RS tem quase 159 mil desalojados por alagamentos; governo pede que pessoas não voltem para casa

Publicado em 08/05/2024 10:40 e atualizado em 08/05/2024 11:12

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Por Leonardo Benassatto e Amanda Perobelli

ELDORADO DO SUL/PORTO ALEGRE (Reuters) - As fortes chuvas que mataram ao menos 95 pessoas desde a semana no Rio Grande do Sul tiveram impacto em mais de 80% dos municípios do Estado, com quase 159 mil desalojados, disse a Defesa Civil gaúcha nesta quarta-feira, alertando que as pessoas que foram resgatadas ainda não devem retornar para suas casas, pois o solo segue encharcado e há previsão de mais chuvas.

O balanço da Defesa Civil gaúcha divulgado nesta manhã manteve em 95 o total de mortos até o momento, mas este número tende a aumentar, já que 128 pessoas seguem desaparecidas e as autoridades ainda investigam se quatro mortes registradas nos últimos dias têm relação com a catástrofe climática.

Em publicação nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), alertou que há previsão de mais chuvas em todo o Estado já nesta quarta-feira, assim como uma queda na temperatura nos próximos dias, e reforçou pedido de doações de cobertores e roupas de inverno.

"Para esta quarta-feira a gente tem a projeção de temporais aqui no Rio Grande do Sul distribuídos pelo Estado. A gente deve ter em algumas localidades ventos de mais de 100km/h, talvez granizo em alguns locais", disse Leite em vídeo publicado no Instagram na noite de terça-feira.

"Além disso, deve baixar bastante a temperatura na noite de amanhã (quarta-feira)", acrescentou.

Diante da possibilidade de novas chuvas, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul alertou que ainda não é hora das pessoas que foram resgatadas -- número que está na casa das dezenas de milhares -- retornarem às suas casas.

"A Defesa Civil do Estado orienta a população, especialmente as pessoas resgatadas na região metropolitana de Porto Alegre, que não retornem às áreas alagadas, inundadas, ou sob risco de movimentos de massa", informou o órgão em comunicado.

"Esses locais estão, ainda, sob alto risco, seja relacionado à condição física, bem como ao risco à saúde humana pela transmissão de doenças."

As chuvas recentes, apontadas por autoridades como o pior desastre climático da história do Estado, já atingiram 1,45 milhão de pessoas em 414 das 497 cidades gaúchas. Além disso, quase 159 mil estão desalojadas e 372 ficaram feridas.

Além de integrantes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Forças Armadas e integrantes de forças de segurança de outros Estados enviados para ajudar nos esforços de resgate, muitos voluntários também atuavam em botes, barcos, jet skis e até em tratores para salvar pessoas das enchentes.

Foi o caso de Daniel Farias, que pilotava seu trator em Eldorado do Sul, cidade da região metropolitana de Porto Alegre fortemente devastada pelas chuvas, para levar pessoas para áreas seguras.

"Até a última hora, até o último segundo, até o último momento que essas águas baixarem eu não vou desligar o trator. Vou estar continuamente para resgatar e buscar pessoas", disse ele à Reuters.

"É um trabalho de formiguinha, continuamente, de noite, de dia, de madrugada, não tem hora", acrescentou ele, que está morando no trator e que teve a própria casa tomada pelas águas da chuva.

Em Brasília, durante entrevista ao programa "Bom dia, ministro", do CanalGov, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode anunciar ainda nesta quarta uma medida para a dívida do Rio Grande do Sul com a União, que vem sendo apontada como um entrave fiscal para que o Estado faça frente às despesas que estão sendo feitas neste momento de resgate e em um momento posterior de reconstrução.

Centenas de milhares de pessoas no Rio Grande do Sul estão sofrendo sem fornecimento de energia elétrica, água e serviços de telefonia e internet, de acordo com a Defesa Civil. Além disso, há 85 trechos em 38 rodovias estaduais gaúchas com bloqueios totais e parciais. As chuvas também provocaram problemas em rodovias federais que cortam o Estado.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)

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Fonte:
Reuters

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