Preferência pela importação de carros leva caos logístico para exportação de café e rochas naturais no ES
Os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o Brasil alcançou um superávit de US$ 6,711 bilhões em junho em sua balança comercial. No entanto, os números poderiam ser ainda mais expressivos se não fossem os problemas logísticos que afetam toda a cadeia exportadora do país.
Em algumas regiões, os problemas são de infraestrutura. No estado do Espírito Santo, empresários pedem soluções para as operações de exportação do Porto de Vitória, administrado pela Vports, responsável também pelo único terminal de contêineres no Terminal de Vila Velha.
Segundo fontes ouvidas pelo Notícias Agrícolas, como por exemplo Lucas Moreno, da Ellox Digital, a administração atual do Porto de Vitória tem dado preferência à importação de outros produtos, especialmente carros, o que tem gerado filas de navios. Os impasses já duram pelo menos dois anos, mas os exportadores afirmam que a situação está no "limite". Recentemente, uma carta aberta foi publicada por lideranças dos setores de rocha e café, pedindo soluções urgentes para o cenário atual.
"O atual cenário demonstra que, apesar das inúmeras reuniões e tratativas no Comitê COMEX/ES, que contaram com a participação da Autoridade Portuária, representantes dos terminais portuários, operadores portuários e usuários, não se observa na prática a adoção de qualquer ação efetiva para melhorar a capacidade das operações portuárias, especialmente no terminal de contêineres", afirma o documento assinado por Tales Machado, presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais, e Fabrício Tristão, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV).
De acordo com o documento, os gargalos logísticos têm impactos significativos na balança comercial do estado. O Brasil tem avançado nas exportações de conilon no último ano, e o CCCV afirma que mais de um milhão de sacas de café foram desviadas para embarques em portos como o Rio de Janeiro, "por falta de capacidade de embarque em Vitória e para evitar prejuízos maiores", conforme explica a nota.
Os exportadores encontram soluções, mas precisam assumir custos mais elevados para atender à demanda internacional. Cintia Bento, da Cofco Café, explica que, com a mudança de rota, além do trajeto mais longo, a operação para o Rio de Janeiro é pelo menos 40% mais cara.
"Hoje estamos enviando aproximadamente 50% da carga para o Rio, mas o problema está no limite. É preciso lembrar que lá os armadores ainda não têm rota semanal, o que é outro impasse", afirma.
Para os profissionais de logística e exportação, o gargalo atual também traz a necessidade de negociação junto ao comprador final. A carga de café da Cofco tem como principais destinos a Europa e os Estados Unidos, principais blocos compradores de cafés do Brasil.
O Brasil é o 5º maior exportador de rochas naturais do mundo. Com receitas de exportações que giram em torno de U$ 1,2 bilhão anuais para mais de 130 países, o segmento contribui com superávit da balança comercial do Brasil em mais de U$ 1 bilhão/ano. As rochas naturais brasileiras são exportadas principalmente em forma de “blocos” brutos, que representa 23% do total, e em chapas beneficiadas, que representam 77% de toda exportação brasileira.
CONFIRA A CARTA NA ÍNTEGRA:
O QUE DIZ A VPORTS
Em nota oficial, a Vports informou que os gargalos logísticos são de fato um desafio imposto ao setor exportador mundial, e que novas reuniões estão sendo agendadas para buscar soluções para o estado. Confira a nota na íntegra:
A Vports esclarece que questões relacionadas à disponibilidade de contêineres são desafios que hoje se impõem ao segmento portuário no mundo, em decorrência do aumento do volume de exportações e importações. Mesmo neste contexto, o complexo portuário de Vitória registrou, no primeiro semestre deste ano, movimentação recorde, com um incremento de 28% em relação ao mesmo período de 2023.
Considerando este momento, a autoridade portuária está agendando reuniões com representantes de diversos setores produtivos, mobilizada para levantar alternativas e encontrar soluções conjuntas para as demandas, certa de que a complexidade do assunto exige parceria, dedicação, comprometimento e responsabilidade de todas as partes em prol do desenvolvimento econômico do Espírito Santo.
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