Logística deve limitar possível aumento das exportações brasileiras durante guerra comercial entre EUA e China

Publicado em 04/03/2025 12:07

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A China anunciou tarifas adicionais de 10% a 15% sobre diversos produtos agrícolas dos Estados Unidos, em retaliação ao aumento das taxas de importação chinesas pelo governo de Donald Trump, que dobrou a tarifa vigente de 10% para 20%. Diferente da primeira guerra comercial entre os dois países, iniciada em 2018, o Brasil, que na época se beneficiou do aumento da demanda chinesa, agora enfrenta um cenário mais desafiador.

Apesar da produção recorde de soja em 2024/25, estimada em mais de 160 milhões de toneladas, o Brasil não tem capacidade logística para ampliar significativamente as exportações. O país já opera próximo do limite, com picos de 15 milhões de toneladas exportadas por mês, dividindo espaço com carnes, açúcar e milho.

“Atualmente, a previsão para a exportação de soja está entre 103 e 104 milhões de toneladas no ciclo 2024/25. Não há viabilidade logística para elevar esse volume para 108 ou 110 milhões de toneladas, especialmente considerando a necessidade de escoar também cerca de 50 milhões de toneladas de milho”, comenta Ale Delara, diretor da Pine Agronegócios.

O Mato Grosso, por exemplo, enfrenta graves problemas de escoamento, com caminhões parados nos portos devido a limitações técnicas em Miritituba, Santarém e Barcarena. Essa restrição aumentou a pressão sobre os portos do Sudeste e do Sul, fazendo com que o frete para Santos disparasse para quase R$520 por tonelada. Além disso, há escassez de caminhões e espaço logístico, o que impede um avanço significativo no transporte da safra.

Mesmo quando a soja chega aos portos, há um limite na capacidade de embarque, e essa situação tende a se agravar nos próximos meses, com o início das exportações de milho, que sobrecarregam ainda mais o transporte a granel.

“Outro fator crítico é a falta de capacidade dos terminais de contêineres, que são essenciais para diversificação das exportações. O terminal de Paranaguá, por exemplo, só conseguiu expandir suas operações após investimentos da CMPort, mostrando que o gargalo logístico brasileiro só poderá ser solucionado com investimentos contínuos e de longo prazo”, explica Delara.

A expansão da produção agrícola no Brasil esbarra nessas limitações logísticas, e a resolução desse problema exigiria anos de investimentos em infraestrutura portuária e transporte, garantindo maior eficiência no escoamento das commodities. Com essa limitação na capacidade de exportação, o impacto da nova guerra comercial entre China e EUA será mais restrito, o que já se reflete nas quedas nas cotações da soja, do farelo e do milho.

Primeiro conflito comercial foi marcado por preços com alta volatilidade

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Na disputa de 2018, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre a China, levando a uma queda de 21,5% nos preços da soja na Bolsa de Chicago. Durante o período de guerra comercial, que durou até a assinatura do acordo entre os dois países em janeiro de 2020, os preços da soja no Brasil ficaram cerca de 10,5% mais baixos do que antes do conflito. Já em Chicago, os preços chegaram a US$ 8,50 por bushel.

Os valores voltaram a subir no segundo semestre de 2020, quando a China retomou suas compras, resultando em um forte aumento nas exportações dos EUA e recordes históricos nos preços. Dessa vez, o impacto no mercado deve ser mais moderado, com ajustes nos preços das commodities, mas sem um movimento tão intenso quanto o de 2018.

 

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Por:
Ericson Cunha
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Geraldo Emanuel Prizon Coromandel - MG

    Considero como Fake News a matéria acima. Primeiro que os portos brasileiros conseguem escoar perfeitamente a safra durante o ano. Segundo, porque esse cenário de guerra comercial favorece os produtores brasileiros, na mesma proporção do aumento das alíquotas impostas pelos EUA, basta o produtor entender isso e precificar seu soja.

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    • Adalberto José Munhoz Campo Mourão - PR

      Tem pessoas que vivem em berço esplendido pois agricultor teve seus recursos cirtados a poucos dias mas pra artista quentem casa em Miami e Paris. 15 bilhões então meu amigo vá se informar melhor onde investimos os recursos oriundos do governo.

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    • CARLO MELONI sao paulo - SP

      Tudo o que o governo Lula faz foge da logica porque sempre se orienta por finalidades POLITICAS-- Nos artistas citados temos entre os artistas o Salles herdeiro de Banco cujo patrimonio é 3300 vezes o valor investido no filme ( Ainda estou aqui)-----Com relação a briga comercial entre a China e EUA com certeza o brasiliero vai se beneficiar entretanto eu pessoalmente acho que não chegará aos 20% da tarifa imposta

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    • Nadir Sousa Gameleira de Goiás - GO

      Já estão sendo lançadas candidaturas a presidente para o ano que vem, pesquisem bem o qual que criou taxas para o agronegócio.

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    • CARLO MELONI sao paulo - SP

      Tentando torpedear um cara com 82% de aprovação

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