Cenário macroeconômico dita o caminho das commodities
Commodities agrícolas devem ser influenciadas por fatores macroeconômicos internacionais, em especial, pela saída do Reino Unido do bloco econômico europeu. Quem afirma é a consultoria INTL FCStone, em estudo especial, onde afirma que o Brexit pode engendrar instabilidade nos mercados financeiros, que deve ser percebida caso os dados das economias britânica e europeia exibam sinais de enfraquecimento resultante da decisão.
“Sob essas condições, o ambiente seria de aversão ao risco, levando os agentes a reverterem seus recursos para investimentos seguros nas economias centrais e pressionar o preço das commodities”, explica a coordenadora de inteligência de mercado do grupo, Natália Orlovicin.
Para o cacau, por exemplo, apesar dos maiores impactos já haverem sido absorvidos, o Brexit criou um panorama de incertezas nos mercados e pode pressionar o euro (moeda utilizada pela maioria dos operadores desse produto). Ademais, políticas de flexibilização monetária na União Europeia também tendem a desvalorizar a divisa europeia.
Em relação à economia global, o analista de mercado, Vitor Andrioli, explica dois cenários possíveis pós-Brexit. No primeiro, otimista, o desarranjo financeiro previsto ao redor do mundo não se concretizaria e as medidas de estímulo colocadas em prática pelas economias centrais, injetando liquidez nos mercados, é recebida por investidores com apetite por risco. “Diante das condições atuais, o diferencial de remuneração das commodities e dos ativos de economias emergentes atrairia parte significativa desses recursos, conferindo um viés baixista para o dólar”, explica Andrioli.
Alternativamente, o cenário pessimista considera a manifestação de sintomas de instabilidade a despeito dos estímulos monetários nas economias centrais, acentuando a aversão ao risco e promovendo a fuga de capitais para a qualidade, o que se traduziria em um dólar mais forte.
“Com o Brexit, a economia global entra em território desconhecido. A mudança na configuração das relações entre britânicos e europeus e o surgimento de iniciativas semelhantes podem fragilizar o bloco, conduzindo para baixo as projeções para o crescimento mundial em 2016”, resume o analista da consultoria.
Já no Brasil, a INTL FCStone aponta que a votação definitiva do Senado a respeito do impeachment da Presidente afastada, Dilma Rousseff, deve continuar no radar e pode trazer novas oscilações cambiais, com influência direta no mercado interno de commodities. Além disso, a atuação do novo Banco Central, presidido por Ilan Goldfajn, deve ser monitorada, tendo em vista o posicionamento da instituição em relação ao futuro da taxa de juros brasileira.
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