Temer reitera defesa da carne e diz que agronegócio não pode ser desvalorizado por pequeno núcleo
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Michel Temer voltou a minimizar nesta segunda-feira os problemas com a carne brasileira revelados pela operação Carne Fraca da Polícia Federal, afirmando que os "números espantam qualquer dúvida" já que a imensa maioria dos frigoríficos sujeitos a inspeção não é alvo de suspeitas de irregularidades.
Temer reiterou ainda, em discurso durante cerimônia de posse do conselho de administração da Amcham, que o Brasil tem um rigorosos sistema de fiscalização sanitária e que percorreu um longo caminho para conquistar mercado internacional, sendo atualmente exportador para mais de 150 países.
"O agronegócio para nós no Brasil é uma coisa importantíssima e não pode ser desvalorizado por um pequeno núcleo, uma coisa que será menor, apurável, fiscalizável, punível se for o caso, mas não pode comprometer todo o sistema que nós montamos ao longo dos anos", afirmou.
Segundo o presidente, os números de pessoas e unidades suspeitas de envolvimento no esquema de fraude em fiscalização descoberto pela PF apontam para uma escala pequena do problema.
De acordo com números do governo, de 4.837 unidades frigoríficas sujeitas à inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em eventuais irregularidades, enquanto dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados.
No domingo, Temer convocou uma reunião de emergência com ministros, executivos e diplomatas estrangeiros para tentar acalmar as preocupações com a qualidade da carne brasileira, que é responsável por 12 bilhões de dólares em exportações por ano.
Apesar do esforço do presidente, que inclusive levou alguns diplomatas a uma churrascaria de Brasília após a reunião, alguns países já anunciaram medidas restritivas contra a carne do Brasil, incluindo China, União Euorpeia, Coreia do Sul e Chile.
Além de abordar a questão da carne, Temer aproveitou o discurso na Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) para defender as reformas econômicas empreendidas pelo governo.
O presidente citou a elevação na perspectativa do rating do Brasil pela agência Moody's, que passou de negativa para estável, como uma demonstração de que há uma sensação de melhora na economia do país.
Temer também reiterou a necessidade de aprovação da reforma da Previdência no Congresso e disse que a prioridade número um do governo é criar empregos.
(Reportagem de Eduardo Simões; Texto de Pedro Fonseca; Edição de Alexandre Caverni)
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