Empresários e jornalistas da Índia vêm ao Brasil de olho em futuras parcerias e novos negócios no setor do agronegócio
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) recebeu de 7 a 17 de dezembro, uma missão oficial com jornalistas e empresários da Índia, com foco no setor do agronegócio e na ampliação do comércio bilateral. A intensa agenda contou com reuniões, visitas técnicas, apresentações, entrevistas e reuniões com representantes de várias entidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Em Brasília, os integrantes da missão foram recebidos pela diretora de Negócios, Ana Repezza e o gerente de Agronegócio, Laudemir Müller da ApexBrasil, na sede da Agência em Brasília. Na sede da ApexBrasil em Brasília, a missão foi recebida pela diretora de Negócios, Ana Repezza, e pelo gerente do Agronegócio, Laudemir Müller, que deram boas-vindas aos integrantes. A diretora Ana Repezza mencionou a importância de estreitar os laços com a Índia. “Somos duas das maiores potências do Sul Global e precisamos trabalhar juntos para combater problemas em comum, como a insegurança alimentar. É uma grande honra ter aqui dois agricultores com projetos impactantes e premiados e espero que nossa equipe possa também aprender um pouco com vocês, da experiência que adquiriram, para aplicarmos esse conhecimento”. Ela afirmou que a Índia é uma das prioridades para o Brasil, especialmente pelo fato de ambos terem muito em comum e serem membros dos BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Uma das melhores formas de terminar esse ano é ter vocês aqui e poder escutar sobre o que viram nesses dias em várias partes do Brasil e como acham que podemos fortalecer e aproximar nossos países”, afirmou. Laudemir Müller comentou que os países compartilham alternativas para grandes desafios que o mundo enfrenta, como garantia da segurança alimentar, transição energética e enfrentamento das mudanças climáticas. Ao elogiar o trabalho dos fazendeiros Raja Tam Thipathi e Rathnamma Gundamanttha, presentes na missão, destacou a atuação dos agricultores familiares brasileiros e mencionou ações de incentivo para que empresas brasileiras busquem conhecer mais de perto o trabalho realizado na área rural da Índia, especialmente no que concerne o desenvolvimento e produção de biocombustíveis. O jornalista e economista Guruswamy Chandrashekhar afirmou que o Brasil e a Índia são “parceiros naturais”, com desafios similares e que devem se apoiar de maneira sustentável em quatro pilares: transferência de tecnologia, investimentos, comércio bilateral e pesquisa conjunta.
O grupo se reuniu no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), com o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, que ressaltou a importância do encontro, pela oportunidade de poder mostrar a forma como o Brasil produz, os atributos de qualidade, sustentabilidade e sanidade, para poder avançar com as relações de confiança entre os países. Segundo Rua, atualmente a pauta de comércio entre Brasil e Índia é tímida e concentrada em poucos produtos. “Há muitas oportunidades de negócios de algodão, feijões, pulses e gergelim, que são exemplos de sucesso, e podem ser aprofundadas com a aproximação de empresários brasileiros com indianos. Representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE) e da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) apresentaram alguns números destes setores e apontaram caminhos para reduzir barreiras, melhorar a cooperação e ampliar os negócios. Nos arredores de Brasília, os indianos foram conhecer o trabalho da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) que, desde 1978, transforma o cerrado em solos férteis. Recebidos pelo engenheiro agrônomo Claudio Malinski, eles tiveram uma visão geral das dificuldades do começo da cooperativa, a evolução e como hoje ela se tornou reconhecida entre empresas de todos os portes. Eles também visitaram a sede da empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em São Paulo, os integrantes da missão tiveram um encontro com o Consul da Índia na cidade, Hansraj Singh Verma, e reuniões com a Crop Life Brasil, que representa 52 empresas de pesquisa e soluções para produção sustentável dos setores de biotecnologia, defensivos químicos, germoplasma e bioinsumo, e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), entidade representativa. No interior de São Paulo, foram realizadas visitas técnicas ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Campinas, e à exportadora Citrus Tree, em Mogi Mirim. Eles conheceram um pouco sobre a produção de sementes genéticas das cultivares de plantas agrícolas desenvolvidas no Instituto, como feijão e amendoim, ambos produtos bastante consumidos no dia a dia dos indianos. Ao visitar a Citrus Tree, eles entenderam o processo de produção, colheita, transporte, beneficiamento e comercialização limão Tahiti, também presente na culminaria na Índia.
Em Minas Gerais, os indianos visitaram a sede da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), uma fazenda do grupo Agronelli e o Centro de Biotecnologia e Difusão Genética (Genex do Brasil), em Uberaba. A supervisora de Relações Internacionais da ABCZ, Raquel Dal Secco, destacou que o grupo teve a oportunidade de conhecer os rigorosos critérios técnicos seguidos pela entidade e afirmou que ações do tipo colaboram na divulgação do trabalho da ABCZ e do agronegócio brasileiro, responsável por alimentar milhões de pessoas ao redor do mundo. “Essas missões internacionais fortalecem o relacionamento com parceiros internacionais e ampliam a divulgação do trabalho desenvolvido no Brasil. O agronegócio brasileiro é responsável por alimentar milhões de pessoas ao redor do mundo”, pontuou. O relacionamento entre Brasil e Índia tem ganhado destaque nos últimos anos, com conquistas na abertura e melhoria de protocolos sanitários. “Neste ano, o Brasil registrou uma exportação expressiva de cerca de 40 mil doses de sêmen para a Índia. Além disso, conseguimos avanços significativos nos protocolos sanitários e as autoridades de ambos os países continuam trabalhando para ampliar estas melhorias,”, ressaltou.
No Rio de Janeiro, foi realizada uma reunião técnica com integrantes da Câmara de Comércio Índia-Brasil, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura do Rio de Janeiro, para apresentação da situação atual de comércio entre os países e principais oportunidades de cooperação e visitas à Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro. Letícia Gomes, gerente de Relações Institucionais da Câmara de Comércio reafirmou a importância da aproximação estratégica entre os países para as empresas que já operam ou exportam para a Índia, como também aquelas que têm o país como comprador potencial. “É uma relação com muito potencial de expansão. Queremos apoiar as empresas brasileiras para terem oportunidades de negócios com a Índia. Ficamos muito gratos à ApexBrasil por trazer esta delegação até aqui”, destacou.
Relações bilaterais
Em 2023, as exportações brasileiras para a Índia alcançaram US$ 4,7 bilhões, com destaque para as vendas de gorduras e óleos vegetais, açúcares e melaços e óleos brutos. O fluxo comercial entre os países bateu recorde de US$15,2 bilhões em 2022, com crescimento de 31,4% em relação a 2021. Embora o valor tenha sido recorde, a Índia representa apenas 2% das exportações brasileiras e cerca de 3,3% das importações brasileiras. Mas segundo o Perfil de Comércio e Investimentos Índia, publicado pela ApexBrasil, há potencial para crescer muito mais. O desafio é diversificar a pauta exportadora brasileira. A missão oficial indiana é uma iniciativa da ApexBrasil com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Ministério das Relações Exteriores (MRE).
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