Títulos argentinos disparam com perspectiva de relação positiva entre Milei e Trump
Por Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - Os títulos argentinos em dólar saltavam no início das negociações desta quarta-feira e o índice de risco do país caía de forma acentuada, com investidores animados com a perspectiva de laços mais estreitos entre o presidente da Argentina, Javier Milei, e o recém-eleito aliado dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os títulos listados no exterior avançaram no início das negociações, enquanto o risco país, uma medida do prêmio que os investidores exigem para manter os títulos locais em comparação com a dívida equivalente dos EUA, caiu para pouco mais de 880 pontos-base, o menor valor em cinco anos.
Os mercados argentinos já estão em um momento positivo sob o regime de austeridade pró-mercado de Milei, um economista e ex-comentarista de TV que compartilha algumas das mesmas políticas e a energia impetuosa de showman de Trump, que venceu a eleição presidencial dos EUA na terça-feira.
Nas ruas de Buenos Aires, muitos viram a vitória de Trump como positiva para a economia do país sul-americano.
Milei, que fez campanha com uma motosserra como símbolo de seus planos de cortes de gastos e frequentemente canta músicas de rock, foi chamado de "El Loco" -- o louco. Ele tem se tornado um ícone global da direita e se aproximado de Trump e de aliados como Elon Musk.
"Parece-me que eles vão se dar bem", disse Micaela Saracero, de 29 anos, moradora de Buenos Aires, referindo-se a Milei e Trump. "Em termos econômicos, isso pode ter um grande impacto na Argentina se eles se derem bem enquanto duas pessoas loucas."
Damian Roux, um jovem de 23 anos de Buenos Aires, concordou que a vitória de Trump foi positiva para a Argentina.
"Acho que o relacionamento com Milei vai ser bom, porque Milei tem bons laços com Trump e espero que isso favoreça a Argentina, que é o que eu mais quero", disse ele.
Os laços estreitos podem ajudar no programa de empréstimo de 44 bilhões de dólares da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em meio à expectativa de que um novo programa seja discutido no próximo ano. Os Estados Unidos têm o maior poder de voto na instituição.
Entretanto, analistas advertiram que a vitória de Trump pode levar a uma deterioração da âncora cambial da Argentina, algo que Milei fortaleceu após anos de queda da moeda.
"Os argentinos ainda não perceberam, mas uma vitória de Trump (que significaria tarifas dos EUA sobre a China e outros países) exercerá uma enorme pressão depreciativa sobre o peso", disse o Goldman Sachs em um relatório.
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