Soja: Com pressão nos preços, Brasil tem semana lenta de negócios, com pouco mais de 200 mil t vendidas
Apesar das ligeiras altas testadas pelos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (14), a semana no mercado brasileiro continua bastante fria de novos negócios já que os preços cederam de forma expressiva nos últimos dias. A saca no Brasil já perdeu até R$ 8,00 em relação à semana anterior e o mercado nacional testa um dos piores momentos do ano comercial 2023/24.
O que ainda traz um suporte importante às cotações da soja é o dólar - que apesar de ainda muito volátil segue alto frente ao real, acima dos R$ 5,40 - e os prêmios que permanecem positivos. A demanda pela oleaginosa brasileira mantêm-se presente e ainda forte no país e os estoques vão se tornando mais enxutos na medida em que os meses vão passando.
Nos primeiros sete dias úteis de agosto, os embarques de soja chegam a quase 2,4 milhões de toneladas, com a maior parte tendo a China como destino. E de janeiro até agora, o Brasil já exportou 77,8 milhões de toneladas, mais um sinal da força da demanda pela soja brasileira.
Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o Brasil ainda tem mais de 40 milhões de toneladas de soja a comercializar, porém, novos negócios não deverão aparecer tão cedo. E acredita também que os preços não têm espaço para cair muito além do que já caíram. "Então, o produtor que não precisa de caixa no curto prazo, a alternativa é aproveitar alguma oportunidade cambial, principalmente. Não acredito em disparada da soja em Chicago porque a safra americana vai muito bem", diz.
Brandalizze acredita que nesta semana, de segunda até esta quarta-feira, o Brasil negociou cerca de 200 mil toneladas, volume que é tímido para o período, já que os preços, nos portos e no interior, estão bastante distantes dos registrados nas últimas semanas. Mas, o consultor diz também que o produtor não pode olhar este mercado "como definitivo".
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os preços da soja trabalharam todo o dia em campo positivo e encerrou o pregão desta quarta-feira com pequenos ganhos de pouco mais de 5 pontos nos contratos mais negociados, levando o setembro a US$ 9,52 e o novembro - referência para a safra americana - a US$ 9,68 por bushel.
"Após as recentes desvalorizações, os futuros em Chicago operam em repique hoje, no positivo, com suporte vindo das recentes vendas avulsas da soja norte-americana", afirmam os analista da Pátria Agronegócios.
O mercado passa, segundo explicam os especialistas, por um movimento de correção técnica, após perdere mais de 2% em cada uma das últimas duas sessões, refletindo os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que surpreenderam os traders na segunda-feira (12). Assim, os fundamentos são os mesmos, mas o dia é de ajuste.
Enquanto a oferta é monitorada, para a demanda não é diferente e é ela que traz certo equilíbrio às cotações neste momento. Nos últimos dias, o USDA fez novos anúncios de vendas de soja para a China e destinos não revelados, bem como revisou para cima suas estimativas para as exportações 2024/25 dos EUA para pouco mais de 50 milhões de toneladas. No entanto, no acumulado da temporada, o volume de soja já comprometido pelos EUA com as vendas externas é um dos mais baixos dos últimos anos para o período.
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