Segunda rodada do dólar soja na Argentina pode ser anunciada nesta 6ª feira pelo Ministro da Economia
O ministro da economia da Argentina, Sérgio Massa, convocou uma uma reunião para esta sexta-feira (25), às 18h (horário de Brasília), com entidades e participantes do agronegócio, e as expectativas é de que o dirigente da pasta faça o anúncio de uma nova rodada do chamado "dólar soja". A diferença mais importante para este novo momento é do valor do dólar, passando de 200 pesos - como aconteceu em setembro - para 225 pesos.
"A Argentina distorceu a dinâmica global da soja com o primeiro esquema e pode distorcer novamente" acredita o senior risk manager da Hedge Point Global Markets, Victor Martins. No ciclo anterior, foram fixadas cerca de 13 milhões de toneladas, sendo dois terços para o mercado interno e o restante para exportação.
Ainda de acordo com cálculos da Hedge Point Global Markets, há ainda perto de 12 milhões de toneladas da soja ainda a ser comercializada da safra 2021/22, volume que se mostra apertado frente a uma constante baixa no saldo exportável de trigo diante das perdas da safra atual do país em função das severas adversidades climáticas.
"O governo busca medidas para compensar a baixa no saldo de exportações agrícolas assim como na necessidade de aumento da reserva cambial", explica Martins.
Com o 'dólar soja' de setembro, o governo argentino conseguiu arrecadar US$ 8 milhões, garantindo certo fôlego para seus compromissos financeiros, em especial com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Vale lembrar que, apesar de a Argentina ter tido o maior fluxo de agrodólares da história nos últimos dois anos , as reservas do Banco Central ainda estão se afogando e é por isso que o governo precisa, mais uma vez, estimular os produtores a venderem a oleaginosa que eles têm armazenado", informa o portal local Infocampo.
Há poucos detalhes sobre o novo Programa de Incremento Exportador (PIE), mas especula-se que esse nova fase dure pelo mês de dezembro e tenha o dólar a 225 pesos. "Políticas como estas podem ser mais ou menos apreciadas, mas a realidade é que teve um primeiro resultado mais exitoso e inesperado para todos", disse Massa em um evento durante esta semana com o Conselho Interamericano de Produção.
Apesar do bom volume de soja vendido na primeira rodada, as crtíticas continuam à medida, como foi o caso da Asociación Argentina de Productores Agropecuarios, que afirmou que "o dólar soja beneficia os exportadores e não os produtores".
A lista de associações, entidades de classe e representantes do setor argentino é extensa, porém, com pouquíssimas confirmações, segundo pôde apurar o jornal La Nacion. Segundo a publicação, as lideranças afirmam ser um tempo muito curto entre a convocação - que começou no meio da manhã de hoje - e a reunião, no final da tarde.
Os esforços, porém, também estão sendo feitos, em especial pelos setores que sentem um impacto de alto nos custos de produção, como os de proteínas animais.
"Espero poder chegar, já que me chamaram só hoje. Vou fazer todo esforço, porque vimos afirmando que o 'dólar soja', na edição anterior, nos aumentou muito os custos de produção. Isso significa muito dinheiro. Se não dá para repassar para o preço é um impacto grande. Mas, não sabemos mais do que isso, quando começou a voltar a questão do dólar soja II, dissemos ao secretário de Agricultura, Juan José Bahillo, o problemas que estamos enfrentando”, disse Roberto Domenech, presidente do Centro das Empresas de Processamento de Aves (CEPA).
IMPACTOS PARA O COMPLEXO SOJA GLOBAL
Ainda como explica Victor Martins, senior risk manager da hEDGE Point Global Markets, o primeiro impacto do dólar soja 2.0 poderia ser dar sobre o mercado spot da oleaginosa na Argentina, afinal, o plantio no país está atrasado, a safra nova ainda é muito incerta e essas incertezas tiram a segurança do produtor local para novas fixações.
Já para as indústrias, com uma pressão na margem de esmagamento, poderia ser registrada uma queda nos prêmios tanto do farelo, quanto do óleo. No caso das exportações, em dezembro e janeiro poderia haver mais concorrência com a nova soja do Brasil que começa a chegar ao mercado. Já para o período de fevereiro e março, "queda na CBOT ou nos prêmios FOB portos 2022/23".
Com a Argentina mais presente, o programa norte-americano poderia ficar menor, resultando em um aumento dos estoques do grão nos EUA, pesando sobre os futuros da commodity na CBOT.
"Argentina pode “exportar” margem de esmagamento negativa para Brasil/EUA assim como prêmios mais fracos FOB portos na exportação", explica o executivo. "A China está pouco coberta para janeiro/fevereiro e deve se abastecer de soja argentina".
Em outubro, a nação asiática importou 923 mil toneladas de soja da Argentina, 470% mais na comparação anual, "somando 2 milhões de toneladas desde setembro, pós estabelecimento da medida. Assim, podemos afirmar que a Argentina “tomou mercado” de mais de 2 milhões de toneladas de soja origem Brasil/EUA que outrora deveria ser destinado à China", complementa.
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