Dólar supera R$5,19 e zera perdas no mês com mau humor externo e força de comprados na disputa da Ptax
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha forte alta pelo segundo pregão consecutivo nesta quarta-feira, flertando com a casa de 5,19 reais e zerando suas perdas em agosto devido à persistência de temores internacionais de recessão em meio a ciclos agressivos de aperto monetário nas grandes economias, enquanto operadores alertavam para volatilidade no dia devido à formação da Ptax de fim de mês.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente provoca intenso vaivém nas negociações.
"O dia promete ser desafiador em função da disputa pela taxa Ptax de final de mês", disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora. "Como se trata de um clássico, a disputa (entre os que apostam na alta e na baixa do dólar) sempre é equilibrada", acrescentou, embora tenha notado pela manhã uma predominância dos comprados.
Às 10:28 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,58%, a 5,1930 reais na venda, nas máximas do dia e rondando seus maiores patamares intradiários desde o último dia 22.
Caso encerre o pregão nesses níveis, o dólar terá zerado completamente as perdas que acumulava em agosto até a véspera, depois de ter fechado julho em 5,1727 reais.
Na terça-feira, o dólar subiu 1,57%, a 5,112 reais, maior valorização percentual diária desde 2 de agosto (1,93%).
Na B3, às 10:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,13%, a 5,1840 reais.
Além do real, outras moedas de países emergentes ou ligadas às commodities, como pesos chileno e colombiano e rand sul-africano, apresentavam perdas nesta manhã, embora a ritmo mais moderado. O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, por sua vez, avançava 0,2% por volta de 10h15 (de Brasília).
"Os mercados refletem a possibilidade de aperto monetário mais agressivo nas economias desenvolvidas", disse o Bradesco em relatório, destacando nervosismo na esteira de dados desta manhã que mostraram que a inflação da zona do euro acelerou para novo pico recorde em agosto.
Investidores temem que a manutenção de postura muito agressiva dos principais bancos centrais do mundo diante das pressões de preços elevadas derrube a economia global numa recessão. Os mercados apostam que o Federal Reserve, autoridade monetária dos EUA, elevará sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual por uma terceira vez seguida em setembro, por exemplo.
Enquanto isso, "investidores também monitoram os possíveis impactos fiscais das promessas dos candidatos à Presidência", disseram em nota estrategistas da Travelex.
Segundo duas fontes, o governo enviará o projeto de Orçamento de 2023 ao Congresso nesta quarta-feira com a previsão de retorno do benefício do Auxílio Brasil a 400 reais por família, 200 reais a menos que o patamar atual. Mas a mensagem presidencial que acompanha a medida indicará intenção de manter no ano que vem o valor de 600 reais.
Tanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principais concorrentes ao Planalto, já disseram que irão manter o valor do benefício em 600 reais se eleitos.
0 comentário
Ações sobem após dados de inflação, mas acumulam queda na semana
Dólar cai após BC vender US$7 bi e Senado aprovar pacote fiscal
Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
Ações europeias têm pior semana em mais de três meses, com queda no setor de saúde
Presidente do Fed de NY diz que BC dos EUA segue no caminho certo para cortes de juros