Taxas futuras de juros caem em sintonia com Treasuries na véspera do Copom
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa, acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, onde investidores seguiram consolidando as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros em setembro.
A expectativa para a quarta-feira também permeava os negócios, com o mercado à espera das decisões sobre juros do Banco do Japão, do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central -- todas com potencial de influenciar os ativos no Brasil.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,715%, ante 10,732% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,67%, ante 11,726% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,94%, ante 12,003%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,1%, ante 12,196%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,08%, ante 12,169%.
No exterior um dos destaques da agenda foi o índice de confiança do consumidor dos EUA medido pelo Conference Board, que subiu para 100,3 em julho, ante 97,8 em junho, em dado revisado para baixo.
Economistas consultados pela Reuters projetavam queda para 99,7 em relação aos 100,4 divulgados anteriormente.
Além disso, o Departamento do Trabalho norte-americano informou que, pelo relatório Jolts, as vagas de emprego em aberto, uma medida da demanda por mão de obra, caíram em 46.000, para 8,184 milhões no último dia de junho.
Os dados de maio foram revisados para cima, mostrando 8,230 milhões de vagas não preenchidas, em vez das 8,140 milhões informados anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam 8,0 milhões de vagas de emprego em aberto em junho.
Os dados de confiança do consumidor e de mercado de trabalho, apesar de sugerirem uma economia aquecida, não alteraram a expectativa de que o Fed começará a cortar juros em setembro. Assim, os yields dos Treasuries cederam e a curva a termo brasileira acompanhou.
“A curva brasileira está andando junto com o cenário global hoje, que está confirmando um consenso de dois cortes de juros nos Estados Unidos neste ano”, disse Lais Costa, analista da Empiricus Research.
“O índice de confiança veio para cima, mas a parte de demissões veio mais soft (suave). E podemos ter um discurso mais 'dove' (brando com a inflação) do (presidente do Fed, Jerome) Powell amanhã”, acrescentou Costa.
A decisão do Fed sai no meio da tarde de quarta e na sequência Powell falará à imprensa.
A quarta-feira terá ainda a decisão do BOJ -- aguardada com ansiedade pelo mercado de câmbio, já que a apreciação do iene nas últimas semanas tem servido de motivo para o avanço do dólar ante várias divisas de emergentes, como o real.
À noite será a vez de o Copom anunciar sua decisão sobre a taxa básica Selic. Há um consenso no mercado de que a taxa será mantida em 10,50% ao ano, mas os agentes estarão atentos às indicações do BC para as próximas reuniões. A dúvida é se o Copom sinalizará a possibilidade de elevação de juros à frente -- algo que já vem sendo considerado por algumas casas.
Perto do fechamento desta terça-feira a curva precificava 90% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano na quarta-feira. A probabilidade de alta de 25 pontos-base estava em 10%. Na véspera os percentuais eram de 85% e 15%, respectivamente. A curva também precifica chances majoritárias de pelo menos uma alta da Selic ainda em 2024, em novembro.
Durante a tarde, com efeitos momentâneos sobre as taxas futuras, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil abriu 201.705 vagas formais de trabalho em junho.
O resultado ficou acima da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 160.000 vagas.
Para o Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, o mercado de trabalho deve manter a inflação pressionada e levar o BC a adotar uma postura conservadora.
“Se é verdade que o mercado de trabalho resiliente deve continuar mantendo o grupo de intensivos em trabalho pressionado no curto prazo, sua repercussão não deveria ser para tanto alarde. Porém, cabe mencionar que os membros do Copom não parecem pensar da mesma forma”, pontuaram em relatório o economista-chefe do Daycoval, Rafael Cardoso, e sua equipe.
“A barra deve continuar lá em cima e a comunicação (do BC) deve continuar hawk (dura com a inflação)”, acrescentaram.
Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,61% em julho, menos que o 0,81% de junho. A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanço de 0,46%.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 3 pontos-base, a 4,145%.
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