Trigo: Mercado no BR tem semana de preços e negócios inalterados, mesmo com mais de 10% de alta na semana em Chicago

Publicado em 21/07/2023 17:20 e atualizado em 21/07/2023 17:54

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A semana foi intensa e muito volátil para mercados do trigo no mundo todo. Somente na Bolsa de Chicago, os futuros do cereal acumularam ganhos de mais de 10% de segunda-feira (17) até esta sexta (21). O contrato saiu de US$ 6,53 para encerrar a semana com US$ 7,27 por bushel, subindo expressivos 11,33%. Já o março/24 avançou 10,30%, saindo de US$ 6,89 para US$ 7,60. No mesmo período, o dólar registrou uma baixa de pouco mais de 1%, caminhando para encerrar os negócios - também muito voláteis nos últimos dias - abaixo dos R$ 4,80. 

O mercado do trigo respondeu à rápida e severa escalada do conflito no Leste Europeu, depois que a Rússia deixou o acordo que garantia o corredor de exportação de produtos agrícolas pela Ucrânia pelos portos do Mar Negro e, na sequência, promoveu quatro dias consecutivos de ataques aos portos e infraestruturas ucranianas, inviabilizando-as mesmo que o acorodo seja retomada. 

Durante a semana, os preços chegaram a registrar limites de alta nas bolsas internacionais, testando níveis bastante atrativos, porém, ainda distantes dos recordes testados no período em que a ofensiva russa foi deflagrada, em fevereiro do ano passado. Nesta sexta, afinal, as cotações realizaram lucros e terminaram o dia perdendo mais de 3% em Chicago. 

Apesar de todo este cenário, para o Brasil, o impacto da semana foi bastante limitado. Nem os preços registraram oscilações muito fortes, nem os negócios somaram volumes expressivos, como explica o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento. "Em termos de preços, o mercado (brasileiro) passou imune ao cenário internacional e, basicamente, porque estamos descolados do mercado internacional. O trigo que poderíamos exportar hoje do Rio Grande do Sul é caro no mercado internacional, comparado, principalmente, com Rússia e trigo soft norte-americano".

Bento afirma ainda que, por outro lado, as opções de compra que são necessárias para o Brasil - que são trigo hard dos EUA e trigo argentino - estão caras. "Ou seja, estamos no meio, em uma zona morta entre a paridade de exportação e de importação. E o mercado não se mexe muito porque os moinhos estão abastecidos, olham a safra que está chegando e ficam na defensiva. O produtor chegou a ficar um pouco mais animado com essa alta no mercado internacional e elevou suas pedidas, mas não teve demanda"

Como exemplo, o analista relatou casos em que a tonelada no Rio Grande do Sul que estava sendo ofertada a R$ 1300,00 passou a R$ 1350,00, pelo produtor, mas sem demanda por esse grão. Assim, a lateralidade continuou no mercado brasileiro de trigo nesta semana caótica para o mercado internacional.

"Mas, ainda não podemos dizer que estamos imunes a esta situação, que é uma situação de incerteza externa. No Brasil, porém, estamos nos avizinhando de uma colheita de uma safra e até agora, os primeiros lotes de que temos notícias que estarão prontos no Paraná, especialmente em agosto são de trigo de excelente qualidade. Claro que o clima, para frente, pode sempre preocupar, mas não teria porque essa 'bagunça externa' elevar nossas cotações se agora os compradores estão abastecidos, o produtor não precisa necessariamente vender - então isso também quer não quer dizer que os preços vão cair - e nessa situação de lentidão do mercado, os preços não responderam ao mercado internacional". detalha o analista da Safras. 

Um levantamento da consultoria mostra que, na média do Rio Grande do Sul, a tonelada foi negociada a R$ 1.310 no FOB interior, sem alterações na semana. Comparado ao mesmo período do mês anterior, acumula alta de 2,7% e, em relação ao ano passado, a queda acumulada é de 34,5%. No mercado paranaense, os preços indicados recuaram 1,4% em relação a semana passada, fechando numa média de R$ 1.430/tonelada. Na comparação com o mesmo período do mês e do ano passado as quedas são de 2,1% e de 31,6%, respectivamente. 

Para que se registrasse uma mudança mais expressivas entre os preços no mercado brasileiro, portanto, "seria necessária uma visão mais clara de que os preços internacionais engatariam uma nova tendência de alta, sem clareza de qual seria a linha de resistência a ser alcançada. A realização de lucros verificada nas Bolsas norte-americanas sinaliza que, pelo menos até o momento, isso não ocorreu", afirma Élcio Bento.  

Com o link abaixo, confira a última entrevista do especialista ao Notícias Agrícolas:

+ Escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia deixa trigo brasileiro ainda mais evidente na vitrine do mercado internacional

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Renato Santi Locatelli Alvorada do Sul - PR

    Mercado não se mexe porque compradores estão de olho no produto nacional pra comprar barato e ganhar alavancar seus lucros, queria ver se tivesse caído os 10%. Se o mercado estaria em zona morta hahaha, a mim não engana.

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    • CLELITON LIMA DALBEN Capitão Leônidas Marques - PR

      Exatamente!

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