Ibovespa recua mais de 1% após vitória de Trump; Gerdau salta mais de 6%
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O sinal negativo prevalecia na bolsa paulista nesta quarta-feira, em meio ao avanço nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano após vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.
Uma bateria de resultados corporativos também ocupava as atenções, com Gerdau entre os destaques positivos, com alta de mais de 6% após balanço e anúncio de dividendos, enquanto GPA perdia mais de 3%, com desempenho trimestral também no radar.
Investidores permanecem na expectativa do pacote fiscal, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que a rodada de reuniões com os ministros sobre as medidas está concluída. A agenda do dia ainda inclui decisão de juros do Banco Central.
Por volta de 12h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, recuava 1,19%, a 129.103,08 pontos.
Apesar da redução de incertezas com o desfecho eleitoral na maior economia do mundo, a visão de que as políticas de Trump são potencialmente inflacionárias elevava os rendimentos dos Treasuries, o que tende a minar ativos de mercados emergentes.
Em Nova York, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA alcançava 4,461%, de 4,288% na véspera, mas o S&P 500 <.SPX>, uma das referências do mercado acionário norte-americano, avançava 1,68%.
De acordo com o gestor Oliver Blackbourn, da Janus Henderson, o movimento nos títulos do Tesouro dos EUA ocorre devido à evolução contínua das expectativas da taxa de juros e ao potencial de aumento da inflação.
Ele também destacou em comentário por email que o avanço no mercado acionário norte-americano não é surpreendente, dadas as indicações de que os republicanos tentarão manter os cortes de impostos existentes e fazer mais.
Para o Brasil, especificamente, economistas do Bradesco destacaram que esse ambiente de percepção de juros mais altos, caso se consolide, adiciona uma camada de incerteza à dinâmica da dívida pública local e, com dólar forte, também ao real.
"Por isso, o pacote de ajuste fiscal ganha ainda mais importância", afirmaram em relatório enviado a clientes.
DESTAQUES
- GERDAU PN disparava 6,26% após divulgar resultado acima do esperado no terceiro trimestre, embora o lucro líquido ajustado de 1,43 bilhão de reais tenha significado uma queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. O grupo siderúrgico também anunciou a distribuição de cerca de 619 milhões de reais em dividendo. Executivos da Gerdau sinalizaram em entrevista a jornalistas otimismo com os potenciais efeitos da eleição nos EUA, enquanto defenderam reforço de proteção comercial do Brasil.
- MRV&CO ON recuava 4,69%, com a alta nas taxas futuras de juros no Brasil, na esteira do avanço dos Treasuries. O índice do setor imobiliário na B3 caía 2,46%.
- VALE ON cedia 2,06%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o dia em baixa de 0,76%, a 781,5 iuanes (109,05 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN perdia 0,2%, pressionada pelo declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent caía 1,3%. PETROBRAS ON recuava 0,31%.
- CSN ON cedia 4,56%, tendo também no radar comunicado da companhia de que estima receber em 12 de novembro 4,4 bilhões de reais do grupo japonês Itochu pela venda de uma participação de 10,74% em sua mineradora, a CSN Mineração. O conselho de administração da CSN também aprovou emissão de debêntures no valor total de 500 milhões de reais. CSN MINERAÇÃO ON caía 3,54%.
- GPA ON era negociada em baixa de 3,13%, após cair 7,5% no pior momento mais cedo, um dia após reportar resultado do terceiro trimestre com prejuízo líquido de 253 milhões de reais, considerando as operações continuadas, revertendo lucro de 805 milhões de reais um ano antes. O Ebitda ajustado Brasil avançou 22,6%, mas o consolidado encolheu 64,7%. No setor, CARREFOUR BRASIL ON caía 5,31% e ASSAÍ ON, que divulga seu balanço na quinta-feira, após o fechamento do mercado, recuava 1,43%.
- RD SAÚDE ON perdia 3,58%, mesmo com o balanço do período de julho a setembro mostrando lucro líquido ajustado de 336,8 milhões de reais, ante 268,4 milhões de reais um ano antes, com expansão de receita. O conselho de administração da rede de varejo farmacêutico também aprovou programa de recompra de até 3,23 milhões de ações pelo prazo de 18 meses.
- IGUATEMI UNIT recuava 2,99%, sofrendo como outras ações do setor de consumo, enquanto o balanço divulgado na noite da véspera mostrou lucro líquido de 101,2 milhões de reais no terceiro trimestre do ano, alta de 69,4% ante igual intervalo de 2023, com crescimento de quase 10% na receita líquida, enquanto o EBitda aumentou 7,7%, a 227,5 milhões de reais.
- TELEFÔNICA BRASIL ON avançava 1,41%, após mostrar lucro líquido de 1,67 bilhão de reais para o terceiro trimestre, um avanço de 13,3% ante os meses de julho a setembro de 2023, em desempenho um pouco acima das projeções de analistas. Em paralelo, o conselho de administração aprovou proposta para redução de capital social no montante de 2 bilhões de reais. O CEO Christian Gebara acrescentou que a empresa, que opera sob a marca Vivo, segue em discussões com a Desktop sobre uma eventual transação.
- VIBRA ON cedia 0,22%, tendo no radar divulgação de lucro líquido consolidado de 4,2 bilhões de reais no terceiro trimestre, mais que triplicando seu resultado na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado foi apoiado pelo reconhecimento de recuperação tributária relacionada a Lei Complementar 194/22, a qual a Vibra teve decisão judicial favorável, que representou um efeito líquido de cerca de 2,9 bilhões de reais no trimestre. O Ebitda ajustado caiu para 1,99 bilhão de reais, mas ainda superou estimativas no mercado.
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