Fed deve debater riscos econômicos crescentes em sua próxima reunião

Publicado em 14/03/2025 08:03

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Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumiu o cargo em janeiro, ele tem implementado novas tarifas de importação -- com mais taxas a serem anunciadas --, iniciou demissões em massa e cortes de gastos no governo, arriscou uma ruptura política com a Europa e reconheceu que uma economia, que estava bem quando ele assumiu o poder, agora enfrenta alguns solavancos, ou até algo pior.

A confiança das empresas e dos consumidores caiu, algumas medidas de manufatura enfraqueceram e os preços das ações recuaram drasticamente, um possível precursor de gastos mais lentos entre as famílias mais ricas que têm sustentado o consumo geral.

O crescimento do emprego tem persistido em grande parte, e a inflação continua desacelerando, de acordo com os dados mais recentes, mas as tarifas impostas pelos EUA e as ações de retaliação dos parceiros comerciais aumentam a chance de uma reversão.

São muitos fatores para serem assimilados e, na próxima semana, as autoridades do Federal Reserve - os mais importantes tomadores de decisões econômicas dos EUA fora do novo governo - se reunirão em Washington para tentar entender como o cenário mudou desde sua última reunião em janeiro.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse que "não nos cabe criticar... ou elogiar" as decisões do governo, mas eles terão que gerir as consequências e, se o cenário em janeiro era incerto, os riscos que eram amplamente especulativos naquele momento se tornaram mais tangíveis.

Uma pesquisa recente da Reuters encontrou quase unanimidade entre os economistas de que os riscos de recessão no curto prazo aumentaram, enquanto alguns dos principais analistas econômicos afirmam que a desaceleração do crescimento pode ser acompanhada por preços ainda em alta.

Esses dois fatores juntos poderiam forçar Powell e seus colegas a fazer escolhas difíceis entre apoiar a economia e os empregos com cortes na taxa de juros ou manter os juros altos para garantir que a inflação e as expectativas de inflação permaneçam controladas.

Espera-se que o Fed mantenha os custos dos empréstimos estáveis na reunião de 18 e 19 de março, mas novas projeções econômicas mostrarão como o grupo de 19 autoridades vê os primeiros meses de Trump em termos de desemprego, inflação e crescimento, e a política monetária necessária em resposta.

Os investidores esperam que o Fed reduza os juros em 0,75 ponto percentual nos próximos nove meses, em comparação com 0,5 ponto que os membros projetaram em dezembro.

A possibilidade de conflito entre a meta de inflação de 2% do Fed e as metas de emprego tem se infiltrado nos discursos das autoridades, uma vez que a amplitude dos planos tarifários de Trump levantou preocupações de que eles pudessem causar um grande choque nos preços e, igualmente importante para o Fed, um choque nas expectativas do público.

Junto de outras ações que podem desacelerar o crescimento, como a demissão de funcionários federais e o cancelamento de contratos, os primeiros dias de Trump desencadearam um conjunto contraditório de forças que deixam o Fed avaliando se os fatores que podem aumentar os preços ou os que podem desacelerar o crescimento e o emprego passam a dominar.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, chamou o cenário de um período de "desintoxicação" para afastar a economia dos gastos públicos. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que até mesmo uma recessão "valeria a pena" para colocar em prática as políticas de Trump.

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Fonte:
Reuters

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