EUA: Vendas de soja e milho evoluem lentamente com clima preocupando produtores e temores com La Niña

Publicado em 14/07/2022 16:42

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"Não é difícil conversar com um produtor aqui nos Estados Unidos que esteja preocupado com suas lavouras", afirma o consultor de mercado americano Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing. 

Assim, embora toda a confusão e incerteza que assolam o mercado financeiro global pesem também severamente sobre o mercado de grãos enquanto commodities agrícolas, os traders também permanecem atentos às questões do clima no Meio-Oeste americano diante de mapas climáticos que preocupam para os próximos dias em regiões importantes. São esperadas de chuvas ainda escassas e mal distribuídas, marcadas por dias muito quentes. 

Imagens mostram boas condições de lavouras em Illinois. Fotos de Karen Braun/CropWatch

"Os prognósticos climáticos indicam clima seco e chuvas abaixo do esperado para o mês de julho e primeira metade de agosto nas planícies oeste e grande parte do Meio-Oeste. As chuvas indicadas para o Corn Belt e para o Sudeste têm acumulados leves
a moderados, que devem auxiliar a frear o avanço da seca, entretanto, ainda não sabemos se poderá afetar positivamente ou negativamente a produção final da safra", explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

Os últimos mapas do NOAA - o serviço oficial de clima dos EUA - msotram que os períodos dos próximos 6 a 10 - 19 a 23 de julho - e 8 a 14 dias - 21 a 27 de julho - deverão ser de chuvas abaixo e temperaturas acima da média. As condições são esperadas para quase todo o país e preocupam, neste momento, principalmente, para o milho, que está definindo sua produtividade. 

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Previsão de chuvas para 19 a 23 de julho - Mapa: NOAA
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Previsão de temperaturas para 19 a 23 de julho - Mapa: NOAA
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Previsão de chuvas para 21 a 27 de julho - Mapa: NOAA
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Previsão de temperaturas para 21 a 27 de julho - Mapa: NOAA

As últimas 24 horas já foram de chuvas escassas no cinturão de produção norte-americano, com pequenos volumes de apenas 25 mm sendo registrados em alguns pontos, como centro-leste de Illinois, centro de Indiana, Ohio, Michigan, pontualmente no noroeste da Dakota do Sul, sudeste do Nebraska, oeste do Kansas, sudoeste e extremo leste do Texas, ainda de acordo com informações apuradas pelo Grupo Labhoro.

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Chuvas nos EUA nas últimas 24 horas
Mapa: The Weather Channel + Grupo Labhoro

E são estes pequenos volumes que são monitorados de perto pelos produtores norte-americanos, que esperam que a seca não continue se espalhando pelo Meio-Oeste. A imagem atualizada do Drought Monitor - ou o Monitor da Seca - mostra que as precipitações, mesmo espalhadas e com volumes limitados, ajudaram na contenção das áreas de seca nos EUA. 

"As chuvas da semana passada fizeram a diferença nas condições de seca no centro-sul e sudeste dos EUA, embora a seca não desapareça em uma semana. Assim, mais chuva será necessária para manter essa tendência. Por outro lado, a seca se espalhou em Indiana, onde as chuvas não chegaram", explica Karen Braun, especialista internacional em commodities.

Drought Monitor
U.S Drought Monitor

O último boletim semanal de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), atualizado na segunda-feira (11), mostrou que 62% das lavouras de soja e 64% das lavouras de milho estão em boas ou excelentes condições, contra 63% e 64% da semana anterior, respectivamente. Para a oleaginosa, esta foi a quarta semana consecutiva de redução na qualidade dos campos americanos. 

Tais números e atuais condições das lavouras nos EUA, ainda segundo Aaron Edwards, indicam que a temporada 2022/23 não deverá trazer ao mercado uma safra recorde. 

"Embora as lavouras estejam alinhadas com a média de qualidade dos últimos cinco anos, acho que ainda pode piorar um pouco em algumas regiões. Isso não quer dizer que vai ser uma quebra de safra generalizada, está cedo para falarmos em quebra, mas a lavoura não está perfeita", diz o consultor. 

Frente a isso, o comportamento do produtor americano para a comercialização da nova safra de grãos dos EUA também vai se adequando. Os negócios são mais lentos agora, com os agricultores buscando avançar um pouco mais com a safra para entender o tamanho real de sua oferta.  "Os produtores estão aceitando que os fundos estão liquidando, mas também não estão com pressa de vender. Vendas antes da safra foram feitas e para o que tem por vender, a maioria tem sido bem paciente. O quadro fundamentalista segue apertado", relata Edwards. 

As condições atuais preocupam, mas as previstas para o restante de 2022 e início de 2023 também estão no radar, temendo efeitos de um novo La Niña, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze. E esse temor é o que contribui para vendas mais lentas, tanto de soja, quanto de milho. 

De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os EUA já venderam entre 50% e 55% da soja nova. "Alguns comentários falando em até 60%. O milho está próximo, mas também tinha números maiores em anos anteriores. Os produtores estão lentos nas vendas, também temendo o La Niña. E temos riscos da semana que vem em diante", explica. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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