Com cerca de 50% do crédito independente dos recursos oficiais, cotonicultores reconhecem importância do PAP
Embora não suficientes para a demanda individual do cotonicultor brasileiro, cuja média de custos por hectare gira em torno de R$7,6 mil, e haja disparidade entre os recursos anunciados e os efetivados, por dificuldades de acesso, o Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019, anunciado na manhã da quarta-feira (06/06) pelo presidente da República Michel Temer contou com o apoio do setor algodoeiro, representado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), segundo a qual o modelo de cultivo da pluma no Brasil, que consorcia soja e milho, otimiza o uso do crédito federal.
De acordo com a Abrapa, atualmente o crédito oficial representa em torno de 20% do custeio da produção. Cerca de 30% do financiamento vêm da venda antecipada às tradings, outros 30% são oriundos da indústria de químicos e fertilizantes, e o restante, eventualmente, provêm do produtor, com recursos próprios. “Pelo PAP, o limite individual de crédito é de R$3 milhões ao ano, suficientes para o plantio de 394 hectares da commodity. Ainda assim é um recurso muito importante no mix de crédito do cotonicultor”, observa o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, que representou o presidente da entidade, Arlindo de Azevedo Moura, na ocasião.
Em seu discurso, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirmou que a necessidade de financiamento do agro brasileiro é calculada em, aproximadamente, R$390 bilhões. “Nosso Plano Safra apresenta R$191 bilhões. Isso significa que estamos menos dependentes do crédito agrícola oficial, e que hoje, praticamente, 50% da produção nacional são aportados graças à chegada de outros agentes para financiar o agronegócio, com a política correta e responsável de redução de taxa de juros. Mostra claramente que, dentro do setor agropecuário brasileiro, os produtores também estão se capitalizando”, afirmou.
Divisas
Segundo Maggi, este ano, a previsão do Mapa é de exportação de 32 milhões de toneladas de milho; 85 milhões de toneladas de grão e farelo de soja; um milhão de toneladas de algodão; 35 milhões de sacas de café; 28 milhões de toneladas de açúcar, dentre outros produtos. “O agronegócio, em 2018, trará para o país US$ 97,3 bilhões, um aumento de U$9,3 milhões em relação ao último ano. Nosso saldo da balança comercial passará de US$ 83 bilhões de dólares. Este é o setor que tem dado ao país o suporte necessário para enfrentar a grande crise que nós vivemos. O setor que se movimenta com ciência, tecnologia, conhecimento e determinação”, enfatizou o ministro, lembrando ao presidente que, “se não fosse a agricultura, a pecuária e todo o agronegócio, as dificuldades do Governo seriam maiores”.
Nova linha
Na ocasião, Blairo Maggi anunciou a disposição do Governo de criar uma linha de financiamento com prazos de dez a doze anos e dois anos de carência, para socorrer os produtores que tiveram problemas específicos em determinadas áreas do setor agrícola. “Nessa modalidade de socorro, não terá subsídio. As taxas serão TLP (Taxa de Longo Prazo) mais 4,7% ao ano. É uma demonstração de que estamos atentos para não deixar que aconteça o que aconteceu no passado, quando tivemos de fazer uma renegociação imensa, que trouxe problemas para os produtores e custou caro para a nação brasileira. Interferir nesses pontos no momento correto é o que pretendemos”, concluiu.
Reconhecimento internacional
“O Governo tem de estar à altura do extraordinário sucesso que é o agronegócio. Hoje estamos renovando o nosso compromisso com o campo brasileiro, que faz do Brasil essa potência agrícola. Os recursos anunciados estimulam a produção e impulsionam o crescimento da economia brasileira”, destacou o presidente da República, Michel Temer, em sua fala, mencionando o retorno que recebe dos líderes mundiais.
“Nossa agricultura virou sinônimo de produtividade, eficiência, de segurança alimentar e eu sou testemunha disso. Quando converso com líderes de vários países, ouço elogios frequentes ao agro brasileiro, e também ao trabalho da Embrapa. Tudo isso feito se fez com respeito à natureza, sem as divergências do passado entre a produção e o meio ambiente”, relatou. Temer elogiou o trabalho do ministro Blairo Maggi e o entusiasmo dos setores agrícolas que o apoiam na criação e execução de políticas para o desenvolvimento do agronegócio do país.
Tecnologia no algodão
Segundo Temer, apoiar o produtor rural é incentivar a inovação tecnológica. “Um tempo atrás, Blairo me levou para colher algodão no Mato Grosso. Lá ele me colocou numa máquina e me disse para colher. Eu não sabia como, e ele me disse: aperta esse botãozinho que a máquina faz tudo! A máquina colhia e já ensacava”, lembrou o presidente, referindo-se às tecnologias que envolvem satélites e GPS, e a capacidade de enfardar o algodão, à medida em que os capulhos são colhidos na própria lavoura. “Esse avanço na tecnologia gera empregos para milhares de pessoas no campo e na cidade”, reconheceu.
O PAP
No custeio, em relação à safra anterior, o PAP representou incremento de 1,5%. O total de R$191 bilhão tem 80% de recursos com juros controlados, equivalentes a R$118,8 bilhão. Para investimento, são 40 bilhões a juros controlados.
Expansão da capacidade de armazenagem e inovação tecnológica (PCA e Inovagro) foram prioridades pelo sexto ano consecutivo. Os programas terão, respectivamente, R$2,15 bilhões e R$1,15 bilhão, com taxa de juros de 6,0% ao ano.
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