Missão do Mapa na Índia garante abertura de mercado para derivados de ossos e amplia acesso de material genético bovino

Publicado em 11/11/2024 14:32
País é o 14º maior destino dos produtos agropecuários brasileiros

Para fortalecer as relações comerciais e ampliar o acesso dos produtos brasileiros ao mercado indiano, uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) esteve recentemente em Nova Delhi, na capital da Índia. Durante a missão, foram assinados dois Certificados Zoosanitários Internacionais (CZIs) com a autoridade competente indiana, formalizando melhorias nas condições de exportação de sêmen bovino e bubalino, além de embriões bovinos, e acordando a abertura de mercado para derivados de ossos destinados à produção de gelatina (Bone Chips). Esses acordos, negociados desde 2019, abrem novas possibilidades para o setor pecuário brasileiro e reforçam o Brasil como fornecedor de destaque para o mercado indiano.

A conquista foi formalizada na presença do secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Julio Ramos, que representou o secretario Luís Rua e liderou a delegação brasileira na Índia, ao lado do adido agrícola, Ângelo de Queiroz, com total apoio da Embaixada do Brasil no país. A equipe brasileira se reuniu com o Departamento de Pecuária e Lácteos do Ministério da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, representado pela secretária Alka Upadhyaya, onde, além das assinaturas dos CZIs, foi discutido o acesso para diversos produtos brasileiros tais como material genético avícola, bile não comestível de aves, pet food, ossos desengordurados, chifres, cascos, produtos de reciclagem animal e amireia.

Esses avanços também contaram com o irrestrito apoio da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, que tem sido fundamental no desenvolvimento e na garantia das certificações sanitárias exigidas pelos mercados internacionais.

Durante a reunião, também foram discutidos avanços nas negociações para a exportação de carne de búfalo da Índia para o Brasil, um produto de relevância para o mercado indiano. As autoridades indianas também expressaram seu grande interesse em viabilizar rapidamente o acesso dos produtos caseína, lactose e leite de camelo no mercado brasileiro.

Desde 2023, outros cinco novos mercados foram abertos para produtos brasileiros na Índia: açaí em pó, suco de açaí, pescado de cultivo (aquacultura), pescado de captura (pesca extrativa) e frutos de abacate.

OUTRAS AGENDAS

Além dos acordos formais, a missão incluiu encontros estratégicos com autoridades e partes interessadas importantes para fortalecer o comércio bilateral. Em uma reunião com a secretária Nidhi Khare, do Departamento de Assuntos dos Consumidores, foram discutidas as políticas indianas de importação para pulses, como o Black Matpe e o feijão guandu, visando garantir maior estabilidade comercial e explorar oportunidades de exportação desses produtos para o mercado indiano. Ainda no âmbito institucional, a delegação brasileira realizou uma visita à Embaixada do Brasil na Índia, onde se encontrou com o embaixador Kenneth da Nóbrega e ainda com representantes do Forum of Indian Food Importers (FIFI), com quem discutiram o cenário indiano geral e as perspectivas de colaboração futura e expansão do mercado de alimentos importados.

Complementando os compromissos, o grupo participou de uma reunião com Faiz Ahmed Kidwai, secretário adjunto do Ministério da Agricultura e Bem-Estar dos Agricultores, focada na agenda de negociações fitossanitárias visando a abertura do mercado indiano a produtos brasileiros de origem vegetal. As discussões abordaram tanto as demandas brasileiras, como a abertura de mercado para citrus, erva-mate e castanhas, quanto as prioridades indianas para a exportação de alguns produtos como a romã. A parte indiana formalizou o compromisso de acelerar os tramites internos a fim de publicar os requisitos para tais produtos na maior brevidade possível. Também foi realizada uma reunião no Ministério de Comércio e Indústria com o secretário-adjunto do Departamento de Comércio da Índia, Vimal Anand, abordando a melhoria das condições de acesso de produtos brasileiros na India e a discussão conjunta de mecanismos que possibilitem uma redução de tarifas para produtos tais como algodão, suco de laranja, carne suína e de aves, além de explorar a possibilidade de aprofundar o acordo Índia-Mercosul especificamente para produtos agrícolas.

A missão ainda contou com reuniões voltadas para a segurança dos alimentos e autorização de importação para produtos processados. Em encontro com o CEO Shri Kamala V Rao, da Food Safety and Standards Authority of India (FSSAI), foi discutida a implementação prática das ações prevista no MoU recém assinado entre o Mapa e o FSSAI incluindo uma visita do FSSAI ao Brasil em 2025 e possíveis avanços em cooperação técnica, principalmente na aprovação de novos produtos brasileiros, como a polpa de açaí e a castanha de baru torrada.

“A agricultura brasileira é uma ferramenta poderosa de transformação social, geradora de emprego e renda, e essa missão na Índia reforça o nosso compromisso em ampliar o acesso dos produtos brasileiros no mercado indiano. Recebemos o compromisso do governo indiano de publicar, nas próximas semanas, a consulta pública para a abertura dos mercados de citrus, incluindo tangerina, laranja, limão tahiti e limão siciliano, além da erva-mate. Esse avanço é motivo de celebração, pois fortalece os laços comerciais entre Brasil e Índia. Estamos promovendo o intercâmbio de produtos agrícolas e estabelecendo uma cooperação duradoura, sempre seguindo as diretrizes do Ministro Carlos Fávaro e do secretário Luis Rua,” afirmou Julio Ramos.

COMÉRCIO BILATERAL

O comércio agrícola entre Brasil e Índia ocupa posição relevante, com o Brasil entre os 20 maiores exportadores para o país, principalmente em óleo de soja e açúcar, que representam cerca de 80% das exportações brasileiras. A Índia é o 14º maior destino dos produtos agropecuários brasileiros, com um volume de comércio que alcançou aproximadamente US$ 2,026 bilhões nos primeiros nove meses deste ano e expectativa de crescimento.

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Fonte:
MAPA

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