Pesquisa global aponta altos índices de contaminação por micotoxinas em insumos e rações para animais
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Pesquisa global aponta altos índices de contaminação por micotoxinas em insumos e rações para animais
Uma pesquisa realizada com mais de 300 mil amostras coletadas em 150 fábricas de ração ao redor do mundo resultou na descoberta de um nível de contaminação de 75% por micotoxinas nos materiais colhidos. Os dados foram compilados pela Cargill ao longo de 2022 e divulgados em primeira mão ao Notícias Agrícolas.
Segundo o gerente de produto para a área de aves da empresa, Juliano Vittori, a contaminação por micotoxinas nos insumos para a produção de rações ou nas prórpias rações em si podem gerar prejuízos na área de criação de animais, sejam bovinos, aves, ou suínos.
"É um perigo invisível, porque se você olhar o milho no silo, por exemplo, e ele não estiver com aparência mofada, mesmo assim ele pode estar contaminado, ou a silagem, não tendo cheiro de mofo, ainda assim pode conter micotoxinas", explica.
As micotoxinas, metabólitos que são produzidos por fungos, podem surgir ainda no campo, em casos proprícios para que elas se desenvolvam. Em outras etapas do processo até a fabricação da ração também pode haver contaminação, conforme explica Vittori. "Se o grão está no silo e não foi devidamente seco, para ficar com a umidade ideal, por exemplo, pode surgir a contaminação".
Para lidar com este problema, há soluções que vão desde o campo, com o manejo correto do solo e das plantas para evitar a proliferação do problema, além de utilização de conservantes nos silos ou adsorventes nas rações. Este último, quando adicionado ao alimento para o animal, atua como um íma, atraindo as micotoxinas para que elas não sejam absorvidas pelo organismo dos animais e seja eliminada por meio da excreção.
Quando o alimento ofertado ao animal, se estiver contaminado por micotoxinas, é possível que haja prejuízos desde a coversão alimentar, passando por problemas de fertilidade, abortos nas fêmeas, e comprometimento no sistema imunológico, o que prejudica inclusive a eficácia de vacinas.
Vittori elencou três principais micotoxinas que foram destacadas no estudo, a Fumonisina (FUMO), Vomitoxina (DON) e Zearalenona (ZEA), e pontuou algumas particularidades no que diz respeito à saúde anima. "A ZEA, por exemplo, afeta bastante a fertilidade nas vacas e nas matrizes suínas, gerando abortos, ou menor quantidade de leitões por gestação. a FUMO, no caso de aves, prejudica a conversão em ganho de peso, enquanto a DON, de maneira geral, compromete o sistema imunológico, tornando as espécies mais suscetíveis a outras enfermidades", contou.
Principais conclusões do relatório de micotoxinas da Cargill:
1) A contaminação é a regra: em 2022, 75% das mais de 300 mil análises de micotoxinas realizadas foram positivas e acima dos limites de detecção. Além disso, quanto mais micotoxinas você testar, mais você encontrará. Por exemplo, das amostras testadas para seis micotoxinas, 84% foram positivas para quatro ou mais micotoxinas.
2) As taxas de risco de desempenho aumentaram. Além do número de amostras positivas, é importante considerar os níveis de contaminação que podem criar um risco de desempenho reduzido. Por exemplo, em 2022, 39% das análises estavam acima dos Limites de Risco de Desempenho da Cargill, representando um aumento de 4% em relação a 2021.
3) Micotoxinas a serem observadas: Fumonisina (FUM), Vomitoxina (DON) e Zearalenona (ZEN) continuam sendo as três principais micotoxinas de preocupação acima dos limiares de risco de desempenho da Cargill. No ano passado, as análises ZEN acima do risco de desempenho aumentaram para 51%, enquanto FUM e DON permaneceram elevados em 40% e 62%, respectivamente.
CONFIRA O RELATÓRIO COMPLETO ABAIXO
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