todos os instrumentos possíveis, legais ou não, morais ou não, democráticos ou não, para preservar e prolongar o poder conquistado.
Sob o argumento de que estão transformando a vida, para melhor, de milhões de brasileiros, tudo passou a ser tolerado e justificado. A estrutura do Estado brasileiro, do qual se apropriou o partido, passou a servir ao objetivo de manutenção indefinida do poder, e não só a isso. Passou a ser a forma de viver e de usufruir a vida para centenas de seus líderes.
As últimas notícias dão conta que depoimentos de empresários – no caso o presidente e o vice presidente de uma das maiores empresas brasileiras, a Camargo Corrêa, feitos como confissão dos delitos cometidos para poder gozar de benefícios que a lei concede aos que decidem colaborar com a Justiça – reconhecem ter pago 110 milhões de reais em propinas para poder obter contratos com a Petrobras. Os pagamentos foram feitos a um diretor da empresa – Renato Duque – indicado pelo PT e a outro – Paulo Roberto Costa – indicado por um aliado, o PP, referendado pelo PT e pelo PMDB. Tudo operacionalizado por seus tesoureiros: no caso do PT por Delúbio Soares e, após a sua condenação, por João Vaccari Neto.
Essa é a soma fantástica que uma única empresa, entre 2007 e 2012, destinou aos partidos no poder. Imaginem as dezenas de empresas envolvidas, as centenas de contratos, em todos esses anos de governo petista – de 2003 a 2014 – quanto dispenderam para os partidos no poder vencerem as eleições, até a mais recente. E quanto foram beneficiados líderes, como José Dirceu e Antonio Palocci, que através de empresas de consultoria, faturaram milhões de reais em troca de sua influência política.
Sob o ponto de vista da evasão de recursos estatais, mais do que as propinas pagas, de 1% a 3% do faturamento que, em cada ano, foi de dezenas de bilhões de reais, foi o prejuízo da sociedade pelas decisões tomadas, pois muitos desses investimentos e gastos do setor estatal foram artificialmente e desnecessariamente realizados apenas para possibilitar e facilitar as propinas. Como exemplo a decisão de construir 4 refinarias de petróleo em regiões do país, decisão essa que acaba de ser revogada, após gastos bilionários, para que se termine, apenas em parte, apenas duas delas.
O PT foi criado para realizar um ideal – um sonho: a construção de uma sociedade socialista, justa, humana e solidária, presumivelmente democrática. O maior crime cometido por seus dirigentes foi justamente o de transformar esse sonho em uma verdadeira tragédia, que atinge não só os que honesta e patrioticamente aderiram ao PT durante esses anos, mas a todos que em outros agrupamentos políticos também buscam uma sociedade mais justa.
A destruição desse ideal é a terrível herança que o PT vai deixar. Nós, que viemos com os ideais das lutas da esquerda, temos dificuldade em nos declararmos como tal, vistos e confundidos agora com aqueles que ocasionaram um mal tão grande ao país e ao futuro das transformações pelas quais ansiamos.
Se o PT foi, algum dia, um partido de esquerda, se tornou a trincheira de interesses escusos que maculam a tradição de luta de milhões de brasileiros que, nos últimos quase cem anos, lutaram e morreram por uma sociedade melhor.
A meu ver isso justifica ações concretas para que nos libertemos daqueles que não souberam dignificar o papel a que se propuseram ao chegar ao governo. Vale dizer, nos libertemos do PT, de suas dilmas e de seus lulas.
Encontrar esse caminho, nos limites da Constituição vigente, deve ser o objetivo e é o desafio a todos os democratas.
(por ALBERTO GOLDMANN, no Blog "petista" 247)
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