Dever de mostrar ao mundo a realidade do agronegócio brasileiro não cabe ao produtor, mas sim às grandes corporações
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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A comunicação do agronegócio com o setor urbano foi o principal foco do debate nesta semana. Partindo da informação de que países europeus pretende eliminar a importação de alimentos que tenham algum tipo de ligação com o desmatamento, o time do Conexão Campo Cidade discutiu sobre qual a relevância da Europa para o agronegócio brasileiro atualmente, a origem das críticas que são feitas à produção agrícola brasileira e como o produtor rural pode ser defendido dos ataques que sofre.
Lei contra o “desmatamento importado”
O projeto de lei chamado “desmatamento importado”, em trâmite no Parlamento Europeu, ficou mais rigoroso. A proposta visa a proibição da compra de 14 produtos caso eles sejam considerados originários de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2019. A propositura foi aprovada em julho deste ano pela Comissão Europeia e deve ser analisado pelos líderes dos países que compõem o bloco, formado por 27 países. A expectativa é de que a aplicação desse texto acontece no próximo ano.
Essa medida deve atingir a importação europeia de soja, carne bovina, carne suína, aves, milho, óleo de palma, madeira, cacau, café, carvão vegetal, papel impresso e borracha. O nível de verificação dos produtos vai depender do país de origem, podendo variar entre “alto, padrão e baixo”, seguindo critério definidos pela própria União Europeia.
“Desmatamento não é tema para o agronegócio, é tema para criminoso”
Para José Luiz Tejon, a comunicação entre Brasil e Europa em relação ao desmatamento precisa ser feita pelas grandes corporações, que possuem recursos financeiros para tal fim. Entretanto, de acordo com ele, o tema do desmatamento não interessa ao agronegócio. “Eu pediria que nenhum agricultor falasse em nome disso, porque o problema do desmatamento é de criminoso”, afirmou.
Ele acredita que cabe à polícia lidar com a questão do desmatamento e o produtor rural é atingido pelas críticas porque “toma as dores para si”. Dessa forma, para Tejon, uma solução seria que os agropecuaristas se afastassem dessa discussão e deixassem que o problema ficasse sobre os cuidados das forças policiais do país e a discussão seja feita pelas grandes corporações.
A hipocrisia europeia
“Estamos há anos sendo maltratados por esse ‘cliente’, que não é nada”, afirmou Antônio da Luz, durante o debate. Sob protestos de José Luiz Tejon, o qual insistia que não devemos criticar nossos clientes, Antônio questionou a relevância da Europa nas exportações brasileiras, que corresponde a cerca de 16% do total que sai do Brasil atualmente. Na visão dele, esse percentual poderia ser encaminhado para países asiáticos, que não fazem as mesmas exigências que os europeus.
Antônio da Luz ressaltou que a exigência de desmatamento zero imposta pelos europeus é impossível. Segundo ele, existe desmatamento legal e ilegal, e esse último deve ser combatido como o crime que é até ser eliminado. Porém, a Europa faz imposições para o Brasil que nem mesmo os países do continente conseguem cumprir, como ele afirmou. “Eles são hipócritas, essa que é a realidade”, argumentou.
2 comentários
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Aloísio Brito Unaí - MG
A melhor frase do ano para o agronegócio brasileiro.
Guilherme Frederico Lamb Assis - SP
O produtor não deve deixar o marketing somente na mão de terceiros, precisamos apreender via benchmarking com outros produtores como atuar junto ao mercado através de associações e seus representantes diretos.
Delegar a terceiros pode ser um tiro no pé, visto que as grandes corporações acabam nos vendendo ao inimigo socialista em nome do politicamente correto e do ESG, claro sendo muito bem remunerados através do capitalismo de compadres.Essa turma aí que gosta de dizer-se liderança sempre trabalhou e ganhou dinheiro como propagandista de tudo que não presta.