Agricultores criticam atuação da ALL e equipamentos portuários

Publicado em 09/02/2010 07:36
Com tantos obstáculos a serem superados, é surpreendente que pequenos e médios produtores agrícolas do Brasil ainda consigam, mesmo em pequena escala, escoar suas cargas até os portos do País. No Paraná, os representantes dos agricultores criticam os inúmeros gargalos ferroviários, os altos valores dos pedágios e os equipamentos ultrapassados em operação no Porto de Paranaguá (PR). Entre as consequências, o predomínio do transporte pelo modal rodoviário e a desconfiança dos armadores quando são contratados para embarques na costa do estado.

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De acordo com o assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo, os pequenos produtores não têm acesso ao modal ferroviário porque é necessário completar cinco vagões de carga para enviar a mercadoria até Paranaguá. A alternativa restante é participar de um “pool” para embarcar a carga, mas para isso é preciso encontrar outros produtores com vendas já realizadas, o que demanda tempo e atraso a entrega ao comprador.

O jogo de interesses das concessionárias que operam a malha ferroviária paranaense é um dos principais motivos para que as rodovias ainda concentrem cerca de 70% das cargas movimentadas no estado, explica o assessor da Faep. A Ferroeste, empresa pública, opera o trecho que vai de Cascavel a Guarapuava, local onde inicia a linha administrada pela América Latina Logística (ALL), que deságua no Porto de Paranaguá. “É um transtorno porque são duas concessionárias operando um mesmo destino. Para piorar, a ALL se coloca na situação de vantagem e só faz o trecho quando tiver interesse. Ou seja, quando a carga é em Guarapuava, tem que se sujeitar ao tráfego permitido pela ALL, que pode liberar no dia seguinte ou só na outra semana”.

Outra queixa de Camargo reside no fato de a ALL não liberar o acesso da Faep à planilha de custos das tarifas cobradas. Ele reconhece que a Federação conseguiu informações sobre alguns valores porque alguns usuários se dispuseram a entregá-los “em off”. A tarifa cobrada, segundo sua avaliação, não é baseada nos custos que a ALL tem. A concessionária cobra de acordo com a oportunidade que vê no mercado. Apesar de manter valores abaixo do frete rodoviário, a ALL deve reajustar suas tarifas de acordo com o aumento dos preços cobrados por caminhão, independente de seus custos terem crescido ou não.

Sobre o direito de passagem que a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) promete regularizar em 2010, o técnico da Faep reclama que a questão já estava prevista no contrato de concessões e jamais foi cumprida. “Estamos esperando essa regulação há dez anos”.

E não é apenas nas ferrovias que os produtores encontram dificuldades. No modal rodoviário, os preços dos pedágios são considerados “excessivos” e estão no topo da lista de reclamações. “Desde que foi criado o pedágio nas estradas paranaenses, a reclamação é incessante. As estradas pedagiadas até tem melhor qualidade, mas não somos contra o pedágio, somos contrários ao preço excessivo”. Para a Faep, não há distinção entre rodovias estaduais e federais. Ambas são alvo de críticas. “O que precisamos fazer e sentar é negociar com as concessionárias. Mas não sei se teremos sucesso. Nunca houve uma rodada de negociação. Ainda não tentamos, não sentimos clima pra isso. Talvez com o novo governo [do estado do Paraná] haja clima”.

Para este ano, já se fala em reajuste dos fretes rodoviários que estão represados há três anos. Atualmente, o valor dos principais trechos gira em torno de R$ 60 por tonelada. A previsão é de aumento em mais de 30%, elevando o preço para cerca de R$ 80.

Problemas portuários
Camargo afirma que são muitas as queixas dos exportadores referentes à qualidade dos equipamentos portuários de Paranaguá. “Os shiploaders, por exemplo, são obsoletos. Poderiam funcionar movimentando 1.500 toneladas por hora, mas funciona com 300, 500 toneladas por hora”. Ele avalia, ainda, que correias transportadoras e elevadores também são muito antigos e que os armadores que operam no Porto acabam cobrando a mais devido a esse cenário tido como problemático.

Outra reivindicação dos agricultores é a dragagem nos berços de atracação do Porto. Camargo elogia a finalização da dragagem que foi feita no Canal de Galheta, mas lembra que nada adianta navios maiores acessarem o complexo portuário e não saírem com carga total devido a restrições de calado nos berços. “Isso encarece o frete do navio”.

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PortoGente

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