Jovens se afastam do trabalho no agronegócio influenciados por preconceitos da sociedade urbana contra a produção agropecuária
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Jovens se afastam do trabalho no agronegócio influenciados por preconceitos da sociedade urbana contra a produção agropecuária
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
Confira aqui todas as edições do Conexão Campo Cidade
Entre os diversos temas que estiveram em pauta na edição da última segunda-feira (05) no Conexão Campo Cidade, os integrantes do programa discutiram a deficiência que o setor agropecuária cada vez mais tem de encontrar mão de obra especializada, principalmente quando se trata de jovens. Como destacou Leticia Jacintho, uma das líderes do movimento De Olho No Material Escola – que propõe uma revisão da abordagem ao agronegócio em livros didáticos distribuídos nas escolas – cada vez mais adolescentes têm tido desinteresse de iniciar uma carreira profissional na agropecuária, por conta de preconceitos existentes no meio urbano.
Participação do De Olho No Material Escolar na Expointer
A 45ª edição da Expointer foi realizada na última semana, no Rio Grande do Sul. O movimento De Olho No Material Escolar marcou presença no evento e levou 360 crianças e adolescentes, de oito escolas diferentes, para conhecerem de perto a feira e, por consequência, mais sobre o agronegócio brasileiro. Entre os estudantes, como contou Jacintho, havia até mesmo um grupo que veio de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul.
“Foi um desafio supergrande para o 'de Olho', a gente conversar, encantar. Esse projeto Vivenciando a Prática, ele consiste em levar essas crianças não só para as feiras, mas para agroindústria, conectar o campo e a cidade mesmo, gerando perspectivas para eles, gerando uma maneira de visão diferente”, afirmou Jacintho.
Causando uma nova impressão através do conhecimento
Ao mostrar para crianças e adolescente a realidade do agronegócio, o projeto visa mudar a impressão que eles têm em relação à agropecuária. Nesse sentido, uma experiência vivida na Expointer contada por Letícia foi de algumas crianças que viajaram por sete horas para participarem do evento. Contudo, quando viram dentro da programação que conheceriam mais sobre uma empresa de máquinas, disseram a ela que não queriam participar dessa visita, pois a cidade onde moram é muito pequena e cheia de morros, então não tinham interesse em máquinas agrícolas.
Entretanto, foram convencidos a terem uma experiência diferente e não ficarem vendo “apenas do mesmo”. Para a surpresa de todos, o gerente da empresa de máquinas que recebeu os estudantes era exatamente da mesma pequena cidade de onde eles vieram. Isso gerou uma identificação que, como disse a líder do movimento, fez com que os alunos tivessem novas perspectivas de vida. O mesmo vale para as crianças que vieram do assentamento, que começaram a enxergar novas possibilidades de profissões para o futuro.
Exigência de capacitação no agronegócio e o preparo nas escolas do Brasil
Durante o programa, o internauta Tadeu Carniel escreveu um comentário pelo YouTube do Notícias Agrícolas, dizendo o seguinte: “Os fatores de produção do meio rural são o capital, a terra e a mão de obra. Destas a mão de obra é a mais importante. As exigências estão cada vez mais necessárias!”.
Sobre isso, Antônio da Luz corroborou que cada vez mais o agronegócio está com máquinas, técnicas e processos cada vez mais especializados e detalhados, o que exige um conhecimento mais técnico.
De acordo com o economista, é preciso uma melhoria na capacitação dos jovens, inciando pelo ensino escolar. Para ele, o Brasil precisa investir em alunos, não apenas em educação. Ou seja, muitas vezes são feitos investimentos na infraestrutura escolar, mas não se investe realmente no aprendizado do estudante, na pessoa, no ser humano. Com isso, a capacidade de aprendizado tem estado cada vez pior e o país tem “entregado gerações de analfabetos funcionais”.
Roberto Rodrigues também aproveitou para destacar um trecho de seu livro, onde há um artigo datado de 2012, onde é criticada a falta de mão de obra qualificada no Brasil, que tenham, um nível técnico para desempenhar funções mais específicas.
