Dólar sobe após novos dados fortes dos EUA em meio à cautela com eleição
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia ante o real nesta quarta-feira, à medida que investidores digeriam novos dados fortes da economia dos Estados Unidos, incluindo de PIB e emprego, enquanto também se posicionavam para a eleição presidencial no país e demonstravam nervosismo com o cenário fiscal brasileiro.
Às 9h55, o dólar à vista subia 0,3%, a 5,7800 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,30%, a 5,779 reais na venda.
Nesta sessão, uma agenda macroeconômica cheia no Brasil e no exterior ocupa as atenções de agentes financeiros antes das reuniões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve na próxima semana.
O grande dado da manhã pertencia à maior economia do mundo. O relatório da ADP mostrou que 233.000 postos de trabalho foram criados no setor privado norte-americano em outubro, ante 159.000 revisados para cima no mês anterior.
Economistas consultados pela Reuters projetavam uma desaceleração na abertura de vagas para 114.000 em outubro.
Acrescentando à percepção de força da economia dos EUA, um relatório do governo mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,8% no terceiro trimestre, um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 3%, mas com os gastos das famílias e do governo subindo 3,7%.
O número ainda ficou acima da alta de 1,8% que o Fed considera como um crescimento não inflacionário.
Os resultados afastaram ainda mais a tese de desaceleração econômica e enfraquecimento do mercado de trabalho dos EUA, o que deve impactar diretamente os próximos movimentos do Fed, que entrou no mês passado em um ciclo de afrouxamento monetário.
Operadores reduziram as apostas de cortes de 25 pontos-base nas duas reuniões restantes do Fed no ano, o que também elevava os rendimentos dos Treasuries. O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 2 pontos-base, a 4,144%.
Com isso, o dólar avançava amplamente entre seus pares fortes e emergentes. O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,15%, a 104,420.
Na frente política, o cenário também segue favorável à moeda norte-americana. Investidores seguem apostando na vitória do ex-presidente Donald Trump na eleição de 5 de novembro, o que pode levar a implementação de medidas consideradas inflacionárias, como tarifas e redução de impostos.
No cenário doméstico, dados divulgados pela manhã também marcaram fatores positivos para a divisa dos EUA.
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou mais do que o esperado por analistas em outubro, em alta de 1,52%, depois de ter avançado 0,62% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta. A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de alta de 1,48%.
O mercado nacional segue receoso quanto ao compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas. Na terça-feira, o dólar fechou o dia com o maior valor desde 29 de março de 2021, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que não há data para o anúncio de novas medidas de contenção de gastos.
"Deve haver ainda uma certa aversão a riscos e um alto grau de pessimismo de investidores quanto ao tema da política fiscal. Após a reunião de Haddad e governo no início da semana, expectativas quanto ao pacote de corte de gastos do governo deixaram o real à deriva", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Mais uma vez, a curva de juros brasileira refletia os temores com a questão fiscal, com as taxas de DI sustentando os fortes ganhos da véspera em quase todas as opções de vencimento.
0 comentário
Dólar ronda estabilidade na abertura e caminha para ganho semanal com aversão ao risco
China diz estar disposta a dialogar com os EUA para impulsionar comércio bilateral
Rússia diz que ataque com míssil hipersônico na Ucrânia foi aviso ao Ocidente
Índices da China têm pior dia em seis semanas com balanços e temores por Trump
Wall Street fecha em alta, enquanto Dow Jones e S&P 500 atingem picos em uma semana
Ibovespa fecha em queda com ceticismo do mercado sobre pacote fiscal