Ao lado de Macron, Lula reitera defesa de acordo Mercosul-UE
Por Lisandra Paraguassu
(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira o acordo comercial negociado pelo Mercosul e a União Europeia, em declaração dada ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, que na véspera descreveu o acordo como "muito ruim".
Lula reafirmou o que havia já dito, que a negociação não é entre França e Brasil, e sim entre Mercosul e União Europeia, e as brigas de Macron sobre o acordo precisam ser feitas entre ele e a Comissão Europeia, não com o Brasil.
"Se o Macron tiver que brigar com alguém, não é com o Brasil, é com a União Europeia. É com os negociadores que foram escolhidos para negociar na União Europeia. Então, estou muito tranquilo nesse negócio. Eu confesso a você que o acordo tal como proposto agora é muito mais promissor que o outro era", disse Lula.
O acordo comercial vem sendo negociado há mais de 20 anos. Em 2019, Mercosul e UE chegaram a assinar uma versão, que terminou nunca sendo ratificada pelos países-membros. Em meio à difícil relação do governo Jair Bolsonaro com os europeus, com aumento do desmatamento e o não cumprimento de regras ambientais, vários países se recusaram a aderir ao texto.
No final de 2022, a UE aprovou regras duras sobre importação de produtos que venham de área de floresta e que atingem diretamente o Brasil, além de ter enviado ao Mercosul uma side letter do acordo fazendo exigências ambientais.
As negociações foram reabertas em março de 2023 e avançaram bem, segundo negociadores, mas não foram fechadas em dezembro por conta da troca de governo na Argentina. O então presidente Alberto Fernández, a 10 dias de deixar o cargo, preferiu não assinar. Agora, perto das eleições para o Parlamento Europeu em junho, as negociações estão novamente paradas.
Macron já deu várias declarações contrárias ao acordo, e nesta quinta-feira, ao lado de Lula, repetiu seus argumentos. De acordo com o presidente francês, que defende que um novo acordo comece do zero, é "uma loucura" continuar insistindo em um texto de 20 anos, mesmo que com mudanças, e que deixa de lado avanços importantes em relação a mudanças climáticas, descarbonização e outros temas.
"Nós, europeus, temos o texto mais exigente do mundo em relação a desmatamento e descarbonização. Pedimos aos nossos agricultores, industriais que façam transformações históricas. Mas se os nossos textos dizem (isso), vamos abrir para produtos que não respeitam estes acordos? Somos loucos? Não vai funcionar", afirmou.
Na véspera, durante discurso realizado em São Paulo, Macron disse que um potencial acordo comercial entre UE e Mercosul, como está atualmente, é um “acordo muito ruim” e que é preciso mais trabalho sobre a questão climática.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
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