Ação da BRF firma alta forte com foco em plano de venda de ativos e previsão de melhora em margem
SÃO PAULO (Reuters) -As ações da BRF firmavam-se em forte alta nesta quinta-feira, após alguma volatilidade na abertura, com o plano bilionário de venda de ativos para tentar reduzir a dívida da companhia ofuscando prejuízo nos últimos três meses de 2022, que marcou o a quarta perda trimestral seguida.
Em teleconferência, executivos da companhia afirmaram que uma queda esperada nos preços da ração animal ajudará a BRF a aumentar as margens em todos os segmentos de negócios.
Às 12:21, os papéis da maior exportadora de frango do Brasil subiam 12,66%, a 6,94 reais. Na máxima, chegaram a 6,97 reais. As ações respondiam pelo melhor desempenho do Ibovespa, que recuava 1,12%.
A BRF teve prejuízo líquido de 601 milhões de reais referente ao quarto trimestre de 2022, acima da perda de 130,62 milhões de reais prevista pelos analistas.
Tal resultado exclui os efeitos contábeis da hiperinflação na Turquia, que a administração da companhia disse que seriam positivos, e o impacto pontual de um acordo de leniência que a empresa assinou no ano passado para solucionar acusações de corrupção, que seria negativo.
No total, a empresa teria registrado prejuízo de 956 milhões de reais no quarto trimestre.
Após a publicação dos resultados, porém, executivos da BRF disseram a jornalistas que a empresa planeja vender até 4 bilhões de reais em ativos não essenciais este ano.
De acordo com analistas do Bradesco, a alta alavancagem financeira da companhia tem sido a principal preocupação dos investidores e o plano sobre desinvetimentos corrobora expectativa de redução no risco do balanço, conforme relatório enviado a clientes no final da noite de terça-feira.
Em relação ao balanço, analistas da XP Investimentos avaliaram que foi um trimestre mais fraco do que o esperado, afirmando que 2022 foi um "ano para esquecer", com prejuízo de 3,166 bilhões de reais, e avaliando que "alguns fantasmas ainda devam perdurar em 2023", conforme relatório a clientes.
Eles destacaram que a operação no Brasil foi uma surpresa positiva, embora longe de compensar a queda em todas as operações internacionais, sobretudo diante da queda nos preços de frango. Eles citaram ainda a firmeza do mercado de grãos, matéria-prima da ração, e preocupações sobre a gripe aviária, após registros de casos em países vizinhos, recentemente.
"Em uma nota positiva, a melhora nos indicadores operacionais é um bom alento. Ainda assim, o macro manterá as finanças da BRF estressadas e a alavancagem líquida de 3,75x nos manterá acordados à noite", acrescentaram.
Marfrig ON, principal acionista da BRF, ganhava 6,44%.
(Por Paula Arend Laier; edição de Roberto Samora e Pedro Fonseca)
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