Dólar recupera terreno ante real com incertezas sobre PEC e Fazenda
O dólar devolveu perdas iniciais e ganhava fôlego frente ao real nesta terça-feira, em meio a dúvidas de investidores sobre como ficará o texto final da PEC da Transição e temores de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva escolha uma pessoa muito à esquerda para chefiar seu Ministério da Fazenda.
Às 14h30 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,84%, a 5,3552 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,60%, a 5,2795 reais.
Integrantes da equipe de transição e encarregados da negociação com o Congresso estimam estar próximos de fechar um texto de consenso para a PEC da Transição, que já poderia iniciar sua tramitação ainda nesta semana, possivelmente na quarta-feira.
Na segunda-feira, o humor dos mercados foi sustentado por esperanças de que o texto da PEC possa ser desidratado durante as negociações, reduzindo a previsão de gastos extra-teto e definindo um prazo claro para eventuais exceções às regras fiscais do país. No entanto, a falta de definição voltou a deixar os investidores nervosos nesta sessão, enquanto a volatilidade seguia elevada.
"Será crucial, inclusive para evitar maiores turbulências nos mercados, encontrar um equilíbrio entre o que o Congresso está disposto a validar e os interesses do governo para viabilizar seus gastos no ano que vem", disse a Levante Investimentos em nota a clientes.
A instituição tem como cenário base o enxugamento da PEC da Transição, levando à aprovação de um "waiver" (licença para gastar) bastante distante dos quase 200 bilhões de reais inicialmente almejados pelo governo eleito.
Alguns investidores também citaram boatos de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será o escolhido de Lula para comandar o Ministério da Fazenda como motivo de cautela nesta terça-feira.
Na semana passada, a Reuters informou, citando fontes próximas de Lula e do ex-prefeito, que Haddad está sendo visto como o favorito do presidente eleito para ocupar o cargo. Os mercados acreditam que Haddad provavelmente teria uma postura fiscal muito inclinada a gastos caso assumisse a Fazenda, de forma que têm reagido mal a qualquer indicação nesse sentido.
Os ganhos do dólar frente ao real vinham na contramão do exterior, onde o índice que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis pares fortes perdia 0,3%.
(Por Luana Maria Benedito)
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