Condições de rodovia que escoa soja de MT encarecem transporte

Publicado em 25/02/2011 17:05
Problemas na BR-364 já prejudicam antes mesmo do pico da colheita, que deve ocorrer a partir da segunda quinzena de março.
A colheita das lavouras de soja em Mato Grosso ainda não está no pico. Mesmo assim, o escoamento da safra já esbarra em alguns obstáculos. Nas regiões sul e sudeste do Estado, o transporte dos grãos está ameaçado pelas péssimas condições de uma das principais rotas utilizadas: a BR-364. O problema preocupa agricultores e principalmente os motoristas, que também reclamam da falta de estrutura em alguns terminais de recebimento da carga.

Os buracos na rodovia se multiplicam. Em alguns trechos, para desviar das crateras, é preciso fazer manobras arriscadas. Em outros, trafegar na contramão se tornou comum, e a imprudência que é repetida por muitos que passam pela BR-364. No percurso entre Rondonópolis e Alto Araguaia, no sudeste de Mato Grosso, por onde passa grande parte da produção de grãos que sai do Estado com destino ao Porto de Santos, as condições precárias colocam em risco os motoristas e encarecem as despesas dos transportadores e dos usuários do serviço.

O empresário Adelino Bissoni, por exemplo, reclama do perigo em passar por buracos na rodovia.

– O caminhão fica muito tempo na oficina, parado, e você deixa de faturar – conta.

Adelino é produtor rural e dono de uma transportadora. As estradas ruins aumentam, só com combustível, em até 40% os gastos. Custo que deve ser repassado aos produtores. O preço da tonelada exportada de Rondonópolis para Santos pode chegar a R$ 190.

– Com isso aumenta muito o custo da transportadora, que é obrigada a repassar para o produtor, para quem está contratando o frete. Não tem outra alternativa. Do contrário, a transportadora sai do mercado – argumenta o empresário.

O motorista Laurindo Luiz da Silva transporta grãos há mais de 20 anos, e está revoltado com as condições da BR-364 em Mato Grosso.

– Eles vêm colocando cascalho no buraco. O primeiro caminhão que passa, leva o cascalho embora. O segundo, bate no buraco e fura o pneu. Se vocês passarem por lá, verão caminhões parados que acabaram de estourar os pneus. E a gente não tem o que fazer – reclama o motorista.

Os problemas na rodovia já prejudicam o escoamento antes mesmo do pico da colheita, que deve acontecer a partir da segunda quinzena de março.

A assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que a revitalização da malha está prevista na primeira etapa do programa “crema” e que o investimento no trecho de 310 quilômetros citado na matéria deve chegar a R$ 109 milhões.

Espera
Mas não é apenas a situação das estradas que preocupa e revolta os motoristas. Muitos também reclamam do tempo de espera e das condições encontradas em alguns terminais de recebimento de grãos. No ano passado, esses problemas provocaram protestos dos caminhoneiros, que por duas vezes bloquearam a BR-364 na região de Alto Araguaia, a 420 quilômetros de Cuiabá.

Longas filas e muita paciência para descarregar os produtos. Em alguns casos, é preciso esperar mais de dez dias para entregar a carga. E muitas vezes os locais deixam a desejar.

– Aquilo ali é desumano, você é maltratado da hora que você entra até a hora em que você sai. Você fica até 24 horas esperando na fila pra poder descarregar a soja. Você pergunta pra eles que horas será descarregado, e eles mandam aguardar no caminhão. Então, você passa a noite sem dormir e, quando descarrega, tem que pegar a estrada, porque o patrão pressiona. Isso aqui é horrível. Sem banheiro, é desumano! O pátio é ruim, muita poeira. Na hora do movimento, isso fica uma poeira só – diz o motorista Arley Vasconcelos de Menezes.

Campanha
A Federação dos Trabalhadores Rodoviários de Mato Grosso iniciou uma campanha de mobilização da categoria, em conjunto com as entidades que representam o setor nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Os caminhoneiros querem ser indenizados pelo tempo que ficam parados e também cobram melhorias na infraestrutura dos pátios das empresas que recebem os grãos.

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Fonte:
Canal Rural

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