Biden e Netanyahu conversam, e Israel promete retaliação letal contra o Irã
Por Trevor Hunnicutt e Maayan Lubell e Matt Spetalnick
WASHINGTON/JERUSALÉM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram ao telefone nesta quarta-feira em meio às tensões com o Irã, enquanto o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, prometeu que um ataque israelense contra o Irã será "letal, preciso e surpreendente".
A ligação de 30 minutos foi a primeira conversa conhecida entre Biden e Netanyahu desde agosto e coincide com uma forte escalada do conflito de Israel com o Irã e o Hezbollah libanês, apoiado pelo Irã, mas sem nenhum sinal de um cessar-fogo iminente para encerrar o conflito com o Hamas, também apoiado pelo Irã, em Gaza.
O telefonema foi "direto e muito produtivo", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, a jornalistas, reconhecendo que os dois líderes têm discordâncias e são francos sobre elas.
O Oriente Médio está no limite da tensão, aguardando a resposta de Israel a um ataque com mísseis de Teerã na semana passada em retaliação à escalada militar de Israel no Líbano. O ataque iraniano não deixou mortos em Israel.
Após descrever o ataque com mísseis do Irã em 1º de outubro como um fracasso, Gallant disse, em vídeo divulgado por seu gabinete depois da conversa entre Biden e Netanyahu, que "quem nos atacar será ferido e pagará um preço. Nosso ataque será mortal, preciso e, acima de tudo, surpreendente, eles não entenderão o que aconteceu e como aconteceu, eles verão os resultados".
Netanyahu prometeu que o arqui-inimigo Irã pagará pelo ataque com mísseis, enquanto Teerã disse que qualquer retaliação seria recebida com grande destruição, aumentando os temores de uma guerra mais ampla na região produtora de petróleo que poderia atrair os Estados Unidos.
Os EUA deixaram claro seu apoio a Israel para buscar alvos apoiados pelo Irã, como o Hezbollah e o Hamas, mas tentaram, sem sucesso, conter a expansão do conflito, intermediar um cessar-fogo em Gaza e persuadir Israel a conter os ataques com foguetes em áreas residenciais que mataram milhares de pessoas.
As relações entre Biden e Netanyahu têm sido tensas, desgastadas pela forma como o líder israelense lida com a guerra em Gaza e o conflito com o Hezbollah. Israel disse que prosseguirá com suas operações militares até que os israelenses estejam seguros.
Em "War" (Guerra), livro que será lançado na próxima semana, o jornalista Bob Woodward relata que Biden acusava regularmente Netanyahu de não ter estratégia e gritava "Bibi, que porra é essa?" para ele em julho, após ataques israelenses perto de Beirute e no Irã.
Questionado sobre o livro, um funcionário dos EUA familiarizado com as interações anteriores dos dois líderes disse que Biden usou uma linguagem afiada, direta, sem filtros e colorida com e também sobre Netanyahu.
Gallant cancelou uma visita ao Pentágono nesta quarta-feira, informou o Pentágono. Gallant disse em um comunicado que havia adiado a visita a pedido de Netanyahu para depois que o primeiro-ministro conversasse com Biden.
As tensões aumentaram nas últimas semanas, já que as autoridades americanas foram repetidamente surpreendidas pelas ações israelenses, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. Essas ações incluíram a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por Israel, e a detonação de pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah no Líbano, que Israel não confirmou nem negou ter realizado.
Israel também tem demorado a compartilhar detalhes de seu planejamento para retaliação contra o ataque de mísseis balísticos do Irã, disse a fonte.
Na última sexta-feira, Biden disse que pensaria em alternativas de ataque a campos de petróleo iranianos se estivesse no lugar de Israel, acrescentando achar que Israel não havia concluído como responder ao Irã. Na semana passada, ele também disse que não apoiaria o ataque de Israel às instalações nucleares iranianas.
(Reportagem de Trevor Hunnicutt e Matt Spetalnick em Washington e Maayan Lubell em Jerusalém; reportagem adicional de Michelle Nichols nas Nações Unidas)
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