Dólar caminha para queda de 2% na semana com mercado de olho em IPCA e dados de emprego nos EUA
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista tinha leve alta frente ao real nesta sexta-feira, mas estava a caminho de registrar a segunda semana consecutiva de perdas, enquanto os investidores avaliavam dados de inflação no Brasil e se posicionavam para a divulgação de números de emprego nos Estados Unidos.
Às 9h30, o dólar à vista subia 0,28%, a 6,0601 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,28%, a 6,074 reais na venda.
A moeda norte-americana caminha para uma queda de quase 2% na semana.
Após sessões seguidas em que o foco dos investidores esteve completamente voltado para o cenário externo, as atenções se direcionavam para a agenda macroeconômica no Brasil no inicio do pregão desta sexta, à medida que o mercado começa a receber os primeiros dados importantes do ano.
O IBGE informou que o IPCA subiu 0,52% em dezembro, de um ganho de 0,39% no mês anterior. Com isso, o índice encerrou o ano de 2024 com uma alta de 4,83%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central -- com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
As leituras recentes de inflação, a desancoragem das expectativas de preços no futuro, a percepção de uma atividade econômica superaquecida e a deterioração do real fizeram o Banco Central acelerar o ritmo de aperto dos juros no mês passado.
A autarquia elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizou mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas primeiras reuniões deste ano, o que inclui o encontro de janeiro.
O resultado da inflação, que veio um pouco abaixo do previsto por economistas consultados em pesquisa da Reuters, não parecia impulsionar grandes movimentos no mercado de câmbio, à medida que os investidores também aguardam dados importantes vindos do exterior para moldar suas decisões.
Os mercados globais analisarão às 10h30 o relatório de emprego dos EUA para dezembro, com agentes financeiros buscando sinais sobre a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve neste ano.
Economistas consultados pela Reuters projetam a criação de 160.000 empregos no mês passado, ante 227.000 em novembro.
Um dado acima do esperado pode reforçar a perspectiva recente de resiliência do mercado de trabalho dos EUA, fortalecendo a posição atual de membros do Fed que têm defendido maior cautela no afrouxamento da política monetária.
Operadores colocam 95% de chance do Fed manter os juros inalterados na reunião deste mês, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Esse cenário seria bastante favorável para o dólar, que poderia se valorizar ainda mais com o aumento dos rendimentos dos Treasuries.
Os investidores ainda seguem atentos a qualquer notícia sobre os planos tarifários do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, após uma reportagem sugerir nesta semana que o novo governo estaria considerando uma declaração de emergência econômica nacional para facilitar a imposição de tarifas.
"Os investidores também se mostram um pouco mais avessos ao risco em função dessa incerteza de como que isso vai ser efetivado pelo novo governo Trump. A ideia, em geral, é que essas tarifas podem ter algum impacto inflacionário", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,07%, a 109,120.
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