Abiove se opõe ao fim da Moratória da Soja e joga a responsabilidade para o Governo
SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa traders de soja no Brasil, disse nesta segunda-feira que se opõe a um movimento liderado por alguns agricultores para pôr fim à Moratória da Soja, uma política que impede a comercialização de soja cultivada em novas áreas desmatadas legalmente na Amazônia.
Um grupo de produtores anunciou na semana passada que irá buscar o cancelamento da moratória, afirmando que possui o apoio do presidente Jair Bolsonaro para fazer valer o Código Florestal também no bioma amazonico.
Operadores globais de grãos assinaram a Moratória da Soja voluntariamente há mais de uma década, concordando em não adquirir a oleaginosa de áreas desflorestadas após 2008 na Amazônia. No entanto, agricultores alegam que a medida não respeita a atual legislação brasileira. O Código Florestal brasileiro permite que um proprietário de terras da Amazonia utilize até 20% de sua área para atividades agrícolas.
O presidente da Abiove, André Nassar, disse a repórteres que a moratória é a única ferramenta com que contam as traders para o impedir um eventual uso de áreas desmatadas na Amazônia para o cultivo de grãos, e que a política continuará a ser utilizada.
Segundo André Nassar, a moratória da soja até pode ser revista, mas para que isso aconteça, o país precisa comprovar para o mercado internacional que o desmatamento ilegal está sob controle.
“As associações dos produtores deveriam estar conosco, cobrando do governo uma forma de identificação do desmatamento legal e segregação do ilegal. Tem o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que já está aí. Sistema para fazer isso tem”, disse.
Nassar afirmou que já há legislações no Brasil que abrem caminho para outros tipos de supervisão da agricultura na Amazônia, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), mas que ainda precisam ser totalmente implementadas.
Ele acrescentou, durante a conferência BiodieselBR 2019, que o desenvolvimento desse sistema e a proposição para seu uso não são papéis de operadores.
"O governo deveria fazer isso, para usar dados e ferramentas disponíveis para dizer aos operadores qual produtor está OK e qual não está", disse o chefe da Abiove.
"Nós gostaríamos de utilizar alguma outra ferramenta para monitorar o uso da terra na Amazônia, mas neste momento não existe nenhuma", disse Nassar.
Moratória da Soja condena cidades da Belém-Brasília a viverem na pobreza
A esperança de mudança desse cenário seria a soja. Mas com o exagero de notícias sobre as queimadas em outubro passado - que diziam que toda a floresta amazonica (distante 200 km da calha da Belém-Brasília) estaria sendo consumida pelo fogo, os produtores da região norte do Pará acabaram servindo de "bode expiatório" da causa ambientalista.
Sobre eles foi implantada a temível Moratória da Soja -- um acordo estabelecido entre as traders que proibe a compra de grãos de quem é pego no "Prodes", um sistema que detecta quem estaria retirando a vegetação para plantar soja.
E não adianta provar que a vegetação é formada por capoeiras (cipós retorcidos chamados "juquiras"), que ali não existe mais floresta (retirada há mais de 50 anos), que o manejo é autorizado pela Sema (secretaria de meio-ambiente), e que a "vítima" está em dia com o licenciamento ambiental e o Código Florestal.
Nada disso adianta. Entrou na lista da Abiove (a associação das traders), dificilmente sai.
Só no município de Dom Eliseu são 63 interditados. No restante do Pará e também no Mato Grosso são quase 500 fazendas proibidas de vender para as traders da Abiove. O número de fazendas interditadas pela Moratória não pára de crescer, diz a Aprosoja (entidade que reúne os produtores). Como as chuvas estão chegando, e o preço da soja gira em torno de 90 reais/saca, a revolta é grande.
Quem fica com o maior prejuízo são as pequenas cidades da beira da Belém-Brasília. A pobreza empurra os jovens para Brasília. E quem fica sobrevive de Bolsa Familia, pois o emprego é pouco.
Vanderlei Ataydes, presidente da Aprosoja do Pará, mostra em números a força economica da soja. Para cada emprego gerado dentro de uma fazenda, mais 4 são criados nas cidades. Mas agora, com a Moratória, o povo das cidades da Belém-Brasília está condenado a viver na pobreza.
