Assessor do Kremlin vinculado a envio de crianças ucranianas à Rússia é associado ao neo-nazismo na internet

Publicado em 09/08/2023 16:01

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Por Anton Zverev

(Reuters) - Uma autoridade do Kremlin envolvida no que promotores internacionais chamam de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia foi associado, na época de adolescente, a movimentos neo-nazistas e de supremacia branca na internet, apontou a Reuters.  

Material publicado na internet por Alexei Petrov entre 2011 e 2014 continuava em suas contas de redes sociais até o fim de julho deste ano, quando, após perguntas da Reuters, deletou alguns vídeos, cancelou a inscrição em dois grupos on-line de extrema-direita e tornou uma das suas contas privada. 

Petrov é um assessor de 27 anos no gabinete de Maria Lvova-Belova, comissária presidencial da Rússia para direitos das crianças. Em março, o Tribunal Criminal Internacional emitiu mandados de prisão contra Lvova-Belova, além do presidente russo Vladimir Putin, sob acusações de crimes de guerra pela deportação forçada de centenas de crianças da Ucrânia para a Rússia. 

Lvova-Belova negou ter cometido qualquer crime de guerra. Ela alega que crianças vulneráveis foram levadas à Rússia para protegê-las da violência e da liderança da Ucrânia que ela descreveu como "fascista", que teria permitido o retorno do "vírus do nazismo". 

A Reuters descobriu que, quando tinha entre 16 e 19 anos, Petrov fez três publicações nas redes sociais com vídeos, imagens e mensagens de uma organização de extrema-direita originada da Rússia e promoveu a supremacia racial branca, além de três imagens e slogans associados ao neo-nazismo. 

O nome de usuário de Petrov no Skype incorpora o nome de uma organização de supremacia branca, a Wotanjugend, e o do Instagram faz uma referência codificada a Adolf Hitler muito usada em círculos de extrema-direita. 

Ele não havia mudado o nome de usuário do Skype até 31 de julho deste ano. Sua conta no Instagram foi desativada, mas a Reuters conseguiu identificar o nome do usuário porque Petrov havia associado ela à sua conta no aplicativo de redes sociais VKontakte. O assessor deletou esse link no dia em que a Reuters enviou perguntas sobre sua atividade on-line à sua empregadora. 

Um serviço de inteligência privado sediado em Londres chamado Molfar divulgou ao público em 3 de janeiro de 2023, em um relatório sobre a retirada de crianças da Ucrânia pela Rússia, que o nome de usuário de Petrov no Skype era wotan_jugend8989. Suas outras associações on-line com a extrema-direita e movimentos de supremacia branca ainda não haviam sido anteriormente relatados. 

Embora tenha publicado conteúdo de grupos de supremacistas brancos e de extrema-direita ou relacionado a eles, Petrov não endossa explicitamente nenhuma das publicações vistas pela Reuters. 

Em um comunicado em resposta às perguntas da Reuters, Petrov disse: "Inequivocamente, eu nunca tive, ou tenho, qualquer ligação com organizações neo-nazistas. Eu nunca fui membro ou tive contas de redes sociais ligadas ou relacionadas a organizações nazistas".

O assessor argumentou que era impossível lembrar o que havia republicado anos atrás e que, desde então, grupos em redes sociais podem ter mudado seus nomes, suas atividades ou suas orientações. Ele não se referiu especificamente aos posts online ou aos nomes de usuários encontrados pela Reuters. 

O gabinete da comissária presidencial da Rússia para os direitos das crianças não respondeu às questões da Reuters. Um porta-voz do Kremlin também não enviou resposta. 

Uma decisão de 16 de dezembro de 2022 da União Europeia com sanções contra Petrov disse que ele está "envolvido no transporte ilegal de crianças ucranianas para a Rússia e sua adoção por famílias russas". 

Petrov não respondeu às perguntas da Reuters sobre as sanções. Ele disse no comunicado que estava ajudando crianças em necessidade.

(Reportagem de Anton Zverev)

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Fonte:
Reuters

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