Incêndios na floresta amazônica em meio à seca sufocam a cidade de Manaus
Por Bruno Kelly
MANAUS (Reuters) - Nuvens de densa fumaça cinza de dezenas de incêndios florestais na Amazônia brasileira, muitos deles iniciados ilegalmente, pairaram sobre a capital da região, Manaus, tornando o ar cada vez mais irrespirável.
Os moradores reclamam de ardência no nariz e na garganta.
A qualidade do ar está tão ruim que até os normalmente animados pássaros tropicais estão em silêncio, dizem eles.
"Meu nariz arde o tempo todo e meus olhos também, mesmo quando estão fechados. Não conseguimos respirar direito", disse o estudante universitário Ronny Gonsalves. "Não consigo ver o horizonte."
Especialistas afirmam que a poluição atmosférica é proveniente de incêndios ao redor da cidade e dentro de sua área metropolitana, muitas vezes deliberadamente provocados para derrubar árvores para agricultura e desenvolvimento urbano sem autorização.
As condições muito secas causadas por uma seca severa que a região está sofrendo, com temperaturas altas recordes, ajudaram a inflamar e espalhar os incêndios, de acordo com Carlos Durigan, diretor nacional da Wildlife Conservation Society no Brasil.
"Nunca esteve tão ruim assim em décadas passadas", disse o geógrafo que viveu por 30 anos na Amazônia.
A região está sob pressão do fenômeno climático El Niño e as chuvas no norte da Amazônia estão bem abaixo da média histórica. Os córregos e afluentes que correm para a Amazônia caíram para níveis quase recordes.
O governo brasileiro enviou equipes de bombeiros para conter os incêndios florestais. Mas os moradores temem que o ar cheio de fumaça persista até que chova, o que não é esperado até o final de novembro.
Incêndios florestais na floresta amazônica têm sido mais comuns nos últimos anos a sudoeste de Manaus, nos Estados de Rondônia e Acre.
Durigan disse que muitas estradas construídas ao redor de Manaus levaram a um desmatamento mais rápido dentro e fora da área metropolitana. Os grileiros costumam atear fogo para desmatar ilegalmente, disse ele.
"Hoje foi o pior dia. Não podemos mais ver o rio do meu apartamento", disse Maria Lucia de Freitas, que disse que a poluição atmosférica apareceu pela primeira vez em Manaus há um mês.
(Reportagem de Bruno Kelly, redação de Anthony Boadle)
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