Conilon: 2023 será mais um ano de "queda de braço" entre indústria e produção
Nos últimos dois anos o produtor do conilon viu o cenário mudar para o seu negócio: Ganhou espaço no mercado interno, exportou menos e desde, pelo menos, novembro do ano passado o mercado segue travado.
Mesmo com as altas observadas no mercado internacional nos últimos dias, o produtor de conilon ainda espera por preços mais atrativos para fechar novos negócios. Do lado da indústria, a procura é acirrada e o setor há três meses tem que lidar com um mercado vendedor muito mais resistente.
O segundo mês do ano já começou e não há expectativa de melhora no ritmo do mercado no curto prazo, de acordo com análise de Marcus Magalhães, da MM Cafés. "Estamos com a sensação de que o ano não começou ainda. Estamos vindo de um dezembro de muita chuva nas regiões produtores do Espírito Santo e do Sul da Bahia. Os preços não agradaram muito, o dólar desabou e agora a bolsa começou a subir, e agora estamos vendo os níveis querendo voltar aos patamares de dezembro, em torno de R$ 700,00", complementa.
O início do ano foi marcado por negociação na casa de R$ 675,00. Esse, inclusive, foi o preço praticado pelo mercado na sessão de terça-feira (31), quando as cotações avançaram mais de 3% na Bolsa de Londres. A referência é do Centro do Comércio de Café de Vitória. O valor representa queda de 14,23% em relação a mesma data no ano passado, quando as negociações estavam sendo feitas na casa dos R$ 787,00.
"Infelizmente tivemos um mês de janeiro com pouca liquidez com esses níveis, pouquíssima gente fez negócio, aguardando uma recuperação nos preços. O produtor de conilon continua muito retraído no momento de vender café. Vamos torcer agora para quando o mercado se consolidar nos R$ 700,00, para o produtor voltar ao mercado", comenta.
Nesta quarta-feira (1º), a liquidez do mercado ainda era baixa, segundo Marcus. Mas, com a chegada da safra em aproximadamente 60 dias, e se o mercado se consolidar na casa dos R$ 700,00, o analista acredita em movimentação mais significativa no mercado.
"O produtor vai ter que começar abrir espaço dentro dos armazéns para poder colocar a safra nova que está chegando. A expectativa é que se os preços se mentiverem acima dos R$ 700,00 a gente pode ter uma maior liquidez no dia a dia das operações", complementa. Mas destaca que com valores abaixo disso, o mercado continuará observando uma "queda de braço" entre indústria e produção.
Com relação ao mercado internacional, Marcus acredita que 2023 será mais um ano de participação limitada do Brasil no mercado internacional. Os dados oficiais do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) indicaram queda de 60% nos embarques do ano passado, reflexo da crise no arábica do Brasil e indústria no mercado interno pagando mais.
"Infelizmente o Brasil ainda não é competitivo. Se olharmos o dólar e olharmos Londres, os nossos competidores internacionais são mais agressivos que a gente na exportação. Ou seja, o café conilon que nós temos internamente ainda tem sido direcionados para os blends das torrefações internas e para o mercado de solúvel interno", finaliza.
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