Crise econômica leva venezuelanos a adotarem agricultura urbana
Por Diego Oré
CARACAS (Reuters) - Diante de uma crise alimentar de âmbito nacional, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está incentivando seus compatriotas a cultivar frutas e vegetais em sacadas, telhados e tendas por todo o país.
A "Grande Missão Agro-Venezuela" de seu governo está promovendo a agricultura urbana para compensar a escassez de produtos, que tem levado a saques e tumultos no país, que é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e atualmente atravessa uma grave crise econômica.
"Precisamos plantar para garantir a soberania alimentar", disse Maduro, contando como ele e sua mulher usaram abóboras cultivadas em seu pátio para fazer uma sopa "divina".
"Aquele que aprende a cultivar em sua cidade, sua escola, sua universidade, sua fábrica, seu espaço comunal... cultiva outra forma de fé na vida", acrescentou, encorajando as pessoas a plantarem em escolas, bases militares e até em prisões.
Segundo os primeiros dados da nova iniciativa, o governo Maduro pode se vangloriar de que, nos últimos três meses, cerca de 135 mil venezuelanos produziram 273 toneladas de vegetais, frutas e ervas em instalações urbanas.
A produção parece bem abaixo da meta deste ano, 3.500 toneladas. Críticos dizem que o projeto é risivelmente inadequado em vista da escala dos problemas da Venezuela e absurdo em uma nação vasta e fértil que já foi uma grande exportadora de café.
"Quarenta mil hectares de terra produtiva neste país e a solução de Nicolás é a agricultura urbana!... Você o ouve e ele está um século atrasado!", desdenhou Henrique Capriles, opositor e duas vezes candidato a presidente que acusa o governo de arruinar a produção rural com nacionalizações.
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