Baltimore: Desabamento gera nova crise na logística que já estava frágil e açúcar brasileiro pode ser impactado
As imagens ainda impressionam e Baltimore ainda tenta se recuperar após um dia de caos com a colisão do navio cargueiro Dali contra a Francis Scott Key, que resultou em pelo menos seis mortes na última terça-feira (26).
LIVE: Aftermath of Baltimore bridge collapse https://t.co/bAsW8sCwJN
— Reuters (@Reuters) March 27, 2024
Um dia após a tragédia, os olhos da economia global tambéms e voltam para os Estados Unidos, já que o porto em questão é o novo mais importante no território americando e sem operação, pode-se gerar uma crise global, até então, estimada em US$ 600 milhões. Para o agronegócio brasileiro, o maior impacto deve ser para o setor de açúcar.
De acordo com Larry Carvalho, advogado especialista em logística marítima, a queda da ponte já inviabiliza os terminais e os próximos dias serão marcados pela definição de novas rotas. "O maior impacto para o agronegócio brasileiro vai depender se for ter ou não um aumento de frete de navios, isso vai depender de muito dos próximos dias. Os armadores estão tirando Baltimore da lista, os Estados Unidos terá que compensar a logística interna, o que pode gerar congestionamento de portos e novos gargalos", afirma.
O principal produto da cesta brasileira é o açúcar. Baltimore é o maior porto importador de açúcar do Brasil, justamente onde estão as principais refinarias dos Estados Unidos. "Sem dúvida é uma situação que pode impactar da situação do açúcar brasileiro. Precisamos saber como será a logística utilizada para esse açúcar continuar chegando", afirma.
Além do açúcar, produtos como café e piso cerâmico saindo do Brasil podem sentir os impactos nas próximas semanas. O cenário está sendo monitorado por todo setor exportador do Brasil.
A grande preocupação do setor é que os desafios com a queda da ponte de 2,6 quilômetros de extensão pode durar por semanas. De acordo com dados da Bloomberg Línea, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de carvão. A indústria automobilística também deverá sentir os impactas da interrupção.
"É um porto grande com muito fluxo, então terá impacto, disse John Lawler, diretor financeiro da Ford em entrevista cedida à Bloomberg TV e posteriormente publicada pela Bloomberg Línea "Vamos trabalhar nas soluções alternativas. Teremos que desviar peças para outros portos ao longo da costa leste ou em outras partes do país", disse.
A publicação destaca ainda que pelo menos 12 grandes navios estão presos no local. A infraestrutura da cidade também sente os impactos de forma severa, já que aproximadamente 4 mil pessoas passavam pela ponte diariamente.
Até o momento, o tráfego está direcionado para outros portos nba Costa Leste Americana. Segundo a Investing, o porto de Virgínia confirmou estar apto para recebimento com a carga direcionada.
A LOGÍSTICA GLOBAL SEGUE FRÁGIL
Desde a Covid-19, a logística global tenta, sem grandes sucessos, se restabelecer. Primeiro, os gargalos da pandemia resultaram em um gigante congestionamento de navios e alguns setores do Brasil, inclusive, foram duramente impactados, apesar do valor significativo da balança comercial.
Depois, a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe novos problemas com alta dos fretes marítimos e impacto direto no mercado de grãos e fertilizantes. E mais recentemente, o conflito no Mar Vermelho trouxe mais um ingrediente para a alta nos fretes marítimos e atraso de navios.
Por ano, aproximadamente 16 mil navios cargueiros passam pela rota do Canal de Suez. Esse volume representa aproximadamente 15% do mercado global, movimentando um trilhão de dólares ao ano. Trata-se da principal rota de escoamento de bens de consumo da Ásia para a Europa, além de ser um importante trajeto de navios-tanque com petróleo, óleo e derivados.
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