Entrevista com Vanderlei Silva Ataídes - Presidente Aprosoja Pará
4 comentários
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AGRO É BRUTO Cacoal - RO
Latossolos Amarelos -- Potencialidades e limitações – A principal limitação destes solos é a baixa fertilidade natural, necessitando da correção da acidez e da adubação para obtenção de boas colheitas. Quando ocorrem em relevo acidentado apresentam forte restrição, não sendo recomendados para uso com agropecuária devido ao risco de degradação pela erosão hídrica. São solos de fácil manejo e mecanização nas áreas com relevo plano e suave ondulado, principalmente quando não são coesos. Na Zona da Mata, caracterizada pelo clima úmido, estes solos apresentam bom potencial para cultura da cana-de-açúcar e fruticultura em geral (manga, goiaba, sapoti, jaca, acerola, etc.), após a correção de sua fertilidade.
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
A Abiove representa empresas que vendem óleo vegetal para a Petrobrás, e isso é regulado pela Câmara dos Deputados..., então há interesse comercial nessa jogada..., o que precisamos saber é o porquê do interesse nessas imposições aos produtores, já que lucram e muito com essa empresa estatal monopolista que explora os brasileiros vendendo os combustíveis mais caros do mundo.
A intenção talvez seja pegar esse dinheiro estrangeiro das ongs que querem diminuir a produção brasileira, uma vez que esta mais dificil dos deputados ganharem aquele extra que estavam acostumados.
FÁBIO ROSSETTO DA ROSA BRIANORTE - MT
Difícil de acreditar ou entender que exista uma "ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA" que esta aí para lutar pelo interesses dos compradores INTERNACIONAIS, e não em DEFENDER o produtor nacional - que esta na base da existência desta associação.
Meu voto é de fazer a MORATÓRIA DOS ÓLEOS VEGETAIS E DERIVADOS PRODUZIDOS PELOS INTEGRANTES DESTA ABIOVE; DIGA NÃO A MARGARINA QUALY; DIGA NAO AO ÓLEO DE SOJA SOYA e assim por diante... Vamos começar a dar a resposta na prateleira do supermercado para estas "traders" que se mostram tão preocupadas com a "mãe-natureza".O produtor brasileiro pode mostrar sua força e não r comercializar com as empresas que apoiam a moratória.
Mas....
Gustavo Ribeiro Rocha Chavaglia Ituverava - SP
Produtor não pode baixar a guarda...
O código florestal está aí para normatizar !!! 1- Quem deveria estar ao lado dos produtores era a Abiove e não o contrário ... 2- É sim , com intenção de denegrir produtores e consequentemente os preços de soja no Brasil .. 3- Traga os compradores externos aqui é mostre a eles , ao invés de querer criar normas a bel- prazer ... 4- A produção Brasileira e seus produtores , não são irresponsáveis para serem jogados na vala comum , comparado a grileiros ,etc .. 5- Já temos órgãos de fiscalização ambiental , sanitários , etc , etc .. Qual a razão de querer se interferir no processo , a não ser por interesse comercial e financeiro ... ( Na Gíria ) """" Querer pagar de polícia??"" Ademais , parafraseando Chico Anisio ... """"Não acredito em idealista que lucra com seus ideais""""Concordo com o Gustavo. Além do mais, o André Nassar fala que é preciso separar o desmatamento ilegal do legal, mas se for assim, por que não aceita comprar de área que tem a licença emitida? Só se emite licença ambiental em área legal.
Gustavo Chavaglia, parabéns pelo posicionamento: temos uma legislação clara e que deve ser respeitada por todos, inclusive por compradores! Como muito bem colocado pelo Renan: se há licença ambiental, qual o motivo para o embargo?
Concordo que o código florestal tem de ser mostrado (informado) aos compradores. Nada mais razoável do que se considerar o código florestal como parâmetro. No entanto, é facultado aos comparadores adquirir ou não o produto de acordo com os parâmetros que eles bem entenderem. É óbvio que os motivos desse posicionamento deles é comercial. É igual alguns latícinios que só aceitam fornecedores de leite com determinados parâmetros de qualidade (inclusive do sistema de produção, que vai muito além dos exigidos pelo MAPA)... O que tem de haver aí é um entendimento entre as partes, pois argumentos temos para que isso seja revertido.