Prêmios da soja do Brasil superam US$1/bushel e limitam queda de preço, diz Cepea
SÃO PAULO (Reuters) - Os prêmios para a soja brasileira em relação às cotações da bolsa de Chicago mantiveram-se firmes nesta semana, superando US$1 por bushel devido à maior demanda, o que colaborou para evitar uma queda maior nos preços locais em meio a uma colheita da safra recorde no Brasil, apontou análise do Cepea nesta sexta-feira.
Segundo o centro de estudos da Esalq/USP, as negociações envolvendo soja estiveram "mais aquecidas nesta semana, "influenciadas pelas maiores demandas externa e doméstica".
Essa conjuntura, em momento em que a China tende a preferir o Brasil aos Estados Unidos por conta das "guerra" de tarifas, elevou os prêmios de exportação para o maior valor desde 2022, sendo ofertado no porto de Paranaguá (PR) a 75 centavos de dólar/bushel pelo comprador e a US$ 1,15/bushel pelo vendedor, com um pico visto na quinta-feira.
Nesta sexta-feira, os prêmios cederam um pouco, mas ainda estavam acima dos 70 centavos de dólar/bushel vistos na semana passada e dos descontos 50 centavos de dólar/bushel registrados há um ano.
"Diante desse contexto, no spot nacional, as quedas nas cotações foram limitadas -- em algumas regiões, os valores até encontraram sustentação. De modo geral, contudo, a maior oferta de soja e a desvalorização do dólar seguem causando pressão sobre os valores da oleaginosa", afirmou o Cepea em análise.
Na quinta-feira, o Indicador CEPEA/ESALQ - Paranaguá fechou a R$133,32/saca de 60 kg, recuo de 1,2% frente ao da quinta anterior.
Em termos regionais, os preços ficaram praticamente estáveis. O Indicador CEPEA/ESALQ - Paraná da soja cedeu 0,1% de 13 a 20 de março, fechando a R$127,99/saca. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores caíram 0,1% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no de lotes (negociações entre empresas).
No milho, o avanço da colheita de verão passou a limitar o aumento dos preços em algumas regiões acompanhadas pelo Cepea e a resultar em queda em outras.
"De um modo geral, contudo, as altas nos valores ainda prevalecem, sustentadas pela retração de grande parte dos vendedores, que prioriza os trabalhos de campo e as entregas de lotes de soja", disse o Cepea.
Em São Paulo, os preços seguem firmes, diante das dificuldades logísticas e da posição firme de vendedores paulistas, que estão à espera de novas valorizações. Com isso, entre 13 e 20 de março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas - SP) subiu 0,2%, fechando a R$ 90,08/saca, retornando ao patamar nominal de abril de 2022.
(Por Roberto Samora)
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