FPA defende devolução da MP do Leão que taxa exportações

Publicado em 06/06/2024 15:53
Medida afeta mercado em momento de crise e impacta na balança comercial brasileira

A publicação feita pelo Poder Executivo, na última terça-feira (4), da Medida Provisória (MP) 1227/2024, que trata das medidas compensatórias da desoneração da folha, causou preocupação e revolta no setor agropecuário brasileiro. Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) alertam para as consequências danosas no sistema tributário e na forma como os créditos do PIS/Cofins podem ser utilizados.

De acordo com o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), o tema exige um estudo aprofundado, mas rendeu-se à “sanha arrecadatória” do governo federal. Para o parlamentar, a decisão vai na direção contrária ao que o setor busca para as linhas de crédito.

“Estamos procurando soluções para o desenvolvimento do agro e do Brasil e aparece uma decisão completamente fora do que se espera. Nos preocupa e muito as consequências dessa MP, em todos os níveis. O governo sempre nessa vontade insaciável de gastar e prejudicar o país”, afirmou Lupion.

A senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), destacou que a decisão é um verdadeiro retrocesso. Segundo ela, o Governo Federal toma uma atitude que pode parar a economia e a saúde financeira de milhares de empresas.

“A MP mexe no sistema tributário, indo na contramão da reforma, e altera a forma como os créditos do PIS/Cofins podem ser utilizados. É um verdadeiro calote nas empresas, que perderão recursos disponíveis, reduzirão planos de investimentos e, consequentemente, cortarão empregos”, enfatizou.

O deputado Alceu Moreira não vê outra solução a não ser a devolução da Medida Provisória ao Executivo. Ele indica que os problemas vão impactar o agro como um todo. “O impacto dela é devastador e impacta o agro inteiro. Contratos fechados onde as trades não faturam mais, exportadores de frango e suíno não exportam mais e os contratos precisarão ser cancelados. A medida mais correta é o presidente do Senado negociar com o governo e devolver a MP. Não há outra solução”, ressaltou.

Já o deputado Zé Vitor (PL-MG), chamou de “covardia” a ação do Executivo e lembrou que a falta de previsibilidade afeta os investimentos. “É uma decisão absurda que flerta com a inibição da geração de empregos e impede qualquer crescimento econômico. É de uma covardia sem tamanho o que foi feito”, disse ele.

Para o deputado Evair de Melo (PP-ES), a MP é uma ameaça significativa ao setor agrícola. “Como presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, entendo que é meu dever lutar incansavelmente em defesa dos interesses dos agricultores e do agronegócio como um todo. Não podemos permitir que medidas como essa sejam aprovadas sem considerar adequadamente o impacto que terão sobre aqueles que são a base de nossa economia”, afirmou o parlamentar.

Além da FPA, diversas entidades do agro brasileiro emitiram nota de consternação em relação à MP 1227/2024: Sistema OCB; Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO); Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG); Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

Dentre os principais pontos de atenção, foram listados os seguintes:

Restrição à compensação de créditos do PIS/Cofins: Com a MP, esses créditos só poderão ser restituídos ou compensados com créditos das próprias contribuições, não podendo ser usados para outros tributos.

Revogação de hipóteses de ressarcimento e compensação de créditos presumidos do PIS/Cofins.

Alteração de regras de competência para julgamento de processos do ITR: O Distrito Federal e os Municípios poderão julgar processos administrativos do ITR mediante convênio com a União.

Novos requisitos para pessoas jurídicas com benefícios fiscais: Necessidade de preenchimento de declaração acerca dos incentivos e benefícios tributários usufruídos.

Não há margem para novos aumentos de carga tributária: Muito menos atingindo setores que primam pela produção de alimentos, direito fundamental do cidadão, não se tratando tais dispositivos relacionados ao crédito de PIS/COFINS de meros incentivos, mas mitigação de carga tributária a fim de concretizar direitos fundamentais – direito à alimentação.

As medidas anunciadas violam frontalmente a imunidade das exportações: O princípio da não-cumulatividade, o princípio do não confisco, todos previstos na Constituição Federal, ao revogar uma série de mecanismos da legislação da contribuição ao PIS e Cofins, que possibilitariam a compensação do saldo credor de créditos presumidos dessas contribuições com quaisquer débitos controlados pela RFB ou ressarcidos em dinheiro.

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Fonte:
Agência FPA

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1 comentário

  • Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC

    Esse governo quer o direito de centralizar em Brasília a arrecadação dos impostos para depois redistribuir. CUIDADO, CÂMARA FEDERAL! MUITO CUIDADO, SENADORES! OS PAGADORES DE IMPOSTOS SÃO TAMBÉM ELEITORES! O QUE É DOS MUNICÍPIOS DE DIREITO TEM QUE FICAR NOS MUNICÍPIOS! O QUE É DO ESTADO, TEM QUE FICAR NO ESTADO! SÓ TEM QUE IR A BRASÍLIA O QUE É DA UNIÃO! ISSO TEM QUE FICAR BEM CLARO!!! OS ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO PODEM ESTAR SUJEITOS À POSSIBILIDADE DE CHANTAGEM, POR MAIS REMOTA QUE ESSA POSSIBILIDADE POSSA PARECER! a n o t e m !

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