Ibovespa opera próximo à estabilidade com Fed e balanços locais no radar

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa exibia pouca variação nesta segunda-feira, em meio a desempenho levemente no azul em Nova York, à medida que investidores aguardavam pela divulgação nesta semana da decisão de juros nos Estados Unidos, bem como de dado de inflação e de balanços corporativos no Brasil.

Petrobras, Vale e WEG eram as maiores influências positivas ao índice. Bancos estavam entre destaques de baixa, assim como IRB Brasil.

Às 11:28 (de Brasília), o Ibovespa subia 0,06%, a 120.292,31 pontos. O volume financeiro era de 5,4 bilhões de reais.

O movimento desta manhã vem após a alta de 1,81% na sexta-feira, puxada por desempenho robusto principalmente de papéis cíclicos domésticos, como as aéreas Azul e Gol.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, a performance mais neutra da bolsa nesta segunda-feira parece ser "reflexo de um mercado sem um grande catalisador de curto prazo".

Ele afirmou que o movimento de alta das ações mais cíclicas pela expectativa da queda da Selic parece já ter acontecido, enquanto os papéis de commodities não têm mostrado a força suficiente para dar tração à bolsa paulista.

O clima é de espera no mercado, com agenda carregada nesta semana, seja de dados econômicos ou de eventos corporativos, no Brasil ou no exterior.

O principal acontecimento é a decisão de juros do Federal Reserve (Fed), a ser anunciada na quarta-feira. A expectativa majoritária no mercado é de elevação da taxa em 0,25 ponto percentual, e os investidores devem focar no discurso do chair do Fed, Jerome Powell, em busca de pistas sobre os próximos passos da instituição. Parte dos analistas acredita que esse pode ser o último aumento dos juros no atual ciclo de aperto.

"Se o Powell afinar o discurso --que eu não acredito, mas sempre é uma possibilidade-- , a gente pode ver um alívio maior nos vértices de médio e longo prazo da curva (de juros) e, isso, seria um desenvolvimento ótimo para a parte cíclica da bolsa", disse Borsoi.

No Brasil, enquanto os agentes de mercado aguardam pela decisão de juros do Banco Central na semana que vem, com divergência entre analistas de um corte de 0,25 ponto percentual ou de 0,5 ponto na Selic, o índice de inflação IPCA-15 de julho, na terça-feira, deve ser observado de perto, já que o alívio nos preços é o principal catalisador da esperada flexibilização monetária.

Os balanços corporativos também devem chamar a atenção dos investidores. Após os bancos e empresas como Netflix e Tesla, a semana traz resultados de "big techs" como Meta, Microsoft e Alphabet. O S&P 500 subia 0,4% nesta segunda-feira.

No Brasil, após Weg abrir a temporada para as companhias do Ibovespa na última semana, a safra de balanços do segundo trimestre ganha tração com destaque para Vale e Santander Brasil.

DESTAQUES

- VALE <VALE3.SA> subia 1,12%, a 68,56 reais, mesmo após os futuros do minério de ferro fecharem praticamente inalterados em Dalian, na China, e caírem 0,8% em Cingapura. A mineradora publica balanço do segundo trimestre na quinta-feira.

- IRB BRASIL ON tombava 15,37%, a 41,67 reais, após a empresa de resseguros divulgar na sexta-feira prejuízo líquido de 10,4 milhões de reais em maio, e depois de o BTG Pactual rebaixar a recomendação do papel de "neutra" para "venda".

- PETROBRAS PN subia 1,55%, a 30,14 reais, enquanto a ON avançava 1,35%, diante de alta de cerca de 1,3% do petróleo Brent no exterior, com oferta rígida e expectativa de demanda na China. A empresa divulga relatório de produção e vendas do segundo trimestre na quarta-feira.

- SANTANDER BRASIL UNIT cedia 0,8%, a 29,77 reais, antes de abrir a temporada de balanços para os grandes bancos brasileiros na quarta-feira pela manhã. ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação negativa de 0,66% e BRADESCO PN cedia 0,7%.

- MARFRIG ON tinha queda de 5,26%, a 6,84 reais e BRF ON caía 4,9%, a 8,35 reais, puxando desempenho mais negativo de empresas de proteínas. JBS ON perdia 3,37%.

- VIVEO ON , que não faz parte do Ibovespa, caía 1,7%, a 21,43 reais, após a companhia de insumos hospitalares anunciar uma oferta primária e secundária de ações de cerca de 800 milhões de reais, com base no preço de fechamento do papel na sexta-feira. O fundo Genoma VI será acionista vendedor na operação, que deve ser precificada em 1 de agosto.

(Por André Romani)