Falta de interesse para ingressar profissionalmente no agronegócio
Dando continuidade ao assunto, Leticia Jacintho declarou que não falta dinheiro para investimento no Brail, mas sim um método de como fazer. De acordo com ela, muitas vezes não falta ensino de qualidade para ensinar as crianças, mas sim o interesse delas em aprender. E isso acontece fortemente no agronegócio, onde os jovens não têm vontade de ingressar no setor, por conta da maneira muito grave, como ela avaliou, que a agropecuária é colocada dentro dos materiais didáticos.
Isso vale não apenas para o agronegócio, como disse Jacintho, mas outros setores importantes que movem a economia do país de maneira geral. Os jovens, segundo ela, não saem da escola com vontade de resolver os desafios para crescimento do Brasil. Eles saem sem essa esperança. Por mais que existem inciativas positivas no Brasil, falta interesse, vontade de seguir estudando, continuar se aprimorando, com uma expectativa para os jovens brasileiros, e, para ela, é isso que precisa ser retomado nas escolas.
Assim, o setor que mais tem sofrido com o desinteresse dos jovens, como destacou Leticia, é o setor sucroalcooleiro. Empresas vão até o De Olho No Material Escolar e dizem: "a gente quer o jovem que tem capacidade tecnológica grande, nasceu clicando no celular, e eles não querem trabalhar porque têm um preconceito grande com o setor".
Dependência do setor de máquinas de crédito do BNDES
Ainda sobre a 45ª edição da Expointer, Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, destacou que a feira reuniu uma grande quantidade de pessoas do meio rural e espectadores urbanos, que estiveram presentes no evento. Como ele afirmou, foram R$ 7 bilhões em negócios, números que poderia ser ainda maior se não houvesse uma dependência do setor de máquinas agrícolas de créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo o economista, o sistema de crédito atual é muito pequenos para o tamanho do agronegócio brasileiro. Para ele, enquanto que o setor de crédito agrícola não estiver ativo no mercado de capitais, não haverá dinheiro suficiente para um crescimento exponencial. Além disso, ele declarou que “o setor de máquinas agrícolas, infelizmente, está viciado em BNDES e não consegue virar a página”.
Enquanto que os setores da indústria química, revenda de insumos, cooperativas de grãos e tradings, estão plugadas no mercado de capitais, como explicou da Luz, as empresas de máquinas agrícolas estão atrasadas.
5 comentários
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Ricardo Luiz Mineiros - GO
Eu me afastei por causa do salario mesmo, ganhava o mesmo na cidade sem ter que acordar 4 horas para pegar ônibus!
Se não subirem o salario não vai ter jovem para trabalhar!Realmente o campo paga pouco--Alem de nao ter horario
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
É cada jumento se apresentando como liderança, por isso o país não melhora.
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
O problema são os alunos, não é necessário formar melhores professores, mais da metade analfabetos funcionais no Brasil. É só aumentar o salário das nulidades que tudo se resolve, construir uma sala de aula bonita com ar condicionado que a formação dos professores melhora, o conhecimento melhora, tudo por osmose.
Claro que a esquerda mente, mas não dá para ter boa aula numa sala com 40 alunos!
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Tem problema no campo, solução...dinheiro público. Tem problema no ensino público, solução...dinheiro público...Falar o que para esses oportunistas?
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Que conversa mole, essa estórinha de ficar numerando problemas, dados fajutos, idéias falsas, para no fim sempre dizer que o problema é dinheiro, é a geração viciada em dinheiro público. E o titulo da reunião, o que me dizem, os jovens não vão para o campo por que viver no campo é mais caro, os carros são caros, o combustivel é caro, a mão de obra é cara, tudo tem frete, e para que, para sustentar parasitas do setor publico que são especialistas em CRIAR problemas para todos e logo em seguida se apresentarem como a soluçaõ. E sempre fazendo apologia da china, os brasileiros são excelentes alunos, a grade curricular positivista, focada em formação para o trabalho e não para a cultura é que não presta....É tanto erro desses caras aí que até cansa falar.
Só o salario dos peões são baixos!
Quem aqui não sabe que na escola os alunos aprendem um monte de coisas que não interessam a ninguém, o curriculo vem pronto de Brasilia, uma porcaria centralizada que não presta, ... os alunos, obrigados a aprender tudo, não aprendem nada.
Hoje em dia os alunos não sabem nem o que é signo, significado, significante, como é que alguém pode entender qualquer coisa que seja se não entende os muitos sentidos que uma palavra pode ter?