CNA debate perspectivas para o agronegócio no mundo geopolítico
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na quinta (5), do 42º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2023), no Rio de Janeiro.
O evento ocorre até sexta (6) e tem como tema central o comércio exterior competitivo e a base para o desenvolvimento sustentável.
O coordenador de Inteligência e Defesa de Interesses na CNA, Felipe Spaniol, participou de um painel sobre os cenários e perspectivas para o agronegócio no mundo geopolítico instável.
No debate, ele falou sobre a produção de alimentos no mundo, o papel do Brasil no combate à insegurança alimentar e a visão da CNA em relação aos novos e persistentes desafios comerciais.
Spaniol também ressaltou a importância do entendimento da complementariedade do agronegócio com os setores da indústria e do comércio. “Não podemos fazer distinção entre os setores, mas sim termos um olhar de maneira integrada entre eles”, destacou.
Durante o debate, o coordenador da CNA apresentou alguns dados do Sumário Executivo comentado “OCDE – FAO: Perspectivas Agrícolas 2023/2032” , que traz projeções para os próximos dez anos dos mercados de commodities agrícolas e de pescados em nível nacional, regional e global.
“Além das questões relacionadas ao aumento da população e do consumo no mundo, um outro aspecto que pudemos observar é de que o custo de produção, que vem aumentando com as questões geopolíticas mais recentes, pressiona as margens do produtor. Isso pode impactar nos preços finais dos alimentos”, disse.
Para Spaniol, a CNA entende como os principais desafios comerciais o aumento das medidas protecionistas, sem fundamento técnico; altas tarifas para produtos agrícolas; ampliação da rede de acordos com o Mercosul; e os subsídios agrícolas com potencial de distorção.
“Os novos desafios são em relação às regras ambientais, com os regulamentos de países e blocos que são barreiras disfarçadas ao comércio internacional, com medidas que oneram as exportações. Outro desafio que temos é em relação à imagem do agronegócio no mundo”, disse.
Segundo o coordenador, há um verdadeiro desconhecimento do papel da produção agrícola na preservação do meio ambiente e nisso há um descolamento da realidade produtiva.
“O Brasil preserva 66% da sua reserva ambiental. Temos um Código Florestal rígido e já temos uma agricultura sustentável e essa imagem não é passada. Nosso trabalho na CNA é justamente o de inverter essa forma de atuação, muitas vezes reativas, com um trabalho proativo mostrando tudo de bom que o Brasil possui”, enfatizou.
Outro novo desafio apontado por ele durante o debate foi a reconfiguração das cadeias de valor após uma guerra comercial, a própria pandemia da Covid-19 e o conflito entre a Rússia e Ucrânia, que levam a uma remodelagem.
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