Projeções para safra de trigo da Argentina caem novamente com clima preocupante
Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) – A safra de trigo 2022/23 da Argentina deve alcançar 16 milhões de toneladas, disse à Reuters um analista sênior da Bolsa de Comércio de Rosário nesta quinta-feira, com um corte de 500 mil toneladas em relação à previsão anterior, devido à seca e geadas que atingiram as lavouras.
A Argentina é um grande exportador de trigo e seu papel nos mercados globais ganhou maior destaque em meio a uma crise de oferta no mundo, ligada à invasão da Ucrânia pela Rússia. Os dois países do leste europeu também são grandes produtores de trigo.
Na mesma linha, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgou em uma estimativa separada que a safra de trigo 2022/23 do país poderá chegar a 16,5 milhões de toneladas, uma queda de quase 6% em relação à previsão anterior da bolsa, de 17,5 milhões de toneladas
Se confirmada, a projeção da bolsa de Rosário marcaria a menor safra de trigo da Argentina em sete anos.
O analista de Rosário Cristian Russo disse à Reuters que os rendimentos mais baixos são resultado de meses de chuvas escassas, além de uma recente geada no final da temporada.
A safra de trigo da Argentina foi recorde de 23 milhões de toneladas no ano passado.
O país também é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja processados e o terceiro maior exportador de milho. Seus embarques de grãos são a principal fonte de receita em dólar para o governo, que luta para conter uma inflação crescente, podendo atingir 100% até o final deste ano.
Reportagem da Reuters informou na quarta-feira que autoridades do governo se reunirão com moinhos e exportadores de trigo ainda nesta quinta-feira para discutir preocupações sobre a safra e a potencial escassez para o mercado doméstico.
Os produtores do país já declararam formalmente vendas de trigo ao exterior de 8,85 milhões de toneladas em 2022/23, mostram dados oficiais. Existe um limite de exportação de 10 milhões de toneladas para a produção de trigo da temporada.
Usado em grande parte para fazer pães e massas, o consumo doméstico do cereal na safra 2021/22 foi de 7,6 milhões de toneladas, mostram dados do governo.
Quase toda a safra 2022/23 é colhida de novembro a janeiro e, antes desses meses cruciais, as previsões meteorológicas de curto prazo não são animadoras.
Não são esperadas chuvas significativas na próxima semana nas principais áreas produtoras de trigo do país, bem como nas áreas agrícolas adjacentes no Uruguai, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
A maior parte da região dos Pampas argentinos e as plantações de trigo no Uruguai devem ficar secas, com chuvas de menos de 10 milímetros esperadas, observou a bolsa em seu relatório. Ela acrescentou que ventos fortes provavelmente causarão temperaturas mais altas do que o normal.
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