Em cena, a evolução agrícola do Paraná
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) apresenta no Parque Ney Braga um painel histórico de 50 tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas. ""Foi um modo que encontramos para homenagear a Sociedade Rural, valorizar a parceria entre as duas instituições e mostrar ao visitante um pouco da evolução científica que o Paraná ajudou a promover"", explica Isaura Granzotti, responsável pelo estande na 50 ExpoLondrina.
O coordenador de difusão de tecnologias do Iapar, Marcos Valentin Ferreira Martins, lembra que muitas tecnologias apresentadas no painel, especialmente variedades, já não são mais recomendadas, mas ""significaram importante avanço tecnológico à época em que foram lançados e tiveram um papel decisivo na definição do padrão técnico que hoje praticamos no Estado"".
Um exemplo é a cultivar de trigo Iapar 1 - Mitacoré, lançada em 1980, que, comparada com as cultivares existentes no mercado da época, ""trazia um importante salto diferencial no aspecto de produtividade e resistência a doenças"", recorda o pesquisador Carlos Roberto Riede.
Segundo Riede, o programa de pesquisas em trigo foi um dos primeiros a ser instalados quando da fundação do Iapar. ""Mitacoré significa "o filho esperado", e essa variedade foi um marco, pois o Paraná passava a desenvolver tecnologia própria para seus agricultores"", conclui.
Maçã e café
As variedades de maçã Iapar 75 - Eva e IPR Julieta também serão apresentadas no painel. Esses materiais foram desenvolvidos como opção aos produtores do Paraná que têm propriedades onde o inverno não oferece frio suficiente para viabilizar a produção (a macieira é uma planta de clima temperado e necessita certo número de dias frios para florescimento e produção de frutos). E, além de viabilizar a produção de maçãs em áreas antes improváveis para o cultivo no Estado, já se disseminaram para várias regiões do Brasil e hoje estão presentes em zonas produtoras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e até na Bahia.
Também estará na mostra o conjunto de tecnologias que viabilizou o plantio de café adensado. Dentre elas, destaca-se a variedade Iapar 59, lançada em 1992. Primeira cultivar de porte baixo desenvolvida no Paraná, ela teve papel fundamental na viabilização do adensamento das lavouras cafeeiras, modelo tecnológico que possibilitou ao Estado retomar sua cafeicultura, aniquilada desde a geada de 1975.
De acordo com o especialista Armando Androcioli, responsável pelas pesquisas em café do Iapar, a proposta lançada no início da década de 90 apontava para a produção de cafés de qualidade, em lavouras com espaçamento reduzido, para ocupar menos área e viabilizar a diversificação da propriedade (a maior parte da produção de café no Paraná é feita por agricultores familiares). ""Para isso, foi preciso desenvolver variedades de porte baixo, resistentes à ferrugem e com diferentes épocas de maturação do fruto, para possibilitar o escalonamento da colheita e otimizar o uso da mão de obra"", explica.
Segundo Androcioli, a condução de cafeeiros no sistema adensado envolve um conjunto de mais de 70 práticas tecnológicas que devem ser aplicadas de forma integrada, incluindo, entre outras, a adoção de podas regulares e monitoramento do risco de geadas (o ""Alerta Geada"").
O Paraná tem atualmente 93 mil hectares cultivados com café. Cerca de 55% dessa área é conduzida no sistema adensado, respondendo por 70% da produção total (para este ano, a previsão de colheita da atual safra é em torno de dois milhões de sacas beneficiadas).
A exposição do Iapar apresenta ainda temas como zoneamento agropecuário, citricultura, cultivo de seringueiras, recomendações para o plantio direto e diversos outros avanços tecnológicos. Visitas ao estande podem ser feitas das 10 às 19 horas, durante todos os dias da 50 ExpoLondrina.
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