Soja: Brasil termina semana com bom avanço no plantio, porém, com ritmo lento nos negócios
A semana foi agitada e volátil, mais uma vez, para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, a sessão desta sexta-feira (28) começou no vermelho, porém, fechou em alta. Os futuros da commodity terminaram o dia subindo entre 5,50 e 7 pontos, levando o novembro a concluir a semana com US$ 13,87 o maio - referência para a nova safra brasileira - com US$ 14,16 por bushel. "Semana fechando na calmaria", afirmou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Também na calmaria, fecha o dólar frente ao real neste último pregão da semana. A moeda americana conclui os negócios com uma pequena alta de 0,04% - com estabilidade -, valendo R$ 5,31. Mais cedo, a divisa chegou a subir mais de 1%, depois de também ter tido dias muito intensos, com altas e baixas bastante agressivas. Porém, os investidores também optam pela defensiva, à espera do resultado do segundo turno das eleições presidenciais que acontece neste domingo (30).
Assim, a semana foi de pontuais negócios com a soja brasileira - tanto do volume da safra 2021/22 ainda disponível, quanto da safra 2022/23 -, com os produtores muito focados nos trabalhos de plantio. "O plantio está correndo, pessoal do Paraná aproveitando para fechar o plantio, então, está acelerado, chuva chegando, e sem muita preocupação, pelo menos no Paraná, com essa onda de frio", explica Brandalizze. E ele relata ainda que os estados da região Matopiba também começam a ganhar mais tração na semeadura.
"Ou seja, plantio dentro de uma boa janela para a soja, e é isso que também pressiona Chicago e mantém a calmaria aqui. Uma semana com negócios, mas não muito, ainda mais nessa véspera de um final de semana que é muito importante pro Brasil", diz.
Os preços da soja, no encerramento da semana e da perspectiva da Brandalizze Consulting, cederam no mercado de balcão - cerca de R$ 1,00 por saca nas principais regiões produtoras - enquanto nos portos, alguma baixa também foi registrada, variando entre os prazos de entrega a pagamento para a soja disponível. "Já para a safra nova segue com poucos negócios e não mudou muito na semana, com referências de R$ 175,00 na soja para março e abril", explica Vlamir Brandalizze.
De acordo com dados recém divulgados pela Pátria Agronegócios, a semana termina com 53,34% da área de soja já semeada, mantendo-se acima da média dos últimos cinco anos de 39,81%, em linha, porém, com o bom ritmo do ano passado, de 52,83%. Destaque para a evolução no Paraná, Mato Grosso, Rondônia e Goiás. "Estados que sofreram levemente com a queda no ritmo ao início de Outubro, porém compensaram na segunda quinzena deste mês", afirma o time da Pátria.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, apesar do fechamento positivo nesta sexta-feira, o saldo foi negativo e esta foi a segunda semana consecutiva de perdas para a oleaginosa no mercado futuro norte-americano. No pregão de hoje, parte das altas do grão se deu na carona do farelo, que encerrou o dia com mais de 2% de alta, e nos anúncios de vendas vindos do USDA (Departamento de Agricultura do Estados Unidos).
Depois de dias sem fazer novos anúncios, o reporte deste final de semana indica que, do total, 126 mil toneladas foram para a China e 198 mil para a Espanha. O volume é todo da safra 2022/23.
O programa de exportações de soja dos Estados Unidos continua bastante forte e o país já tem 31,550,4 milhões de toneladas da oleaginosa comprometidas com a exportação. O volume é 5% maior do que no mesmo período do ano passado, e tem a nação asiática, mais uma vez, se destacando como um dos principais consumidores.
O departamento estima que as vendas da temporada 2022/23 sejam de 55,66 milhões de toneladas e, para analistas e consultores de mercado, o USDA teria que revisar suas projeções nos próximos boletins mensais de oferta e demanda.
No reporte semanal de vendas para exportação trazido pelo USDA, nesta quinta-feira (27), o saldo de vendas da semana encerrada em 20 de outubro foi de 1,026,4 milhão de toneladas (contabilizando alguns cancelamentos), sendo 1,115,6 milhão adquiridas pela China.
Assim, o comportamento da demanda deverá ser de perto e constantemente acompanhado pelo mercado nas próximas semanas e meses, sobretudo, pelas complicações logísticas que os Estados Unidos ainda enfrenta.O nível do rio Mississippi permanece muito baixo, comprometendo o escoamento da safra americana em pleno período de colheita no país.
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