Ibovespa cai mais de 2% com política impulsionando vendas após série de altas
O Ibovespa caía mais de 2% nesta segunda-feira, com Petrobras e Banco do Brasil entre as maiores quedas, após eventos no domingo adicionarem ainda mais tensão à corrida presidencial e endossarem realização de lucros após sequência de altas.
Às 12:15, o Ibovespa caía 2,21%, a 117.282,52 pontos, após subir em todos os pregões da semana passada, acumulando um ganho de 7%. O volume financeiro nesta sessão somava 11,8 bilhões de reais.
A última semana da campanha para o segundo turno começou sob a sombra do ataque com tiros de fuzil e granadas pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais que cumpriam mandado de prisão determinado pela Justiça contra ele.
Jefferson é apoiador do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), que procurou, já no domingo, distanciar-se do ex-deputado, chamando-o de "bandido" por ter disparado contra os policiais.
Ainda assim, conforme observou a Levante Corp, o incidente repercutiu negativamente em todo o mundo político e caiu "como uma bomba" no colo da campanha do atual presidente, que teve de pausar outros esforços para contenção de danos.
A equipe da casa de análise ponderou, contudo, que ainda é incerto dizer se haverá, de fato, algum desdobramento nas urnas em função do episódio, mas espera que seja explorado pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pesquisas eleitorais mostrando um estreitamento na diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro na disputa presidencial vinham adicionado um fôlego extra à bolsa brasileira nos últimos pregões, principalmente via estatais.
Não chega a ser um segredo a predileção no mercado financeiro pelo perfil econômico do governo Bolsonaro, com menor presença do Estado na economia e mais favorável a privatizações.
"As pesquisas estavam mostrando melhora de Bolsonaro e agora não sabemos ao certo qual o impacto", afirmou o analista Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, destacando que as estatais estavam com queda expressiva por causa desse temor.
Mas ele ressaltou que tudo isso não muda a sua visão de que o segundo turno vai ser muito disputado.
Novas pesquisas, nesse contexto, devem ocupar ainda mais as atenções. Ipec e AtlasIntel divulgarão os resultados de novas sondagens eleitorais sobre o segundo turno nesta segunda-feira.
O presidente do AtlasIntel, Andrei Roman, afirmou em sua conta no Twitter que a pesquisa do instituto incluirá perguntas envolvendo o episódio do ataque a tiros de Jefferson contra agentes da PF no domingo.
Para Komura, os eventos do fim de semana pesaram no mercado, mas uma parte do declínio nesta segunda-feira, mesmo que menor, também está atrelada a movimentos de correção após o vencimento das opções ajudar a impulsionar o mercado na sexta feira.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou o último pregão em alta de 2,35%, a 119.928,79 pontos, avançando 7,01% na semana. Na máxima da sessão, chegou a 120.751,55 pontos.
Além do cenário político, investidores também repercutiam uma bateria de dados da China, incluindo o crescimento do PIB no terceiro trimestre acima do esperado, enquanto, na Europa, números reforçaram as apostas de recessão.
Em Wall Street, o S&P 500 tinha acréscimo de 0,6%.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caía 5,43%, a 35,67 reais, após renovar máximas na semana passada, quando acumulou valorização de quase 13%. Os papéis eram afetados nesta segunda-feira pela turbulência política, enquanto o preço do petróleo Brent tinha decréscimo de 0,3%.
- BANCO DO BRASIL ON recuava 5,17%, a 42,37 reais, também com o noticiário político também abrindo espaço para ajustes após o papel subir 14% na última semana. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN perdia 3,83% e BRADESCO PN caía 3,42%.
- IRB BRASIL ON cedia 4,72%, a 1,01 real, chegando a cair abaixo de 1 real pela primeira vez no pior momento. Novo prejuízo mensal da resseguradora reforçou cenário desafiador para a companhia e trouxe receios sobre o colchão de capital da empresa, mesmo após recente oferta de ações.
- SUZANO ON valorizava-se 3,14%, a 51,25 reais, apoiada em relatório de analistas do JPMorgan elevando a recomendação das ações para "overweight" e estabelecendo preço-alvo de 67 reais para o final de 2023. Os analistas previram que a normalização do preço da celulose será mais lenta do que o esperado.
- VALE ON perdia 2,29%, a 72,43 reais, contaminada pelo viés vendedor de forma generalizada, enquanto os preços do minério de ferro na China e em Cingapura tiveram avanços modestos.
- BRASKEM PNA caía 3,42%, a 33,35 reais, revertendo a alta do começo do dia. No radar, dados sobre vendas no terceiro trimestre, assim como notícia de proposta por instalações da petroquímica em São Paulo, que a empresa negou. Analistas do Citi cortaram a recomendação das ações a "neutra/alto risco" e o preço-alvo a 39 reais.
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