Haddad diz ver disposição do agronegócio na agenda ambiental para não perder mercado
NOVA YORK (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que o setor agrícola brasileiro é moderno e interessado em fazer investimentos que promovam ganhos ambientais, mas enfatizou que ainda há muito trabalho a ser feito na pecuária.
"Às vezes olhamos para maus brasileiros, que desmatam, corrompem a natureza, mas essa não é a realidade do nosso agro, que investe em tecnologia, garante espaço no mercado global", disse o ministro durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizado na Bolsa de Nova York.
Os comentários foram feitos no primeiro compromisso desta segunda-feira em Nova York, onde Haddad permanecerá até quarta-feira para apresentar o plano de transformação ecológica do governo Lula a investidores, empresários, acadêmicos e membros da sociedade civil. Esta é a primeira agenda internacional sobre a pauta ecológica brasileira.
Em sua fala, Haddad procurou defender a agenda sustentável do governo aos investidores internacionais, ao mesmo tempo em que elogiou o agronegócio brasileiro -- setor que, nas últimas eleições, demonstrou maior alinhamento aos candidatos da direita, cuja visão é mais conflitante com as demandas ambientais.
"Essa agenda da agricultura moderna está na nossa política. Eu vejo disposição do setor (do agronegócio) em fazer", disse o ministro.
"O agro sabe que se essa agenda não for endereçada, ele vai perder o mercado internacional. Temos que fazer grande trabalho no caso da pecuária", acrescentou Haddad em outro momento da fala.
O ministro defendeu ainda a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética e afirmou que o Brasil possui uma grande vantagem ao contar com uma "bateria" de reserva de energia das hidrelétricas.
Para o ministro, o país pode usar a energia eólica e a solar para abastecimento, deixando a reserva das hidrelétricas para momentos mais "delicados".
Haddad afirmou ainda que o Brasil poderá se tornar um grande exportador de lítio, hidrogênio e produtos verdes. Um dos objetivos, conforme o ministro, é tornar o Brasil um porto de chegada de investimentos que visam a sustentabilidade do planeta.
"Queremos capitalizar o Fundo Clima para financiar projetos verdes", disse Haddad, em referência ao fundo, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que busca garantir recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que tenham como objetivo a mitigação das mudanças climáticas.
"Temos a oportunidade de mostrar que o país está aberto a negócios verdes", acrescentou.
REINDUSTRIALIZAÇÃO VERDE
No mesmo evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu uma "reindustrialização verde" para o Brasil e ressaltou que o Estado deve ser um mobilizador da iniciativa privada nesta área.
"Brasil não vai esperar que o paguem para combater a mudança climática", pontuou.
(Por Marcelo Teixeira; Reportagem adicional de Fernando Cardoso e Fabrício de Castro, em São Paulo)
0 comentário
Coamo antecipa R$185,8 milhões em sobras
Aniversário do Inmet é marcado por nova reestruturação
Economista Pablo Spyer visita Sistema Famato e reforça potencial do agro
“O agronegócio é o novo Vale do Silício”, diz presidente do Sindicarne
CNA e federações do Norte se reúnem com presidente da FPA
Balança comercial do agro paulista tem saldo positivo de US$ 2,78 bilhões em outubro