Governo intervém e muda seleção de diretores da Embrapa

Publicado em 13/04/2011 08:08
O processo de seleção dos diretores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), baseado em critérios técnicos de recrutamento, será extinto por intervenção direta da presidente Dilma Rousseff. E o mandato de três anos garantido aos diretores da estatal valerá somente para os atuais executivos recém-confirmados no cargo.

Em meio à disputa de grupos internos pelo comando da principal instituição de pesquisa rural do país, o Palácio do Planalto interveio na condução da empresa para "adequar" a estratégia às suas prioridades. Em sua análise, segundo apurou o Valor, a presidente identificou uma "excessiva autonomia" da atual direção, a necessidade de rever planos para o orçamento de R$ 1,8 bilhão em 2011 e o desejo de "ajustar" o foco da empresa.

A Embrapa tem papel fundamental no monitoramento por satélite das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no sucesso da transferência de tecnologia a países da África, continente onde o Brasil disputa influência com a China.

Na teoria, a seleção faria "blindagem" contra ingerências políticas na empresa. Mas estimulou as disputas. As brigas internas renasceram sob o comando do atual presidente Pedro Arraes. O grupo de "fundadores" da empresa se indispôs com sindicato dos trabalhadores. A bancada do PT passou a reivindicar mais espaço e a reclamar da forte influência dos ruralistas nos rumos da empresa. Como pano de fundo, estavam divergências sobre parcerias com multinacionais do agronegócio, tratamento desigual à agricultura familiar e abordagem das questões ambientais da Embrapa.

Insatisfeita com a conflagração, a presidente Dilma Rousseff resolveu ter mais controle sobre os destinos da Embrapa. A Casa Civil ordenou ao Conselho de Administração (Consad) da empresa o fim do "comitê de busca" dos diretores. E avisou que os novos indicados poderão ser substituídos. O próprio Pedro Arraes, no comando desde julho de 2009, está sob ataques. No ato de nomeação de Arraes, não constou a "garantia" do mandato de três anos como no caso dos novos diretores, todos pesquisadores concursados, que devem permanecer até abril de 2014.

Em viagem à China, Arraes não foi localizado pela reportagem. A nova diretora Vânia Castiglioni afirmou: "Oficialmente, não tenho informações sobre isso. Cabe ao presidente do Consad falar sobre isso". Procurado, o presidente do Consad e secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, preferiu não comentar o tema.

Mas o sindicato dos trabalhadores (Sinpaf) afirmou ter recebido essas informações do Palácio do Planalto. E comemorou a decisão: "O estatuto não prevê comitê nem dá poderes ao Consad para isso", disse Vicente Soares de Almeida. Para ele, o comitê não "blindou" a empresa de indicações políticas. "Veio goela abaixo depois que Pedro Arraes assumiu e quis fazer o mesmo com seus diretores. Não teve transparência. Não se sabe pontuação para critérios, etapas do processo nem teve espaço para questionamentos". Almeida afirmou que "um grupo se apropriou da Embrapa" e que a presidente Dilma "atende aos interesses da sociedade" ao colocar fim do comitê.

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Fonte:
Valor Econômico

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1 comentário

  • Giovanni Rezende Colinas do Tocantins - TO

    A ditadura da cúpula do PT precisa ser barrada. Perseguição aos opositores, enfraquecimento das instituições democráticas, supressão de autonomia em vários setores da sociedade, etc, são as constantes nos dois governos do PT.

    Getúlio Vargas, e posteriormente o governo militar não conseguiram ser "tão competentes" nesses tipos de atitudes. Chega de autoritarismo em nosso país. Será que a democracia no Brasil nunca amadurecerá?

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