Cacau: Clima e manejo colaboram e importação tem forte queda

Publicado em 04/02/2011 07:15
Com a produção maior de cacau nacional, as indústrias processadoras reduziram a importação da amêndoa. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), em 2010 foram compradas do exterior 47,6 mil toneladas, 35% menos do que em 2009.

De acordo com estimativas da TH Consultoria e Estudos de Mercado, nesta temporada, 2010/11, que termina em abril, a safra brasileira deve atingir 195 mil toneladas, 26% mais do que na safra anterior, quando o país colheu 154,9 mil toneladas. Além de o produtor ter aprendido a controlar a vassoura de bruxa, fungo que ataca o cacaueiro, ele também vem sendo estimulado pelos preços mais remuneradores da cultura.

Nos últimos três anos, a tonelada da amêndoa vem se mantendo valorizada, sendo que somente neste ano a alta acumulada é de 8,65%, de acordo com levantamento do Valor Data.

Apesar do avanço da área e dos projetos de fomento à melhoria da produção, o Brasil não deve ainda ser autossuficiente pelo menos, nos próximos cinco anos, diz Laerte Moraes, diretor da área de Cacau e Chocolate da Cargill.

Mas ele reconhece que a necessidade de importação foi muito reduzida nos últimos anos. "Do total de amêndoa processada no Brasil, 70% a 75% são de cacau nacional. Esse percentual era de 50% há dez anos", diz Moraes.

Com capacidade para processar 85 mil toneladas em sua planta em Ilhéus (BA), a Cargill usa nessa unidade cacau de quatro origens diferentes, conta o executivo. São elas Bahia, Pará, África (Costa do Marfim e outros países africanos) e Ásia (Indonésia).

A importação, diz ele, não se justifica apenas por uma questão de volumes, mas para atender demandas específicas dos clientes. "Normalmente, fazemos misturas de matérias-primas, mas dependendo do tipo de produto que será fabricado pelos nossos clientes, temos que ter cacau de origens específicas", detalha Moraes.

Do cacau, retira-se basicamente três produtos: o líquor, a manteiga e o pó. O cacau da Bahia, por exemplo, tem um pó mais vermelho, muito usado em bebidas lácteas e na elaboração de achocolatados. O paraense, por outro lado, tem um pó mais claro, mas com um sabor mais suave que o baiano, característica muito demandada nas sobremesas lácteas. "Temos uma infinidade de pós de coloração e intensidade de sabor diferentes para atender diversas empresas com seus produtos específicos.

A Cargill não revela qual o seu volume processado de cacau por ano em Ilhéus, que foi a primeira unidade de cacau da empresa no mundo. Hoje, a fábrica responde por 15% da capacidade total da múlti, que é de 600 mil toneladas.

Apesar de essa área representar apenas 5% das receitas totais da empresa no Brasil, quando se trata de resultado esse percentual sobe para algo na ordem de 10%. "Apesar de os volumes serem menores do que de outras commodities, o valor agregado dos subprodutos do cacau são mais elevados", explica Moraes.

Além da indústria de Ilhéus, que processa a amêndoa, a Cargill tem uma unidade de chocolate em Porto Ferreira (SP). De tudo o que a empresa vende, 65% seguem para o mercado interno e 35% para a exportação, parte para compensação tributária do imposto de importação do cacau, e também para desovar o volume de manteiga de cacau que não é absorvido no mercado brasileiro.

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Fonte:
Valor Econômico

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