Durante visita de Biden, EUA e Vietnã prometem fortalecer laços e buscam acordos em chips e terras raras

Publicado em 10/09/2023 14:49 e atualizado em 11/09/2023 07:31

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Por Nandita Bose e Francesco Guarascio e Trevor Hunnicutt

HANÓI/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, selou neste domingo acordos com o Vietnã para a área de semicondutores e mineração, ao passo que a nação estratégica do sudeste asiático elevou Washington ao status de mais importante parceiro diplomático de Hanói, ao lado de China e Rússia.

Os EUA têm pressionado pela atualização do status entre os países há meses, pois vê a potência industrial asiática como um país-chave na sua estratégia para proteger as cadeias de abastecimento globais dos riscos relacionados à China.

Meio século depois de um longo e brutal conflito no contexto da Guerra Fria, Biden chegou a Hanói recepcionado por uma cerimônia organizada pelo Partido Comunista local, que contou com crianças em idade escolar agitando bandeiras americanas e guardas de honra carregando espingardas de baioneta.

Biden observou os avanços no fortalecimento dos laços entre os dois países.

“Podemos traçar um arco de progresso de 50 anos entre as duas nações, desde o conflito até a normalização, até este novo status diplomático”, disse ele.

A parceria com o Vietnã faz parte do esforço da administração Biden “para demonstrar aos nossos parceiros do Indo-Pacífico e ao mundo que os Estados Unidos são uma nação do Pacífico e não vamos deixá-los sozinhos”, disse Biden aos jornalistas após a reunião em Hanói.

O Vietnã está tirando proveito das relações geladas entre Washington e Pequim, à medida que o país, que é grande exportador de tecnologia e têxteis, procura se consolidar no mercado internacional como um centro de produção de baixo custo.

A visita de Biden ocorre num momento em que os laços comerciais e de investimento bilaterais estão crescendo e uma disputa territorial de longa data entre o Vietnã e a China esquenta no Mar do Sul da China.

Espera-se que a Vietnam Airlines HVN.HM assine um acordo inicial para comprar cerca de 50 jatos da Boeing (BA.N), modelo 737 Max, em um negócio avaliado em 10 bilhões de dólares, programado para ser selado nesta viagem.

Destacando a importância crescente do Vietnã como destino mais amigável para empresas de tecnologia dos EUA se estabelecerem, espera-se que executivos do Google, da Intel, da Amkor, da Marvell, da GlobalFoundries e da própria Boeing se reúnam na segunda-feira com executivos de tecnologia vietnamitas e o secretário de Estado Antony Blinken em Hanói.

Ainda assim, os semicondutores são a peça central de um plano de ação adotado durante a visita de Biden, disseram autoridades norte-americanas.

Além de possíveis anúncios de empresas norte-americanas, não está claro o que mais a parceria pode significar. O governo dos EUA tem 100 milhões de dólares por ano durante cinco anos sob a Lei CHIPS para apoiar cadeias de fornecimento de semicondutores em todo o mundo. Uma grande parte poderia ir para o Vietnã, disseram as autoridades.

Mais apoio à formação de trabalhadores qualificados também faz parte do acordo, uma vez que o Vietnã enfrenta uma grande escassez de engenheiros no setor dos chips.

Outra questão importante é o fortalecimento das cadeias de abastecimento de minerais críticos, especialmente terras raras, dos quais o Vietnã tem os maiores depósitos do mundo depois da China, segundo estimativas dos EUA, disseram as autoridades.

Duas pessoas familiarizadas com os planos disseram que é esperado um acordo sobre terras raras durante a visita de Biden, que termina na segunda-feira, quando ele retorna aos Estados Unidos.

Os detalhes, no entanto, são escassos. As tentativas anteriores de empresas norte-americanas de se associarem a empresas vietnamitas de terras raras não tiveram sucesso, de acordo com uma pessoa envolvida num plano recente.

Os direitos humanos continuam a ser uma questão controversa, com as autoridades norte-americanas criticando regularmente Hanói por prender ativistas e limitar a liberdade de expressão. O Vietnã pode mostrar boa vontade, com diplomatas sugerindo que os ativistas podem até ser libertados.

(Reportagem de Nandita Bose, Francesco Guarascio, Trevor Hunnicutt, Khanh Vu)

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Fonte:
Reuters

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